TERESA SIQUEIRA por João Carlos Callixto
27 Ago 1979 - "Recado a Lisboa"
A história do fado tem inúmeras vozes que, por diversos motivos, foram ficando esquecidos para o grande público mas que, para a comunidade mais indefectível, são nomes a reter sempre. Em alguns casos, deixaram legados discográficos com alguma dimensão e noutros apenas um disco foi a sua marca (como aconteceu com Francisco Stoffel, no final dos anos 60). A voragem do tempo nem sempre é justa mas, por vezes, volta a equilibrar os pratos da balança. Hoje, no “Gramofone”, a voz em destaque é assim a de Teresa Siqueira, que em nome próprio apenas deixou três discos, entre 1975 e 1990. Mas há decerto mais por descobrir desta voz que deu novos fados ao fado, nem que seja por via da sua filha Carminho, actualmente um dos nomes mais destacados da música portuguesa.
Nascida a 6 de Março de 1953, em Lisboa, Teresa Siqueira traz linhagens fadistas (é prima de Maria Teresa de Noronha, de Vicente da Câmara ou de Frei Hermano da Câmara) e aristocráticas (é quinta neta do rei D. João VI). Começando a sua voz a encantar ainda na juventude, junto da família, a sua estreia em disco surge aliás com uma composição com letra do seu tio José Archer de Carvalho: “Saudade Espuma do Mar”. Estávamos em 1974 e essa gravação surge no álbum “Uma Noite no D. Rodrigo”, editado pela Zip-Zip, e onde encontramos também as vozes de Carlos Zel ou do próprio Rodrigo, proprietário da casa de fados D. Rodrigo. Teresa Siqueira teria aliás também percurso na área, estando durante mais de dez anos à frente da Taverna do Embuçado, em Alfama.
O primeiro disco em nome próprio da fadista é publicado em 1975, pela firma portuense Rádio Triunfo, na sua já histórica etiqueta Alvorada. Acompanhada pelo Conjunto de Guitarras de António Chainho, aqui encontramos desde logo o fado que dá nome a esse EP de estreia: “Se Não Fosse a Poesia”, com letra precisamente do poeta (e actor) Vasco de Lima Couto. Sempre ancorada no fado tradicional, encontramos também de novo a presença familiar de José Archer de Carvalho, autor de “Contradição” (música de Armando Machado). No disco seguinte, de 1976, apenas o fado de abertura (“Estrada, com letra de Manuel Andrade, morto aos 22 anos, em 1966, num acidente de carro em Lisboa) não traz música de António Chainho. O poeta em todas as outras composições, João Fezas Vital, tinha surgido pela primeira vez em disco na voz de João Braga, também na década anterior.
E é precisamente João Braga o apresentador do programa “Fado Vadio” de onde vêm estas imagens de Teresa Siqueira. Gravado ainda em 1978, a bordo de um cacilheiro, seria transmitido só no Verão do ano seguinte, já depois da morte em Fevereiro do guitarrista José Nunes. Ao seu lado, estava José Inácio, que tinha acompanhado, entre outras, a voz de Hermínia Silva. “Recado a Lisboa” é um verdadeiro clássico do fado, com letra de João Villaret e música de Armando Rodrigues, e que, entre tantas gravações desde os anos 50, foi recentemente recriado pela voz de António Vasco Moraes no seu segundo álbum, “Silêncio”, em 2016.
Após uma participação no disco conceptual “O Nazareno”, de Frei Hermano da Câmara, em 1978 (em que faz o papel da noiva), Teresa Siqueira só voltaria a editar em 1990. Nesse ano, para além de cantar com João Braga versos de Fernando Pessoa no disco deste “Terra de Fados”, chega também um muito aguardado álbum. “Fado Antigo”, o seu único longa duração até à actualidade, traz uma equipa de músicos de primeira água (José Luís Nobre Costa, Pedro da Veiga, Jaime Santos Júnior e Joel Pina) e velhos e novos fados. Neste último capítulo, destacam-se “Diário” (com música de João Braga) e “A Festa É de Lisboa” (letra e música de Mário Moniz Pereira). Do reportório de Amália, marca aqui presença “Lá
Porque Tens Cinco Pedras”, ao lado de vários poemas de António Calém (desaparecido nesse mesmo ano de 1990) e ainda um de Manuel Alegre (autor da preferência de João Braga, produtor do disco da fadista). E, daí para cá, os desencontros do fado deixaram ouvir por vezes Teresa Siqueira ao vivo mas não mais em disco – quem sabe se o futuro decidirá de outra forma!
Nascida a 6 de Março de 1953, em Lisboa, Teresa Siqueira traz linhagens fadistas (é prima de Maria Teresa de Noronha, de Vicente da Câmara ou de Frei Hermano da Câmara) e aristocráticas (é quinta neta do rei D. João VI). Começando a sua voz a encantar ainda na juventude, junto da família, a sua estreia em disco surge aliás com uma composição com letra do seu tio José Archer de Carvalho: “Saudade Espuma do Mar”. Estávamos em 1974 e essa gravação surge no álbum “Uma Noite no D. Rodrigo”, editado pela Zip-Zip, e onde encontramos também as vozes de Carlos Zel ou do próprio Rodrigo, proprietário da casa de fados D. Rodrigo. Teresa Siqueira teria aliás também percurso na área, estando durante mais de dez anos à frente da Taverna do Embuçado, em Alfama.
O primeiro disco em nome próprio da fadista é publicado em 1975, pela firma portuense Rádio Triunfo, na sua já histórica etiqueta Alvorada. Acompanhada pelo Conjunto de Guitarras de António Chainho, aqui encontramos desde logo o fado que dá nome a esse EP de estreia: “Se Não Fosse a Poesia”, com letra precisamente do poeta (e actor) Vasco de Lima Couto. Sempre ancorada no fado tradicional, encontramos também de novo a presença familiar de José Archer de Carvalho, autor de “Contradição” (música de Armando Machado). No disco seguinte, de 1976, apenas o fado de abertura (“Estrada, com letra de Manuel Andrade, morto aos 22 anos, em 1966, num acidente de carro em Lisboa) não traz música de António Chainho. O poeta em todas as outras composições, João Fezas Vital, tinha surgido pela primeira vez em disco na voz de João Braga, também na década anterior.
E é precisamente João Braga o apresentador do programa “Fado Vadio” de onde vêm estas imagens de Teresa Siqueira. Gravado ainda em 1978, a bordo de um cacilheiro, seria transmitido só no Verão do ano seguinte, já depois da morte em Fevereiro do guitarrista José Nunes. Ao seu lado, estava José Inácio, que tinha acompanhado, entre outras, a voz de Hermínia Silva. “Recado a Lisboa” é um verdadeiro clássico do fado, com letra de João Villaret e música de Armando Rodrigues, e que, entre tantas gravações desde os anos 50, foi recentemente recriado pela voz de António Vasco Moraes no seu segundo álbum, “Silêncio”, em 2016.
Após uma participação no disco conceptual “O Nazareno”, de Frei Hermano da Câmara, em 1978 (em que faz o papel da noiva), Teresa Siqueira só voltaria a editar em 1990. Nesse ano, para além de cantar com João Braga versos de Fernando Pessoa no disco deste “Terra de Fados”, chega também um muito aguardado álbum. “Fado Antigo”, o seu único longa duração até à actualidade, traz uma equipa de músicos de primeira água (José Luís Nobre Costa, Pedro da Veiga, Jaime Santos Júnior e Joel Pina) e velhos e novos fados. Neste último capítulo, destacam-se “Diário” (com música de João Braga) e “A Festa É de Lisboa” (letra e música de Mário Moniz Pereira). Do reportório de Amália, marca aqui presença “Lá
Porque Tens Cinco Pedras”, ao lado de vários poemas de António Calém (desaparecido nesse mesmo ano de 1990) e ainda um de Manuel Alegre (autor da preferência de João Braga, produtor do disco da fadista). E, daí para cá, os desencontros do fado deixaram ouvir por vezes Teresa Siqueira ao vivo mas não mais em disco – quem sabe se o futuro decidirá de outra forma!