RUY MOURA GUEDES por João Carlos Callixto
20 JUL 1975 "Criança Portuguesa"
Se os apelidos Moura Guedes no meio musical dizem pouco à generalidade do público, quando isso acontece será quase sempre em associação com a jornalista Manuela Moura Guedes – que teve uma curta carreira musical entre finais da década de 1970 e inícios da de 1980. Mas hoje trazemos ao “Gramofone” um outro membro desta família com raízes em Torres Vedras: o seu tio Ruy Moura Guedes, num momento em 1975 do também curto percurso musical deste.
Advogado, especializando-se mais tarde em Direito do Ambiente, ainda antes de terminar o curso em 1963 Ruy Moura Guedes tinha já começado a publicar poesia em livro. “Queda sem Sombra”, em 1961, foi a sua estreia, trazendo uma escrita que mostrava alguma irreverência para a época. Dois anos depois, é reeditado este livro e é dada à estampa uma segunda obra, “Cidade dos Girassóis”. Se o primeiro tinha saído pela chancela lisboeta Novo Horizonte, desta vez era a portuense Saturno que publicava o jovem autor. “Escondam as Mãos”, em 1964, é o livro seguinte, saindo na mesma altura um conto seu na antologia “Contos Portugueses”, da Editorial Técnica e Artística. Seguir-se-ia um silêncio de uma década, até que o 25 de Abril traz de novo o poeta mas também o apresenta numa nova vertente: a de cantor.
Assim, 1974 vê a publicação do livro “Poemas da Revolução” e do primeiro de quatro discos de Ruy Moura Guedes. Abrindo precisamente com “Criança Portuguesa”, este single de estreia do poeta e cantor chegou a alcançar bastante sucesso na rádio. A Phonogram (depois PolyGram), sua editora, confiou os arranjos a dois nomes estrangeiros então radicados por cá: o francês Daniel Louis (que seguiria depois carreira em Espanha, ao lado nomeadamente dos Barrabas, e entretanto já falecido), e o escocês Mike Sergeant (que continua em Portugal até aos dias de hoje). Este último seria, aliás, autor das músicas de algumas das canções gravadas por Ruy Moura Guedes – mas “Criança Portuguesa”, como “Cantemos Todos”, o lado B deste primeiro single, tinha música de Jorge Vieira.
Com a mesma equipa, é publicado pouco depois um single com “Para Hoje” e “Trabalhador”. Estávamos no entanto já em 1975, ano deste momento gravado para a RTP. O programa de música e humor “Bobi”, que estreara nesse Verão Quente e trazia autoria de uma equipa que incluía António Avelar de Pinho e Nuno Rodrigues (os dois “cérebros” da Banda do Casaco), apresentava Ruy Moura Guedes através de videoclips para algumas das suas canções. Ainda no mesmo ano, a Phonogram publica-lhe o terceiro disco, com “Soldado Português” e “Carta a um Emigrante”. Desta vez, os arranjos ficariam apenas a cargo de Mike Sergeant. O último trabalho, sempre em formato single, chega em 1976, e traz as canções “Oferta” e “Alazão”. Ruy de Moura Guedes, que nunca tinha abandonado o trabalho na sua área de formação, surge depois ligado a estruturas como a Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras e o Grupo de Amigos de Torres Vedras, sendo pai de Guta Moura Guedes (co-fundadora da Experimenta Design). O seu percurso musical, entre a canção pop e a canção de intervenção, circunscreveu-se assim a um período de dois anos e nunca conheceu quaisquer reedições até aos dias de hoje. Aqui fica, para novas “crianças portuguesas”!
Advogado, especializando-se mais tarde em Direito do Ambiente, ainda antes de terminar o curso em 1963 Ruy Moura Guedes tinha já começado a publicar poesia em livro. “Queda sem Sombra”, em 1961, foi a sua estreia, trazendo uma escrita que mostrava alguma irreverência para a época. Dois anos depois, é reeditado este livro e é dada à estampa uma segunda obra, “Cidade dos Girassóis”. Se o primeiro tinha saído pela chancela lisboeta Novo Horizonte, desta vez era a portuense Saturno que publicava o jovem autor. “Escondam as Mãos”, em 1964, é o livro seguinte, saindo na mesma altura um conto seu na antologia “Contos Portugueses”, da Editorial Técnica e Artística. Seguir-se-ia um silêncio de uma década, até que o 25 de Abril traz de novo o poeta mas também o apresenta numa nova vertente: a de cantor.
Assim, 1974 vê a publicação do livro “Poemas da Revolução” e do primeiro de quatro discos de Ruy Moura Guedes. Abrindo precisamente com “Criança Portuguesa”, este single de estreia do poeta e cantor chegou a alcançar bastante sucesso na rádio. A Phonogram (depois PolyGram), sua editora, confiou os arranjos a dois nomes estrangeiros então radicados por cá: o francês Daniel Louis (que seguiria depois carreira em Espanha, ao lado nomeadamente dos Barrabas, e entretanto já falecido), e o escocês Mike Sergeant (que continua em Portugal até aos dias de hoje). Este último seria, aliás, autor das músicas de algumas das canções gravadas por Ruy Moura Guedes – mas “Criança Portuguesa”, como “Cantemos Todos”, o lado B deste primeiro single, tinha música de Jorge Vieira.
Com a mesma equipa, é publicado pouco depois um single com “Para Hoje” e “Trabalhador”. Estávamos no entanto já em 1975, ano deste momento gravado para a RTP. O programa de música e humor “Bobi”, que estreara nesse Verão Quente e trazia autoria de uma equipa que incluía António Avelar de Pinho e Nuno Rodrigues (os dois “cérebros” da Banda do Casaco), apresentava Ruy Moura Guedes através de videoclips para algumas das suas canções. Ainda no mesmo ano, a Phonogram publica-lhe o terceiro disco, com “Soldado Português” e “Carta a um Emigrante”. Desta vez, os arranjos ficariam apenas a cargo de Mike Sergeant. O último trabalho, sempre em formato single, chega em 1976, e traz as canções “Oferta” e “Alazão”. Ruy de Moura Guedes, que nunca tinha abandonado o trabalho na sua área de formação, surge depois ligado a estruturas como a Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras e o Grupo de Amigos de Torres Vedras, sendo pai de Guta Moura Guedes (co-fundadora da Experimenta Design). O seu percurso musical, entre a canção pop e a canção de intervenção, circunscreveu-se assim a um período de dois anos e nunca conheceu quaisquer reedições até aos dias de hoje. Aqui fica, para novas “crianças portuguesas”!