DEPOIS DA PRATA E BRONZE, O DESEJADO OURO! por Rui Alves

A única Portuguesa que subiu aos três degraus do pódio em Mundiais de Corta-Mato é natural de Miragaia, bairro de gente humilde da zona ribeirinha do Porto. É a mais nova de oito irmãos, não estuda muito porque cedo começou a trabalhar para ajudar no sustento da família. Com sacos de figos à cabeça, trabalho árduo a que se juntava o horror das ruas íngremes da Sé.

Mesmo com o estafante trabalho de carrejona, Albertina Dias nunca largou o Núcleo de Atletismo da Esperança para onde tinha entrado com apenas 10 anos de idade e é o atletismo que lhe muda a vida. Em terras francesas, Albertina sobe ao segundo degrau do pódio do Mundial de Corta-Mato de 1990.

Depois de ter conquistado o primeiro título de campeã nacional, a atleta da cidade do Porto, apresenta-se em Boston para correr o Mundial de 1992. Albertina demonstra que é uma mulher que não se deixa abater, o terceiro lugar foi alcançado, correndo com a temperatura abaixo de zero e no último quilómetro não sente as mãos, estavam geladas. As dores são insuportáveis para qualquer um, menos para a Albertina e que mal termina a corrida em terras do tio Sam, promete que vai alcançar o tanto desejado ouro.

Em 1993, é de novo campeã nacional e apresenta-se para o Mundial do mesmo ano como a grande favorita e cumpre a promessa feita, por uma vez deixa para trás a americana Jennings que nas duas últimas edições tinha teimosamente ocupado o lugar mais alto do pódio.

Albertina tinha finalmente completado a sua colecção de medalhas, primeiro com a prata, depois o bronze e por fim aquela que é feita do metal mais precioso.