Uma obra prima de mestre Resnais que marcou o seu tempo e continua a marcar o cinema em qualquer tempo.
Uma atriz francesa está a trabalhar em Hiroxima, no Japão, num filme anti-guerra. Em pouco mais de dia e meio terá de regressar a Paris, mas antes conhece um jovem arquiteto japonês, passa a noite com ele, sente-se profundamente atraída por ele e, no limite, quase apaixonada. O japonês tenta convencê-la a ficar mais uns dias, mas ela sente-se demasiado perturbada para arriscar. Esta relação veio avivar velhas e penosas recordações de um caso de amor com um alemão nos tempos da Ocupação Nazi da França. Em Hiroshima o passado e o presente parecem fundir-se num amargo jogo de ruínas, guerra, atrocidades e angústias pessoais e colectivas.
Rodado entre 1958 e 1959, "Hiroshima, Meu Amor", com argumento de Marguerite Duras e realização de Alain Resnais, é, justamente, considerado como um dos filmes mais importantes do pós-guerra. Todavia, o Festival de Cannes não o seleccionou para a secção competitiva com receio de ofender os americanos. O caso deu origem a um enorme escândalo em que se envolveram nomes sonantes do cinema em defesa de uma obra-prima a vários títulos portentosa. Resnais, que então assinava a sua primeira longa metragem, constrói um filme revolucionário, quer na forma como se serve da escrita cinematográfica para criar uma linguagem nova, em rutura com o cinema tradicional, quer pela forma como trabalha o belíssimo texto de Duras, quer ainda pelo arrojo inovador da "mise en scène" e da montagem. Filme de complexas memórias e justaposições, de um fabuloso lirismo e de uma avassaladora amargura, "Hiroshima, Meu Amor" marcou o seu tempo e continua a marcar o cinema em qualquer tempo.