O “Gramofone” desta semana navega pelas águas do heavy metal nacional, tendo como anfitriões os V12. Editaram apenas um álbum, em 1990, mas ficaram na história como uma das raras bandas de então a tentar o género de forma séria entre nós, incorporando músicos que viriam a dar cartas até aos dias de hoje e em géneros bem distintos.

A banda tinha sido formada em meados da década de 80 e contava nesta altura com Jorge Martins, Ruy Fingers, Paulo Ossos, Zé Paulo e Alberto Garcia. Este último e Fingers tinham antes integrado o projecto experimental Ocaso Épico, que já passou aqui pelo “Gramofone”, e Garcia tocava também com os Rádio Macau. Fingers tornar-se-ia ainda colaborador regular de Paulo Gonzo, além de manter uma carreira já longa como técnico de som e produtor.

No início da década de 1980, outros cultores do metal nacional como os NZZN ou os Vasco da Gama tinham já gravado em português, mas os V12 têm o mérito de terem sido os primeiros a cantar na nossa língua e a assinar com uma multinacional – a PolyGram, que na mesma altura publica também o segundo álbum dos Tarantula, um dos nomes maiores do heavy metal lusitano.

O álbum homónimo dos V12, onde encontramos esta música “Sol da Lua” - aqui apresentada ao vivo no programa da RTP “Mapa Cor de Rock” -, contou com produção de Emanuel Ramalho, ex-Corpo Diplomático e ex-Street Kids. Entre varios originais, o álbum inclui "Negócio das Almas", sob poema de Jorge de Sena e também com música dos V12, mostrando um dos cruzamentos possíveis entre o universo da literatura portuguesa e o rock considerado mais pesado.