O que tem afinal de bairro este bairro, o único de Lisboa que não precisa de mais nomes?
1950, Bairro Alto. João tem 13 anos e decidiu fazer uma investida no "bairro das prostitutas", em Lisboa. Foi o início de uma nova etapa na sua vida, num bairro que, também ele feito de etapas distintas, foi das prostitutas, da nobreza, dos marinheiros, dos fadistas, dos jornalistas, dos artistas.
Hoje, este bairro que já esteve na frente da urbanização moderna tem como reflexo no espelho um disperso debate público centrado na sua vida noturna. Os residentes que se queixam da multiplicação de bares. Os bares que se queixam da limitação aos seus horários. A imprensa que fala em "droga" e "insegurança". Os jovens da periferia que o invadem. A boémia tertuliana que o deixou. O que tem afinal de bairro este bairro, o único de Lisboa que não precisa de mais nomes?
No ano do 500.º aniversário do Bairro Alto, construímos um mosaico das vozes que o recheiam pelas ruas vazias do dia e pela excitação da noite, entre residentes, comerciantes, turistas e visitantes. Alto Bairro é uma tentativa de inscrever as memórias, expectativas, os sonhos e anseios que o compõem. É uma prenda, mas também um alerta - que a partir da herança deste bairro se reflita na emergente transformação da capital.