DEFESAS QUE SÃO GOLOS! por Rui Alves

A 11 de Setembro de 1988, com 18 anos de idade, Victor Baía estreia-se como titular da equipa principal do FC Porto, 27 meses depois, veste a camisola número 1 da selecção das quinas e é até 2018, o guarda-redes com mais internacionalizações.

No Campeonato da Europa de 1996, Baía eleito como o melhor guarda-redes de 2004, é um digno sucessor de Bento que tanto brilhou no Euro de 1984.

À entrada para a última jornada, um empate basta contra a Croácia. No entanto, em tarde de grande inspiração, Figo, João Pinto e Domingos, autores dos três golos que colocam um ponto final na questão do apuramento, garantindo o 1º lugar do Grupo D à frente da campeã europeia em título, Dinamarca.

As linhas anteriores, podiam ser muito bem o resumo do terceiro jogo da fase final do Campeonato da Europa de 1996. Mas como resumo que é, limitado muitas vezes pelas tais linhas que se tem para se escrever ou os poucos minutos que se tem para o resumo televisivo, algumas das jogadas, algumas das defesas que naquele preciso momento foram importantes para manter o resultado inalterável, permanecerão para sempre no esquecimento.

Os três golos para um resumo televisivo, ocupam muitos segundos, as defesas do guarda-redes só irão deslumbrar se e só se, ainda restar alguns desses segundos.

O resultado da selecção nacional contra a sua congénere Croata é enganador, porque só contabiliza os golos em que a bola ultrapassa a linha de baliza e não aquelas defesas onde o golo parecia desfecho mais certo e que não entra devido à intervenção de um último jogador que dá pelo nome de guarda-redes.

Este jogo é um exemplo flagrante como os guarda-redes são na grande maioria dos casos esquecidos quando existe um resultado volumoso. Vamos então a factos: depois do primeiro golo, Vítor Baía, um dos melhores ou mesmo o melhor guarda-redes Português de sempre, evita com uma defesa incrível o golo do empate Croata, dando alento a uma equipa que marca o segundo golo, para logo de seguida com uma defesa impossível anular a reação adversária.

O intervalo veio com a vantagem Lusitana que se vai mantendo até faltarem 10 minutos para o final de encontro e é neste preciso momento que Vítor Baía, nega mais uma vez e de uma forma soberba o golo, a confiança demonstrada pelo guardião passa para os nossos avançados que dois minutos depois fixam o resultado.

A diferença só não é maior porque as defesas que são golos não contam!