AMEN por Rui Alves

Com um ano de atraso, a supertaça Cândido de Oliveira de 1991 é decidida no Municipal de Coimbra. Rivalidade com mais de oito décadas, FC Porto e Benfica decidem o primeiro troféu da época, mas para isso acontecer é necessário mais um desafio, já que os dois clubes estão empatados após dois jogos.

Depois de ter visto o título fugir para o adversário, dois golos de César Brito, no Estádio das Antas a abarrotar de gente, fez do Benfica Campeão, o FC Porto contenta-se com a vitória na Taça de Portugal.

Pinto da Costa, presidente portista, que entretanto já tinha vingado tal insolência do clube da luz, conquistando o campeonato nacional de 1992, espera que esta finalíssima seja a grande oportunidade de recuperar o orgulho perdido, mas tal tarefa revela-se bastante difícil de executar. O Presidente do clube da cidade invicta vai provando as várias emoções impostas pelo adversário de uma vida.

Da longa finalíssima, com direito a um sermão de 30 minutos, sobra o empate, é necessário a prova de fé, a marcação de grandes penalidades. O Benfica chega a ter uma vantagem de três golos mas Pinto da Costa, cristão devoto, acredita na redenção, mesmo quando os seus correligionários já abandonaram a esperança. A fé na reviravolta da desvantagem faz com que Pinto da Costa permita à televisão captar tal gesto e não tendo mais nenhum recurso terreno, reza. A prece nunca se saberá se foi ouvida, mas o que é um facto é que poucos minutos passaram para Pinto da Costa se prostrar de joelhos e no relvado agradecer, a quem? Só ele sabe. Ação significativa que outros, anos mais tarde, repetiriam mas não com o mesmo resultado.