SÉRGIO WONDER por João Carlos Callixto
19 Jul 1971 - "Saved by the Bell"
O panorama artístico de Moçambique nos anos 60 e 70, nos últimos tempos antes da independência, está ainda em grande medida por estudar e merece-o de facto. Em termos musicais, havia um grande intercâmbio nos dois sentidos com a África do Sul, onde os artistas de Moçambique que mais se destacavam acabavam por se apresentar e gravar discos – sendo que os cantores e grupos de maior sucesso do país austral eram também bem populares em Moçambique.
O nosso cantor neste “Gramofone” tornou-se conhecido ao assinar como Sérgio Wonder, nome que adoptaria no início de 1970 ao saber que na então metrópole havia já um fadista chamado Fernando Manuel – os seus nomes próprios e com os quais começou o seu percurso. Com efeito, ao recuarmos a 1967, encontramos um jovem de 19 anos a gravar o seu primeiro disco e logo pela RCA Victor sul-africana. Sendo co-autor de algumas das canções, a faixa que dava título ao EP (“Eu Solitário”) trazia letra do jornalista Guilherme de Melo e música do maestro Artur Fonseca, permitindo assim ao cantor estrear-se logo de forma destacada.
Entre 1967 e 1969, sucedem-se vários discos no percurso do ainda Fernando Manuel. Entre originais (como “A Tua Pulseira”, “Iovanka” ou “Polka pour Nathalie”) ou versões (de “Release Me”, popularizado por Engelbert Humperdinck em 1967; de “O Vento Mudou”, com que o angolano Eduardo Nascimento ganhara o Festival RTP da Canção também de 1967; de “La Mama”, de Charles Aznavour; ou ainda de “I'll Never Fall in Love Again”, popularizado por Johnny Mathis em 1969), o seu caminho decorre em simultâneo com o do sul-africano Madi Nelson – então vocalista do grupo Goldfingers. Juntos, formam um duo vocal em 1969 e no ano seguinte vêm para a então metrópole, sendo recebidos com bastante atenção pelo meio artístico da época.
Discograficamente, Sérgio & Madi estreiam-se em 1971, de novo pela mão da RCA Victor – distribuída em Portugal pela Telectra – e com duas canções de José Cid. No mesmo ano, gravam um disco de versões, já pela Riso & Ritmo, naqueles que são os primeiros passos de uma carreira com altos e baixos mas que se prolongaria até 1990. As imagens deste “Gramofone” vêm do programa "Um Dia com...", gravado com o duo mas em que os cantores surgem também a solo. Esta versão da canção de Robin Gibb, dos Bee Gees, nunca foi gravada em disco por nenhum dos dois, sendo que Sérgio Wonder só volta a editar em nome próprio em 1980, com o single “Eu Amo”. No mesmo ano, Madi concorre ao Festival da Canção com “Lição de Português”, co-assinada por António Sala (um dos colaboradores habituais do duo).
Em 1985, Sérgio Wonder grava uma versão de “My Cherie Amour”, a canção de 1969 do americano Stevie Wonder a quem foi buscar o apelido artístico. Dois anos depois, o álbum "Ai Se os Meus Olhos Falassem" contou com direcção musical de Shegundo Galarza e com uma série de versões de êxitos portugueses dos anos 50 e 60 – como a canção-título, popularizada por Tristão da Silva; “Maria Helena”, popularizada por Rui de Mascarenhas ou “A Mãe”, um sucesso de 1966 do Conjunto de Oliveira Muge. A morte chegaria muito prematuramente, apenas aos 46 anos, em Abril de 1994, deixando o percurso de mais de 25 anos de Sérgio Wonder espalhado por diversas editoras e pouco conhecido hoje em dia, quer a solo quer em duo.
O nosso cantor neste “Gramofone” tornou-se conhecido ao assinar como Sérgio Wonder, nome que adoptaria no início de 1970 ao saber que na então metrópole havia já um fadista chamado Fernando Manuel – os seus nomes próprios e com os quais começou o seu percurso. Com efeito, ao recuarmos a 1967, encontramos um jovem de 19 anos a gravar o seu primeiro disco e logo pela RCA Victor sul-africana. Sendo co-autor de algumas das canções, a faixa que dava título ao EP (“Eu Solitário”) trazia letra do jornalista Guilherme de Melo e música do maestro Artur Fonseca, permitindo assim ao cantor estrear-se logo de forma destacada.
Entre 1967 e 1969, sucedem-se vários discos no percurso do ainda Fernando Manuel. Entre originais (como “A Tua Pulseira”, “Iovanka” ou “Polka pour Nathalie”) ou versões (de “Release Me”, popularizado por Engelbert Humperdinck em 1967; de “O Vento Mudou”, com que o angolano Eduardo Nascimento ganhara o Festival RTP da Canção também de 1967; de “La Mama”, de Charles Aznavour; ou ainda de “I'll Never Fall in Love Again”, popularizado por Johnny Mathis em 1969), o seu caminho decorre em simultâneo com o do sul-africano Madi Nelson – então vocalista do grupo Goldfingers. Juntos, formam um duo vocal em 1969 e no ano seguinte vêm para a então metrópole, sendo recebidos com bastante atenção pelo meio artístico da época.
Discograficamente, Sérgio & Madi estreiam-se em 1971, de novo pela mão da RCA Victor – distribuída em Portugal pela Telectra – e com duas canções de José Cid. No mesmo ano, gravam um disco de versões, já pela Riso & Ritmo, naqueles que são os primeiros passos de uma carreira com altos e baixos mas que se prolongaria até 1990. As imagens deste “Gramofone” vêm do programa "Um Dia com...", gravado com o duo mas em que os cantores surgem também a solo. Esta versão da canção de Robin Gibb, dos Bee Gees, nunca foi gravada em disco por nenhum dos dois, sendo que Sérgio Wonder só volta a editar em nome próprio em 1980, com o single “Eu Amo”. No mesmo ano, Madi concorre ao Festival da Canção com “Lição de Português”, co-assinada por António Sala (um dos colaboradores habituais do duo).
Em 1985, Sérgio Wonder grava uma versão de “My Cherie Amour”, a canção de 1969 do americano Stevie Wonder a quem foi buscar o apelido artístico. Dois anos depois, o álbum "Ai Se os Meus Olhos Falassem" contou com direcção musical de Shegundo Galarza e com uma série de versões de êxitos portugueses dos anos 50 e 60 – como a canção-título, popularizada por Tristão da Silva; “Maria Helena”, popularizada por Rui de Mascarenhas ou “A Mãe”, um sucesso de 1966 do Conjunto de Oliveira Muge. A morte chegaria muito prematuramente, apenas aos 46 anos, em Abril de 1994, deixando o percurso de mais de 25 anos de Sérgio Wonder espalhado por diversas editoras e pouco conhecido hoje em dia, quer a solo quer em duo.