SALADA DE FRUTAS por João Carlos Callixto
15 Nov 1980 - "Shuy the Shock"
O boom do rock português de 1980 foi um momento catalizador na indústria musical portuguesa. Se os anos anteriores, especialmente depois de 1974, vinham preparando o caminho para uma mudança de paradigmas a vários níveis e para uma cada vez maior profissionalização e solidificação do meio, o sucesso dos UHF e de Rui Veloso vem finalmente provar que o rock português tinha definitivamente atingido a maioridade e que podia vender-se em quantidades assinaláveis. É precisamente nesse ano de 1980 que se forma um grupo que veio a dar cartas nos primeiros anos da década, construindo um percurso curto mas seguro e que ainda hoje continua a prender quem o escuta com atenção. Falo da Salada de Frutas, que começou por ser um trio mas que com mudanças na formação se veio a afirmar também como quinteto e a perder as “frutas” pelo caminho.
Luís Pedro Fonseca e Zé da Ponte, que colaboravam frequentemente e que tinham integrado o grupo Diadágua e o projecto ad-hoc Férias (com presença no Festival da Canção de 1977), chamam a voz de Lena d’Água (que tinha já editado em 1979 os seus primeiros trabalhos em nome próprio) para um novo projecto musical. Tinha sido aliás com direcção musical dos dois primeiros que a cantora tinha trabalhado no seu álbum de estreia, “Qual É Coisa Qual É Ela?”, editado pelo mesmo selo Rossil que viria a assinar contrato com o grupo Salada de Frutas – o nome escolhido pelo trio.
O primeiro álbum, “Sem Açúcar”, trouxe a edição também de duas das canções em single: “Como Se Eu Fosse Tua”, de Luís Pedro Fonseca e Zé da Ponte, e precisamente este “Shuy the Shock” de hoje - escrito por Zica, então membro dos NZZN mas que era um antigo companheiro de aventuras musicais de Luís Pedro. Ao lado do trio fundador, surgem nesse primeiro como convidados três músicos já de peso: Rui Cardoso, nome ligado ao jazz português e que tinha integrado o grupo Sindicato (ao lado de Jorge Palma e Rão Kyao); Guilherme Inês, que fora baterista dos Zoo, dos Chinchilas, do Objectivo e do Quarteto 1111; e José Moz Carrapa, que integrara o Circo da Vida e fizera parte, ao lado de Guilherme Inês, da banda de José Cid. Os três surgem nesta actuação no programa "Eu Show Nico", de Nicolau Breyner, onde apresentam também “Como Se Eu Fosse Tua”.
Mas seria já em 1981 que o grande sucesso chega para a Salada de Frutas. A edição do single com “Robot”, em Maio, mostra toda a energia do grupo, ainda para mais com o potente “Armagedom” no lado B. O final do Verão, no entanto, trouxe uma cisão na sequência da actuação do grupo na Festa do Avante: Lena d’Água é afastada do grupo, que pretende seguir um novo caminho musical, e Luís Pedro Fonseca segue com ela. Juntam-se então Zé Nabo e Carlos Pereira, que logo depois daria lugar a Quico Serrano, do Porto. A nova Salada de Frutas grava então em Novembro de 1981 na Holanda o álbum “Se Cá Nevasse”, cujo single com a mesma canção seria outro grande sucesso. Carlos Tê ou Mário Zambujal, nas letras, e Né Ladeiras, na voz, são três dos colaboradores do grupo nesse trabalho, que depois de uma edição em CD há muito esgotada conheceu agora uma nova reedição, mais uma vez em formato LP. A Salada de Frutas encurtaria então o nome para Salada e grava no Angel Studio, em Lisboa, o álbum "Crime Perfeito", em 1982. A formação mantinha-se mas a veia mais experimental aqui patente faz pensar no que poderia ter sido o percurso do grupo caso o final não tivesse chegado logo depois – com todos os músicos a trilharem percursos bem distintos nas décadas seguintes.
Luís Pedro Fonseca e Zé da Ponte, que colaboravam frequentemente e que tinham integrado o grupo Diadágua e o projecto ad-hoc Férias (com presença no Festival da Canção de 1977), chamam a voz de Lena d’Água (que tinha já editado em 1979 os seus primeiros trabalhos em nome próprio) para um novo projecto musical. Tinha sido aliás com direcção musical dos dois primeiros que a cantora tinha trabalhado no seu álbum de estreia, “Qual É Coisa Qual É Ela?”, editado pelo mesmo selo Rossil que viria a assinar contrato com o grupo Salada de Frutas – o nome escolhido pelo trio.
O primeiro álbum, “Sem Açúcar”, trouxe a edição também de duas das canções em single: “Como Se Eu Fosse Tua”, de Luís Pedro Fonseca e Zé da Ponte, e precisamente este “Shuy the Shock” de hoje - escrito por Zica, então membro dos NZZN mas que era um antigo companheiro de aventuras musicais de Luís Pedro. Ao lado do trio fundador, surgem nesse primeiro como convidados três músicos já de peso: Rui Cardoso, nome ligado ao jazz português e que tinha integrado o grupo Sindicato (ao lado de Jorge Palma e Rão Kyao); Guilherme Inês, que fora baterista dos Zoo, dos Chinchilas, do Objectivo e do Quarteto 1111; e José Moz Carrapa, que integrara o Circo da Vida e fizera parte, ao lado de Guilherme Inês, da banda de José Cid. Os três surgem nesta actuação no programa "Eu Show Nico", de Nicolau Breyner, onde apresentam também “Como Se Eu Fosse Tua”.
Mas seria já em 1981 que o grande sucesso chega para a Salada de Frutas. A edição do single com “Robot”, em Maio, mostra toda a energia do grupo, ainda para mais com o potente “Armagedom” no lado B. O final do Verão, no entanto, trouxe uma cisão na sequência da actuação do grupo na Festa do Avante: Lena d’Água é afastada do grupo, que pretende seguir um novo caminho musical, e Luís Pedro Fonseca segue com ela. Juntam-se então Zé Nabo e Carlos Pereira, que logo depois daria lugar a Quico Serrano, do Porto. A nova Salada de Frutas grava então em Novembro de 1981 na Holanda o álbum “Se Cá Nevasse”, cujo single com a mesma canção seria outro grande sucesso. Carlos Tê ou Mário Zambujal, nas letras, e Né Ladeiras, na voz, são três dos colaboradores do grupo nesse trabalho, que depois de uma edição em CD há muito esgotada conheceu agora uma nova reedição, mais uma vez em formato LP. A Salada de Frutas encurtaria então o nome para Salada e grava no Angel Studio, em Lisboa, o álbum "Crime Perfeito", em 1982. A formação mantinha-se mas a veia mais experimental aqui patente faz pensar no que poderia ter sido o percurso do grupo caso o final não tivesse chegado logo depois – com todos os músicos a trilharem percursos bem distintos nas décadas seguintes.