Francisco Manso adaptou o romance do cabo-verdiano Germano de Almeida e criou uma divertida crónica familiar recheada de piturescas peripécias.
Napumoceno da Silva Araújo, um dos homens mais ricos de Cabo Verde, morre na sua casa do Mindelo na ilha de S. Vicente. A sua desconhecida e insuspeita filha chega para tomar conta da herança e percorre as memórias do pai. Este deixou-lhe uma série de cassetes gravadas em que narra a sua acidentada e apaixonante vida. Desembarcou no Mindelo em 1928 com 15 anos de idade, vindo da ilha de S. Nicolau, e graças a uma série de acasos e à sua personalidade empreendedora, prosperou de forma espectacular. Carlos, o sobrinho de Napumoceno, sempre acreditou ser o seu único e legítimo herdeiro, mas o aperecimento da sua desconhecida prima vem destruir todos os seus sonhos. Mas tal como o tio, Carlos, é um homem de várias artes e muito engenho.
Francisco Manso, um dos mais bem sucedidos documentaristas portugueses, estreou-se na longa metragem de ficção em 1997 com “O Testamento do Senhor Napumoceno”, uma pituresca e divertida adaptação ao cinema do romance do escritor caboverdiano Germano de Almeida, sobre a vida de um homem ao longo de várias décadas em que, graças a acasos da vida e uma forte e empreendedora personalidade, se tornou no homem mais rico de Cabo Verde. Rodado em Cabo Verde e com um elenco misto de caboverdianos, portugueses e brasileiros, onde se destacam as presenças de Nelson Xavier, Maria Ceiça, Chico Diaz e Zézè Motta, “O Testamento do Senhor Napumoceno” é uma crónica agri-doce evocativa da vida e costumes da sociedade de Cabo Verde ao longo das últimas décadas da colonização portuguesa. Destaque ainda para a participação especial de Cesária Évora num filme que recebeu prémios em vários festivais internacionais de cinema, nomeadamente em Gramado no Brasil, em Assunção no Paraguai e em Seia e Santa Maria da Feira em Portugal.