QUINTETO ACADÉMICO por João Carlos Callixto
26 Nov 1966 - "Reach Out I'll Be There"
Em 1960, formava-se um dos mais importantes e duradouros grupos musicais em Portugal: o Quinteto Académico, que hoje revisitamos aqui no “Gramofone”. Com a soul, a folk, os rhythm’n’blues, o psicadelismo e outros géneros a fazerem parte do seu caldeirão sonoro, o grupo conheceu diversas formações ao longo de cerca de uma década de actividade.
Na primeira metade do seu percurso, actuaram em festas um pouco por todo o país, tornando-se em músicos bem calejados e prontos para o que desse e viesse. Pelas fileiras do Quinteto Académico, e até 1967, foram passando músicos como Daniel Gouveia, Carlos Carvalho, Pedro Osório, Jean Sarbib ou Adrien Ransy. Mário Assis Ferreira, durante anos administrador do Casino Estoril, foi primeiro guitarrista e depois agente do grupo, funções que executou com mestria reconhecida por todos os seus pares até ao final do trajecto do Quinteto Académico.
No saxofone, José Manuel Fonseca foi o único membro presente do início ao fim, gravando também todos os seis registos discográficos que constituem o legado musical do grupo. Sempre na Valentim de Carvalho, o primeiro destes chega em Março de 1966. Juntava um original de Daniel Gouveia, o instrumental de influências arábicas “Abdulah” e três versões de temas internacionais.
É à beira da edição do seu segundo disco que encontramos o Quinteto Académico hoje. Na altura, a RTP estreara o programa “Discorama”, com apresentação de Carlos Cruz, e onde a música moderna feita dentro e fora do país era semanalmente divulgada. Aqui se produziram alguns dos primeiros videoclips nacionais, como acabou por ser o caso da música de hoje.
Passeando pelas ruas de Lisboa, o grupo apresenta a sua versão de “Reach Out I’ll Be There”, sucesso então recente dos americanos Four Tops, e que dava título precisamente ao segundo disco do Quinteto Académico. Nele encontramos mais versões, tanto para o lado soul como para o lado da pop music de então, e mais uma vez um original, “Nobody Else”, da autoria do guitarrista Carlos Carvalho e com letra de José Alberto Diogo, também colaborador habitual dos Sheiks.
Após um terceiro disco, em 1967, o grupo muda radicalmente de formação e passa a chamar-se Quinteto Académico + 2. Engloba vários músicos estrangeiros, começando desde logo pelo cantor, Earl Jordan, e grava aquele que será o grande sucesso da sua carreira: “Judy in Disguise”, em 1968. Esta versão dos americanos John Fred & His Playboy Band acaba por se tornar mais popular em alguns países da Europa do que a original, sendo editada em single internacionalmente.
Nessa fase final, ainda passariam pelo grupo músicos como Mike Sergeant ou Dany Silva, ambos com carreiras distintas e reconhecidas até aos dias de hoje. Mas voltemos a 1966!