O PORTUGUÊS QUE CHEGOU AO TETO DO MUNDO, por Rui Alves

Alpinista português, João Garcia nasce em 1968, na capital portuguesa. Apaixona-se pelo alpinismo aos 16 anos quando inicia a escalada em rocha na Serra da Estrela, depois de ter conhecido este desporto através do Clube de Montanhismo da Guarda.

No início da década de 90, cumpre uma comissão de serviço no Quartel Supremo das Forças Aliadas na Bélgica e intensifica a sua atividade nos Alpes.

Em 1993, viaja até ao Tibete para integrar a expedição internacional ao monte Cho-Oyo com 8201 metros. Alcança o cume sem recorrer ao oxigénio (artificial) e, no ano seguinte, decide repetir a façanha, desta feita ao monte Dhaulagiri com 8167 metros, no Nepal.

É o primeiro português a escalar duas montanhas com mais de oito mil metros de altitude sem usar máscara de oxigénio.

Em 1997 tentaria, pela primeira vez, escalar o Monte Evereste (8848 metros), dos Himalaias. E que tinha sido pisado pela primeira vez em 1956, pelo inglês Sir Edmund Hillary, mas o mau tempo esconde o caminho para chegar ao topo.

Corajoso, voltaria a tentar no ano seguinte, mas o vento que se fazia sentir obriga o alpinista lisboeta a voltar para trás quando faltavam “apenas” 350 metros.

Até que, no dia 18 de maio de 1999, juntamente com o belga Pascal Debrouwer, João Garcia com 31 anos torna-se no primeiro português a chegar ao teto do mundo e, mais uma vez, sem recorrer ao oxigénio.

No entanto, a tragédia viria a atingir esta dupla de alpinistas, Debrouwer cai numa ravina durante a descida e morre. O português sofre queimaduras de segundo e terceiro grau e, é internado em Saragoça num hospital especializado, onde lhe amputaram alguns dedos de uma mão.

João Garcia entra assim num clube restrito de alpinistas que subiram ao monte mais alto do mundo e que é composto por oito centenas de pessoas, inscrevendo o seu nome entre as seis dezenas de escaladores que lá chegaram sem oxigénio.