“GANDA” BIGODE por Rui Alves

1985 - RFA/Portugal

Na década de 80, os bigodes invadiram os rostos do futebol português, foi uma época abundante em pelos.

Para quem não se lembra, dos onze da equipa base do Benfica campeão nacional de 1984, a farta pilosidade apresentada no lábio superior, está presente na cara dos oito e muito orgulhosos jogadores. E que dizer do bigode pujante do treinador campeão europeu pelo FC Porto, Artur Jorge.

O sucesso de tal ostentação, sairia reforçada quando o Professor Carlos Queiroz viria a conquistar os dois títulos mundiais.

“Ganda” bigode é uma frase empregue no futebol nacional do século passado e era utilizada quando os jogadores adversários eram surpreendidos por uma diabrura, isto é, um gesto artístico que ludibriava qualquer um ou por um golo que não era de todo previsível.

O seleccionador nacional, José Torres afagando o seu bigode, pedia para o deixarem sonhar com o apuramento de Portugal para o Mundial de 86. A selecção das quinas obrigada a vencer o último jogo e assim carimbar o passaporte para o Pais onde existe o maior número de bigodes por metro quadrado, México.

O sonho passava por vencer uma selecção que só tinha uma vaga ideia da derrota, é preciso recuar 36 anos para encontrar a última derrota da Alemanha em casa e quando a 2ª parte do encontro caminhava para o seu fim, Carlos Manuel, um dos médios mais deslumbrantes da história do futebol Português, arranca como uma locomotiva da CP, cheio de energia e com um excelente domínio de bola, qualidades que naquele tempo se diziam inconciliáveis o que faz dele, o médio protótipo do futebol moderno, e quando se aproxima da grande área alemã resolve rematar.

Na direcção certa, a baliza alemã, a bola sobe, estabiliza a uma distância razoável do relvado, devora metros atrás de metros, são poucos segundos de voo, uma eternidade para quem está a ver… Carlos Manuel com o seu grande bigode acredita...