Um fabuloso jogo de ilusões, alucinações, horror e angústia num thriller hipnótico de David Lynch.
O saxofonista Fred Madison tem uma vida feita de ausências, dúvidas e questões indefiníveis. Vive com a sua bela mulher Renée numa luxuosa casa perto de Los Angeles e a certa altura começa a receber cassetes de vídeo profundamente perturbadoras. Um dia, acorda ao lado do cadáver mutilado da mulher e tudo indica que é ele o assassino. É preso e condenado à morte, mas na sua cela, de forma totalmente inexplicável, outro homem ocupa o seu lugar. Trata-se de Pete Dayton, um jovem garagista, que as autoridades acabam por libertar. Pete retoma a sua vida normal, ainda que perturbada por algumas incoerências e uma estranha sensação de irrealidade. Pete deixa-se seduzir e envolve-se amorosamente com Alice, a namorada de um gangster, que é uma sósia perfeita, em loiro, de Renée. O gangster começa a suspeitar de Alice e esta foge na companhia de Pete. Vão ter a uma cabana no deserto, Alice desaparece e Pete cede agora lugar a Fred.
"Estrada Perdida" é um thriller engenhoso, absorvente e fantástico sobre um saxofonista que aparentemente assassina a mulher, é preso, condenado e substituído em plena prisão por outro homem que se vai envolver com uma sósia da mulher do primeiro. Mas é também a história demencial de um complexo jogo de transferências, aparências, ilusões, alucinações e perplexidades, numa sufocante atmosfera de horror, angústia e violência. Acima de tudo, é uma grande realização de David Lynch, que mais uma vez exibe o seu virtuosismo e mestria na construção de um filme desconcertante e hipnótico. Desconcertante na sua fórmula narrativa, nas delirantes elipses, metáforas e bizarrias e nas suas deliberadas incoerências e manipulações ambíguas. Hipnótico, pelo seu fascinante tratamento visual e sonoro, pelo seu impressionante clima de sensações cruzadas e sobretudo pela dimensão labiríntica de motivações, desejos e sonhos. Tudo isto servido por um elenco admirável, de Patricia Arquette a Bill Pullman, passando por Balthazar Getty, Robert Blake e Robert Loggia.