GOMES SILENCIA CEM MIL por Rui Alves

“Uma final não cai do céu, tem de ser procurada” Artur Jorge, treinador do FC Porto

Pela primeira vez presente na meia-final da principal prova Europeia de Clubes, o FC Porto triunfa pela margem mínima no primeiro jogo disputado no Estádio das Antas, a vitória por duas bolas a uma, não dá um grande conforto. Do outro lado está aquela que é selecção da URSS, a formação do Dínamo para além de partilhar o treinador tem nove titulares na equipa Soviética.

A viagem até Kiev é feita com alguma apreensão, se até então, os adversários dos portistas foram eliminados sem pôr em causa a melhor qualidade da equipa do FC Porto, as lesões que, entretanto, surgiram nos habituais titulares da equipa portista, limitam as escolhas do treinador portista Artur Jorge.

Casagrande, internacional Brasileiro, na eliminatória frente ao Brondby da Dinamarca, lesiona-se de uma forma arrepiante, apercebendo-se da gravidade, vira-se para o banco portista e em pânico faz o gesto de que tem a perna partida, o médio Jaime Pacheco continua a não estra nas melhores condições.

Mas, havia alguém na equipa portista com uma motivação extra, Paulo Futre, joga tudo por tudo nestes dois jogos com o Dínamo, o apuramento para a final pode valer ao esquerdino o adiar do serviço militar obrigatório.

A equipa do bloco de Leste, vencedora da Taça dos Vencedores das Taças na época anterior, é apontada com uma das grandes favoritas à conquista do troféu da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987.

À frente desta superequipa está o lendário treinador Valery Lobanovsky, impotente vê o primeiro golo portista logo na madrugada fria do desafio e passado pouco tempo, o Estádio Olímpico congela quando Fernando Gomes, de cabeça marca o segundo golo, silenciando mais de cem mil adeptos do Dínamo de Kiev.

O Bibota de Ouro é a imagem da felicidade e o golo revela-se fundamental para a equipa portista, faltam ainda, 80 minutos para a presença na tão desejada final de Viena, mas com a preciosa ajuda do avançado portista dificilmente poderia escapar.

No entanto, o contentamento do capitão portista é brutalmente interrompido. Em mais um treino e a dez dias da desejada final, fractura o perónio e a tíbia da perna direita, o lugar que parecia garantido na equipa é então, trocado pelo sofá da sua casa, Gomes assiste pela RTP, às peripécias de um jogo e ao triunfo dos companheiros de equipa, conquistando também, o título de Campeão Europeu.