RITA RIBEIRO, por João Carlos Callixto

7 Mar 1984 - "Notícias Vêm, Notícias Vão"

O nome e o talento de Rita Ribeiro são bem conhecidos de todos como actriz – mas ela é também cantora, com percurso desde os anos 70 e que na realidade nunca foi interrompido. É essa a vertente da sua carreira em destaque neste “Gramofone”, em que celebramos uma das suas passagens pelo Festival RTP da Canção. Estávamos em 1984, ano em que uma greve de músicos levou a RTP a recorrer a playbacks em vez do então habitual acompanhamento orquestral ao vivo e em que a vitória sorriria a Maria Guinot com “Silêncio e Tanta Gente” – única canção em que a intérprete se acompanhava a si própria. O modelo desse ano do Festival previa a apresentação de dezasseis canções, das quais as seis mais votadas da noite passariam à super-final. Rita Ribeiro ficou em 12.º lugar, logo atrás das Doce, e o percurso de “Notícias Vêm, Notícias Vão” (com letra de António Tavares Teles, música de Tozé Brito e arranjo de Ramón Galarza) não conheceria qualquer outro episódio, nem sequer uma “simples” e justificada edição discográfica.



Na realidade, Rita Ribeiro surgira pela primeira vez no Festival RTP da Canção em 1974. Integrada nos Green Windows, cantaria “No Dia em Que o Rei Fez Anos” e “Imagens” ao lado de José Cid, Mike Sergeant, António Moniz Pereira, Vítor Mamede e Maria Armanda. Depois de gravar ainda o single “Quadras Populares”, a cantora e actriz abandona o grupo e centra-se no teatro, nesse ano de estreia do musical “Godspell” entre nós. Em 1977, dá-se então um duplo regresso aos discos: por um lado, a solo, com um EP que abria com “Viva o Fruto” e que trazia quatro canções do também actor Andrade e Silva; por outro, como fundadora do trio vocal Cocktail, ao lado de Maria Viana e de Ágata (que assinava na altura com o seu próprio nome, Fernanda de Sousa), e que editam então “O Que Passou, Passou”.



Ficando nas Cocktail até 1979, não sem participar de novo no Festival RTP da Canção com o trio e a canção “Amanhã Virás”, Rita Ribeiro regressa nesse ano aos discos em nome próprio com o single “Tango”, em que tanto essa canção como “O Nosso Amor”, o lado B, traziam a assinatura de Pedro Bandeira Freire (letras) e Paco Bandeira (músicas). Logo depois, sai novo single, desta vez com dois originais de José Cid - “Uma Luz na Escuridão” e “Palco da Vida” - e com direcção de Thilo Krasmann.



Em 1980, mudando-se da editora estatal Imavox para a portuense Vadeca, Rita Ribeiro grava em single duas canções da revista “Ó Patego, Olha o Balão”, de César de Oliveira e João de Vasconcelos: "Eu Sou Lisboa" e "Menino da Luz". "À Porta do Teatro", de 1981, traz como convidado especial Fernando Curado Ribeiro, pai da cantora, e traz de novo a escrita de José Cid. Em 1984, "Sim, Senhor Amor" (com "Má Língua" no lado B, tendo ambas as canções letra de António Avelar de Pinho e música de Tozé Brito) foi o último dos discos regulares de Rita Ribeiro. Com a carreira de actriz a tomar a dianteira, seria apenas já no século XXI que voltaria aos discos - primeiro em 2001, com o CD do espectáculo "Amar Amália", e dois anos depois com "Deixo-me Ir Atrás do Fado", onde Dina, Fernando Girão, Jorge Palma ou José Cid escrevem canções para ela, maioritariamente com letras de Tiago Torres da Silva.