Em 2009 assinalou-se 140 anos desde o nascimento e 50 anos desde a morte de Gago Coutinho
Gago Coutinho entrou para a História como navegador na primeira travessia aérea do Atlântico Sul, em 1922, tendo como piloto o seu amigo Sacadura Cabral. A viagem provou que era possível fazer navegação aérea com a mesma precisão da navegação marítima. Foi utilizado um sextante adaptado com horizonte artificial e um corrector de rumos criado por ambos os parceiros de aventura.
Mas Gago Coutinho viveu até aos 90 anos e manteve sempre uma actividade intensa. Ainda antes da aventura aérea, teve uma carreira como oficial de Marinha e como geógrafo. Percorreu milhares de quilómetros a pé em África e em Timor fazendo o levantamento de fronteiras das então colónias portuguesas. E durante diversas viagens a bordo de veleiros, fez estudos aprofundados sobre as rotas dos descobridores portugueses da Escola de Sagres, introduzindo novas interpretações sobre as rotas e as técnicas de navegação utilizadas nas viagens para África, para o Brasilo e para a Índia.
Estes aspectos são abordados no documentário produzido para assinalar o cinquentenário da morte do Almirante, no qual a RTP revela igualmente facetas até aqui menos conhecidas, como alguns problemas com a censura do Estado Novo, a posição crítica em relação ao fascismo e ao nazismo e até os amores de Gago Coutinho.
Este trabalho,contou com a colaboração de Rui Costa Pinto, um investigador que está a preparar o doutoramento sobre a vida e obra de Gago Coutinho e é membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. Contou também com a participação de José Manuel Malhão Pereira, oficial da Armada, Mestre em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa e membro da Academisa de Marinha. Participa igualmente Proença Mendes, actual comandante do Navio-Escola Sagres, onde se continua a ensinar a navegação astronómica desenvolvida por Gago Coutinho. A RTP ouviu também Maria Fernanda Rollo, professora universitária e especialista em História Contemporânea, bem como o adido militar da Embaixada do Brasil em Lisboa, Coronel Waldeísio Ferreira Campos. Recorde-se que a viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral serviu também para assinalar o centenário da independência do Brasil.
Um documentário de Vasco Matos Trigo
Realização de Rui Nunes
Imagem de Carlos Oliveira
Edição de Francisco Sequeira
Produção de Ana Pitas