QUANDO A LUZ SE APAGA por Rui Alves

1988 - Final Taça dos Campeões

Desde 1957 que o Benfica é uma presença regular na Taça dos Clubes Campeões Europeus, agora chamada de Liga dos Campeões. Em 1961 e pela primeira vez, o clube de Lisboa marca presença na final da principal prova europeia de clubes.

Estreia auspiciosa, triunfa e sensacionalmente, volta a repetir o feito no ano seguinte. O Bicampeão Europeu repete a presença na final, a terceira consecutiva do clube encarnado, mas o desfecho seria diferente. Seria a primeira das cinco derrotas em finais, que se seguiriam ao longo de mais de 30 anos.

“Todos discutiam e ninguém queria marcar o penálti. Tive de ser eu..." - Veloso

Na memória de qualquer benfiquista está a final perdida em Estugarda, aquela final em que o antigo capitão do clube da luz, Veloso falhou a grande penalidade decisiva. O clube Holandês apoiado pela multinacional Philips conquista, então, a única Taça dos Campeões Europeus (hoje em dia com a designação de Liga dos Campeões) da sua história.

Aquele PSV de Guus Hiddink era uma equipa forte recheada de internacionais, Van Breukelen, Koeman, Vanenburg e Kieft que no Verão seriam campeões da Europa com a Holanda.

Mas foi Veloso que permitiu a defesa ou o mérito foi do guarda-redes que adivinhou o lado para onde a bola ia viajar? A angústia apodera-se de quem marca ou de quem defende? O pontapé livre na marca dos onze metros é uma forma justa de decidir o vencedor ou não?

Ou terá sido a maldição lançada pelo Húngaro Bela Guttman, treinador que por duas vezes consecutivas foi campeão europeu pelo Benfica?

Vamos a factos, pelo lado Holandês, o guarda-redes Breukelen é um herói porque conseguiu evitar o golo dando a vitória à sua equipa. A necessidade de recorrer às grandes penalidades é um castigo para as duas equipas e para os seus treinadores, 120 minutos não foram suficientes para descobrir o objetivo de um jogo de futebol, o golo!

Veloso foi o jogador que mais vezes vestiu a camisola benfiquista, fez 535 jogos ao longo de 15 épocas, conquistando: 7 Campeonatos Nacionais,6 Taças de Portugal e 3 Supertaças.

Azar ou maldição, Veloso será sempre lembrado pelo falhanço da grande penalidade na final de 1988 e não que o clube da Luz sofreu a quarta derrota consecutiva em finais da Taça dos Campeões Europeus.

"E se não fosse eu a decidir-me pela marcação do penálti a esta hora ainda lá estávamos", brinca António Veloso.