PATXI ANDIÓN por João Carlos Callixto
28 Dez 1978 - "El Maestro"
A música espanhola, tal como a francesa e a italiana, era bastante popular em Portugal até à década de 1970. A partir da segunda metade da mesma, no entanto, apenas alguns nomes mantiveram entre nós essa presença na rádio, na televisão e em disco, cabendo naturalmente destacar no caso espanhol Julio Iglesias como referência maior até à actualidade. Patxi Andión, a nossa voz de hoje, começou a sua carreira na mesma altura que este (em finais da década de 1960) e foi sem qualquer dúvida um dos mais populares cantautores do país vizinho, até à sua morte num acidente de viação em Dezembro de 2019.
De origem basca, estreou-se nos discos em 1968 com as canções "Canto" e "La Jacinta", em single, sendo a segunda destas depois incluída no seu álbum de estreia, "Retratos", editado no ano seguinte.
Em Junho de 1969, toca pela primeira vez em Portugal, no histórico programa “Zip-Zip”, da RTP, começando aí a sua relação de enorme cumplicidade com o nosso país. No seu último álbum, “La Hora Lobicán”, de 2018, Patxi canta aliás o poema “Vaga no Azul Amplo, Solta”, de Fernando Pessoa, por si musicada e que em 2007 tinha já entregue a Ana Moura.
Outra cantora portuguesa, Tonicha, gravara também em 1972 um EP com versões portuguesas feitas por José Carlos Ary dos Santos de canções de Patxi Andión, contando com arranjos de Thilo Krasmann. A popularidade de Patxi está também patente num disco então editado de uma voz hoje desconhecida - Chico Jorge, de Setúbal, que chegou a concorrer ao Festival da Canção de 1974 - e que incluiu num dos seus primeiros discos uma versão portuguesa de “La Jacinta”, com letra de António José (adaptador habitual dos sucessos de Marco Paulo). Mas também cantores espanhóis bem diversificados davam então outras vozes a canções de Patxi, como os populares Alberto Cortez e Mari Trini ou Bherta, com fugaz presença em disco.
“El Maestro”, a canção deste “Gramofone”, faz parte do álbum "A Donde el Agua", de 1973, o quinto de estúdio do cantautor. Abria com "Una, Dos y Trés", juntamente com a qual seria precisamente publicada em single, e que seria uma das canções mais icónicas de Patxi. Estes foram, aliás, anos bem preenchidos em termos de produção musical, com novos trabalhos a serem editados anualmente, entre eles a banda sonora do filme “El Libro de Buen Amor”, em 1975.
A ligação de Patxi Andión a Portugal tinha-o trazido ao Encontro da Canção Popular, em Março de 1974, evento onde fora escolhida “Grândola Vila Morena” como segunda senha para a revolução de Abril. Sempre solidário, o cantautor espanhol surge aqui em 1978 numa actuação em Cascais, na festa de aniversário do jornal "A Voz do Povo", sendo as imagens do programa da RTP "Semi-Breves", de Jaime Fernandes, João David Nunes e João Filipe Barbosa.