“Parti à meia-noite e trinta e apanhei água fria” Baptista Pereira

Desde do século XIX que a travessia a nado do Canal da Mancha constitui um desafio para os mais audazes. Segundo a lenda o primeiro aventureiro terá sido o fiel súbito Inglês Mattew Weeb que no ano de 1875 terá conseguido tal feito.

Quase oitenta anos depois, o desporto Português regista uma das maiores proezas de sempre. Baptista Pereira vence a travessia do Canal a 21 de agosto de 1954. Para além da temperatura muito fria das águas do Atlântico e da longa distância de 34 quilómetros que separam as Costas Francesa da Inglesa, o nadador natural de Alhandra foi o mais rápido deixando para trás 15 atletas de 11 nações. Esta aventura que põe à prova a coragem dos nadadores, faz parte do calendário das provas internacionais de natação desde do final da Segunda Guerra Mundial.

Várias vezes recordista nacional dos 1500 metros, Baptista Pereira nascido e criado no Rio Tejo tem pela frente o crocodilo do Nilo o grande favorito à vitória. O Português não se deixa atemorizar com o vencedor de 51, o Egípcio Hassan Hamad e ultrapassada a primeira meia hora está na frente. O mar que, entretanto, se tinha agitado não foi o principal problema do nadador Português, mas sim, o ter andado perdido e à procura do barco de apoio.

“Fui ultrapassado por alguns adversários, mas assim que encontrei o barco, lancei-me em perseguição e consegui ultrapassá-los”.

É o primeiro a alcançar as rochas brancas de Dover no sul de Inglaterra, a grande prova de resistência é feita em 12 horas e 25 minutos.

Nas ruas da pequena aldeia, a fadista Hermínia Silva faz parte de uma multidão emocionada que recebe em festa, junto ao Tejo, O Herói de Alhandra e foi neste rio que cinco anos mais tarde, Joaquim Baptista Pereira bate o recorde da Europa em permanência e distância, o nadador percorreu 206 quilómetros durante 28 horas e 43 minutos.