O HÉRCULES PORTUGUÊS por Rui Alves

Recordamos Albano Taborda Curto Esteves, escrito assim, poucos ou ninguém saberão de quem se trata, mas se dissermos “Tarzan Taborda”, alguns, esboçando um sorriso, recordar o primeiro português de luta livre americana, nos dias de hoje mais conhecido como wrestling.

Começa no futebol, como tantos outros jovens, mas uma lesão acaba por aproximá-lo da luta greco-romana. Devido ao caparro de que dispunha, chega a ser alcunhado de “pré-histórico”.

Tarzan Taborda aprende depressa as manhas da luta livre e desenvolve um golpe que utilizaria para derrotar os seus adversários, virava-se de costas, mergulhava para o tapete, esticava as pernas, acertando com os pés o queixo do seu oponente...

O ‘cabedal’ de Taborda destaca-se na década de 60 do século passado, tendo sido Campeão do Mundo por cinco vezes e Campeão da Europa em quatro ocasiões. A partir dos anos 70, a encenação começa a ser assumida. O espetáculo, atlético e circense, substitui a palavra luta.

Tarzan brilha como nunca ao ser segundo classificado no concurso Mister Europa, faz de bailarino no Lido de Paris e duplo de cinema em Hollywood, onde contracena com Brigitte Bardot, Alain Delon, John Wayne e Robert Mitchum.

Nos seus mais de quatro mil combates coleciona algumas vitórias dignas de um Hércules, obtendo a fama mundial, até que, em 1981, abandona a competição.

Na noite da derradeira luta, o Coliseu dos Recreios apresenta uma neblina espessa do fumo do tabaco, Tarzan luta sucessivamente com um argentino, um chinês, um belga, um estranho de Máscara Negra e um Índio que tinha aparecido ali, nas Portas de Santo Antão.

Adorado por uns, ignorado por outros, é inegável o seu contributo para a popularidade da modalidade em Portugal, seria ainda comentador da RTP no programa de wrestling dos fins-de-semana de manhã, ficando célebres termos como "volteio", "dupla patada", "manchete”.