OLHA PARA ELE! por Rui Alves

Áustria/Portugal

Depois do sucesso que foi a presença da selecção de Portugal no Mundial de 66 e no Euro 84, baqueando só nas meias finas dos dois Campeonatos, seguindo-se uma presença envergonhada no Mundial de 86, é preciso esperar, desesperar para ver mais uma geração talentosa de futebolistas nacionais competir com as melhores selecções da Europa.

Os falhanços nas campanhas de qualificação para os Mundiais de 90 e 94 e para o Euro 92 marca a ferro e fogo o período de 12 anos em que o futebol Português esteve ausente das principais competições ao nível da sua selecção principal, mas havia esperança, em 1989 e 1991, Portugal brilhava no campeão do mundo de juniores (jogadores até aos 19 anos) conquistando e logo por duas vezes, o título de Campeão do Mundo.

A soma dessas duas selecções, reforçadas com jogadores mais experientes, faz com que um dia, Portugal esteja à penúltima jornada, a sonhar (como dizia o antigo seleccionador José Torres) com a presença na final do Campeonato da Europa de 1996. A esta geração, mais tarde chamada de ouro, desloca-se a Viena para defrontar a selecção Austríaca.

As contas são fáceis de fazer, a selecção das quinas não pode perder, aos 20 minutos, balde de água fria, tudo parecia encaminhar-se para o fado Português, equipa com excelentes jogadores mas incapazes de dar seguimento ao seu talento.

O intervalo veio, António Oliveira, seleccionador nacional e antigo jogador, um dos mais brilhantes de sempre do futebol Português e que nunca marcou presença no Campeonato da Europa, apela aos jogadores, talvez dando o seu exemplo. Poucos minutos, apenas quatro tinham passado do regresso ao relvado do Ernst-Happel, quando Paulinho Santos cola a bola ao seu pé direito, não olha para mais ninguém e faz uma jogada à Messi (para os mais jovens), à Maradona (para os menos jovens), à Cruyff (para os mais velhos do que eu), com simulações de corpo, Paulinho esconde a bola e deixa para trás três atónicos Austríacos e já dentro da alma adversária, desfere o golpe mortal.

Este jogador natural de Caxinas, conhecido como muito temperamental, agressivo com os seus adversários, marca um golão! O empate é o desenlace final, o Inglaterra 96 seria um sonho conquistado depois da vitória no último jogo frente à República da Irlanda.

Desde esse dia, desde esse golo, a selecção não falha um Campeonato da Europa, perde até uma final disputada em Lisboa, quando treinada por um Brasileiro, mas sagra-se Campeã da Europa com um treinador Português, nos comandos da equipa nacional.