Uma obra-prima do cinema e da comédia realizada por Jacques Tati
Numa pequena aldeia do centro de França é dia de festa: os feirantes chegam à praça e instala-se um cinema ambulante. É ocasião para os aldeões descobrirem um documentário sobre as proezas dos correios na América. Ridicularizado por toda a aldeia, François, o carteiro, decide aprender a executar o seu trabalho ?à americana?....o que só vai dar confusão.
Em 1948 Jacques Tati estreava-se na longa metragem com um filme memorável, "Há Festa na Aldeia". Desenvolvendo o argumento a partir de ideias experimentadas numa curta metragem do ano anterior Tati assina uma comédia genial, impondo desde logo um estilo inovador e uma linguagem fílmica muito pessoal. O relato das desventuras e do quotidiano de um simpático, prestável, imaginativo mas extremamente desajeitado carteiro de aldeia, permitiu a Tati revelar o seu estilo de comédia irónica e mordaz, alicerçado num prodigioso espírito de observação da realidade circundante. Com esta obra irresistível Tati não só dava um novo rumo ao humor francês no cinema, com essa portentosa capacidade para construir os mais espantosos gags puramente visuais, como criava com o seu inimitável talento para a pantomina um novo tipo de personagem de comédia, neste caso, o alto e desengonçado carteiro de farto bigode que, de forma quase silenciosa e ar de observador perplexo, criava as situações mais hilariantes. Uma espécie de primeiro esboço do fabuloso Hulot que o haveria de imortalizar.
"Há Festa na Aldeia" é uma obra-prima do cinema e da comédia em particular, que Tati realizou de forma tão inovadora e original que ironicamente o distribuidor se recusou a explorar comercialmente o filme e quase arruinou o produtor.
Rodado a preto e branco na origem Tati produziu uma cópia com vários pormenores em alguns planos pintados à mão e em 1995 surgiu uma versão totalmente colorida.