A história de um homem que mata uma mulher devido a uma estúpida questão relacionada com a rega das suas terras, deu a José Viana um dos melhores trabalhos da sua carreira
Numa zona rural e remota, Augusto Henriques mata Conceição das Neves, devido a uma estúpida e velha questão ligada à rega das terras. Augusto entrega-se à polícia e o tribunal condena-o a catorze anos de prisão. Aí vai perder toda a sua ingenuidade ao se confrontar com o universo duro e sufucante da cadeia, e o que é pior, com o oportunismo e a maldade da família. Afinal, apenas a terra é fiel e verdadeira. Mas também essa pode mudar de mãos. Mesmo no fim do Mundo. E o seu desaparecimento é o fim do Mundo para Augusto.
Tratando do tema "Terra" João Mário Grilo assina, provavelmente, o melhor trabalho da sua carreira.
Na verdade "O Fim do Mundo" é um trabalho de uma grande inteligência onde o autor de "O Processo do Rei" consegue ligar subtilmente todos os quatro elementos a partir do "fait divers" de um homem que mata uma mulher devido a uma estúpida questão relacionada com a rega das suas terras. Vai parar á prisão e acaba por perder no fim as terras pelas quais sacrificou a sua vida e liberdade. Uma obra amarga, dura e cruel construída com rara sensibilidade e com um notável domínio plástico. Destaque para as presenças do malogrado Carlos Daniel e de Alexandra Lencastre no elenco dominado por uma magistral interpretação de José Viana no protagonista.