Cabo Verde, Ilha do Fogo, 1963. A história do último descendente de uma antiga família de proprietários da Ilha do Fogo.
Sereno, do alto da varanda do sobrado, na inevitável brancura do seu facto, Eusébio observa tudo com evidente satisfação. Fuma com prazer uma cigarrilha. Bebe um pequeno e bem saboreado trago de grogue. Pousa o copo numa mesinha ao seu lado repleta de copos e garrafas.
Ao fundo, para lá do mar, sobre as brumas da Ilha Brava, o sol começa a aproximar-se do horizonte.
Assim começa a história do último descendente da Ilha de Fogo. Com ele é a própria história da Ilha que nos chega num coro de vozes desencontradas, desejos sem nome, raízes em terra viva, que se entrecruzam num momento em que a história encerra dolorosamente um ciclo e das suas cinzas nasce, na ressaca da memória, um novo olhar de dignidade feito.
Toda a Ilha trabalha, canta e dorme na encosta do vulcão.
Adaptado do romance homónimo de Henrique Teixeira de Sousa