A PROVA NACIONAL MAIS ANTIGA, por Rui Alves

Cascais-Lisboa é, sem qualquer dúvida, a mais antiga estafeta portuguesa, realizada desde 1933...

A prova foi idealizada pelo Conselho Técnico da Associação de Atletismo de Lisboa, a que assistia Alberto Freitas. Nos esclarecimentos prévios, o também jornalista informava que “a divisão da corrida em estafetas simplificava a tarefa dos corredores, daria mais animação à prova e obrigaria os clubes a trabalhar, porque necessitariam de apresentar equipas de cinco homens”.

Para a primeira edição, que Alberto Freitas nunca contou como tal, foram projetados cinco percursos que totalizavam 27.800 metros: Cascais-Parede (6200 m), Parede-Paço de Arcos (6300 m), Paço de Arcos-Algés (5900 m), Algés-Av. da Índia (5700 m) e Av. da Índia-Terreiro do Paço (3700 m). Porém, a corrida acabou na Avenida da Índia, ao que consta porque, à última da hora, as autoridades não autorizaram a chegada ao Terreiro do Paço. Não foi apresentada qualquer justificação para o caso.

Esta edição zero, realizada a 24 de abril de 1932, fez a concentração dos atletas no Terreiro do Paço. A Associação faz então um apelo surpreendente, pede aos automobilistas que por ali passam para transportar os atletas até Cascais.

Apresentaram-se oito as equipas de quatro clubes (três do Benfica, duas do Sporting e dos Vendedores de Jornais e uma do Probidade), e a partida foi dada às 14.50 horas, com vinte minutos de atraso.

O Benfica era considerado o favorito e foi acompanhado pelos seus adeptos, em grande número, que se deslocaram de automóvel ou de bicicleta. O “herói” da estafeta acabaria por ser o mais jovem atleta da equipa vencedora, Armindo Farinha, tornando fácil a vitória do Benfica.

O despique entre os dois clubes da Segunda Circular fez com que prova tenha tido um grande entusiasmo popular e a Estafeta foi durante muitos anos a primeira prova da época de atletismo na estrada.

Em 1966, a 32ª edição foi marcada pela luta emocionante, decidida apenas no troço derradeiro e a favor dos benfiquistas, mercê de uma corrida excelente de Anacleto Pinto. A equipa das “águias” venceu os “leões” que se apresentaram desfalcados do tricampeão nacional de corta-mato Manuel Oliveira.