RODRIGO por João Carlos Callixto
31 Dez 1975 - "Coentros e Rabanetes"
Se muitas vezes se tem falado e escrito sobre os revezes do fado no período imediatamente posterior ao 25 de Abril, há um nome que nessa altura não só passou praticamente incólume às aparentes mudanças de gosto como conheceu aliás uma grande popularidade quer antes quer depois de 1974. Falo de Rodrigo, que surgira como artista do catálogo da Valentim de Carvalho em 1972 e que desde logo alcançou um enorme sucesso. Mas é preciso recuarmos a 1962 para conhecermos o seu primeiro momento em disco, então ainda gravado como integrante de um grupo: o quinteto Os Cinco Reis, ao lado de Jorge Barradas, que seguiria percurso também na área do fado. Constituído maioritariamente por versões de canções estrangeiras (como o tema do filme “Pepe”), nesse trabalho encontramos também a nacional “Canção ao Porto”, que em 1960 o seu autor Artur Ribeiro tinha levado ao 3.º lugar no 1.º Festival Hispano-Português de Aranda do Douro.
Nos dez anos seguintes, Rodrigo trabalhou um pouco por toda a Europa, tendo no entanto já mostrado os seus dotes no âmbito do fado. Mas só em 1972 publica pela primeira vez em nome próprio, alcançando sucesso com os primeiros três EPs: “A Última Tourada Real de Salvaterra”, “Meu Desejo sobre o Mar” e “Renascer”. Com acompanhamento no primeiro de Jorge Fontes e de Júlio Gomes, nos outros dois encontrou logo um seu parceiro para a vida: o guitarrista António Parreira. Em termos de autores, merece aqui relevo o nome de Carlos Alberto França (quer como letrista quer como autor da música) e ainda o do letrista João Dias. O primeiro álbum, “Eu Sou Povo e Canto Esperança”, é publicado em 1974 e acaba por tematicamente se enquadrar no que então mais se ouvia nas rádios. Essa relação é mais marcada no disco seguinte, um EP com “Povo Acima dos Partidos” ou “Meu País Recém-Nascido” (ambas também gravadas por Nuno de Aguiar), e em que o acompamento era de António Chainho – com quem Rodrigo trabalhara em disco pela primeira vez no álbum de 1974.
A grande popularidade do fadista leva-o a tentar outras aventuras: quer em termos empresariais, com a abertura do forte Dom Rodrigo, em Birre, que se torna uma das grandes referências nas noites fadistas da Linha de Cascais; quer em termos discográficos, como se verá. Neste último campo, após a publicação em 1975 ainda pela Valentim de Carvalho do LP “Nada É Pobre Quando É Povo” (letra de Vasco de Lima Couto, música de António Chaínho), passa meteoricamente pelo selo editorial Interdisco (aí deixando um single e um LP, neste caso com título certeiro “A Voz do Presente com o Timbre do Passado”). Mas seria na Imavox, onde começa a publicar em 1976, que passa os dois anos seguintes. Entre singles e álbuns, aí edita um derradeiro EP, “A Última Fragata”, onde encontramos este icónico “Coentros e Rabanetes” aqui em destaque no “Gramofone”. O seu autor, Jorge Atayde, é outro dos nomes mais cantados por Rodrigo, tendo no entanto escrito também para as vozes de Maria Armanda, Ada de Castro ou Vasco Rafael. A RTP capta aqui Rodrigo ao vivo num programa especial de fim de ano gravado ao vivo no Teatro Villaret, em Lisboa.
Segue-se em 1978 nova mudança discográfica na carreira de Rodrigo, desta vez para a Rossil, onde grava outro dos seus ex-libris, o icónico “Cais do Sodré” (letra de Eduardo Olímpio, música de Paco Bandeira). Nomes tão distintos como Nóbrega e Sousa, Carlos Paião, Pedro Osório, José Mário Branco, Luís Pedro Fonseca, Paulo de Carvalho, Tozé Brito ou Vitorino escreveram para o fadista ao longo da década de 1980, mantendo a sua presença sempre junto do grande público e tornando-o numa das vozes que mais trabalhos tem gravado. Apesar de dispersa por várias editoras, nada mal iria o meio editorial nacional se reunisse esta obra e a divulgasse de forma cabal aos ouvintes mais jovens e que de Rodrigo conhecem muitas vezes mais a aura merecida de grande fadista do que as gravações de um percurso de quase 50 anos a solo.
Nos dez anos seguintes, Rodrigo trabalhou um pouco por toda a Europa, tendo no entanto já mostrado os seus dotes no âmbito do fado. Mas só em 1972 publica pela primeira vez em nome próprio, alcançando sucesso com os primeiros três EPs: “A Última Tourada Real de Salvaterra”, “Meu Desejo sobre o Mar” e “Renascer”. Com acompanhamento no primeiro de Jorge Fontes e de Júlio Gomes, nos outros dois encontrou logo um seu parceiro para a vida: o guitarrista António Parreira. Em termos de autores, merece aqui relevo o nome de Carlos Alberto França (quer como letrista quer como autor da música) e ainda o do letrista João Dias. O primeiro álbum, “Eu Sou Povo e Canto Esperança”, é publicado em 1974 e acaba por tematicamente se enquadrar no que então mais se ouvia nas rádios. Essa relação é mais marcada no disco seguinte, um EP com “Povo Acima dos Partidos” ou “Meu País Recém-Nascido” (ambas também gravadas por Nuno de Aguiar), e em que o acompamento era de António Chainho – com quem Rodrigo trabalhara em disco pela primeira vez no álbum de 1974.
A grande popularidade do fadista leva-o a tentar outras aventuras: quer em termos empresariais, com a abertura do forte Dom Rodrigo, em Birre, que se torna uma das grandes referências nas noites fadistas da Linha de Cascais; quer em termos discográficos, como se verá. Neste último campo, após a publicação em 1975 ainda pela Valentim de Carvalho do LP “Nada É Pobre Quando É Povo” (letra de Vasco de Lima Couto, música de António Chaínho), passa meteoricamente pelo selo editorial Interdisco (aí deixando um single e um LP, neste caso com título certeiro “A Voz do Presente com o Timbre do Passado”). Mas seria na Imavox, onde começa a publicar em 1976, que passa os dois anos seguintes. Entre singles e álbuns, aí edita um derradeiro EP, “A Última Fragata”, onde encontramos este icónico “Coentros e Rabanetes” aqui em destaque no “Gramofone”. O seu autor, Jorge Atayde, é outro dos nomes mais cantados por Rodrigo, tendo no entanto escrito também para as vozes de Maria Armanda, Ada de Castro ou Vasco Rafael. A RTP capta aqui Rodrigo ao vivo num programa especial de fim de ano gravado ao vivo no Teatro Villaret, em Lisboa.
Segue-se em 1978 nova mudança discográfica na carreira de Rodrigo, desta vez para a Rossil, onde grava outro dos seus ex-libris, o icónico “Cais do Sodré” (letra de Eduardo Olímpio, música de Paco Bandeira). Nomes tão distintos como Nóbrega e Sousa, Carlos Paião, Pedro Osório, José Mário Branco, Luís Pedro Fonseca, Paulo de Carvalho, Tozé Brito ou Vitorino escreveram para o fadista ao longo da década de 1980, mantendo a sua presença sempre junto do grande público e tornando-o numa das vozes que mais trabalhos tem gravado. Apesar de dispersa por várias editoras, nada mal iria o meio editorial nacional se reunisse esta obra e a divulgasse de forma cabal aos ouvintes mais jovens e que de Rodrigo conhecem muitas vezes mais a aura merecida de grande fadista do que as gravações de um percurso de quase 50 anos a solo.