NUNO DE AGUIAR por João Carlos Callixto
20 Ago 1979 - "Lembras-te Mãe"
O fado volta hoje ao “Gramofone” através da voz de um dos seus cultores mais castiços: Nuno de Aguiar. Ainda no final de 2021 comemorou os seus 70 anos de fado e 80 de vida, uma vez que começou a cantá-lo logo em criança, chegando a apresentar-se ao vivo na Rádio Graça com 15 anos. Esse espectáculo emotivo e repleto de convidados realizou-se na Voz do Operário, no mesmo bairro da Graça onde Nuno de Aguiar nasceu em 1941. Seria, no entanto, apenas depois do serviço militar que uma editora discográfica lhe propõe gravar comercialmente: foi então pelo selo Estúdio, de Emílio Mateus, que se estreou em 1968. Se esse percurso começava aparentemente mais tarde do que era e é ainda comum, o nosso fadista rapidamente trocou as voltas ao destino, tornando-se numa das vozes do género mais gravadas de sempre, sendo requisitado por várias editoras de forma frenética e regular. No século XXI, tem continuado a gravar, sendo disso marca “Meu Disco, Meu Fado”, de 2006, ou um novo álbum que se prepara para apresentar em 2022.
Quando o primeiro disco surgiu nos escaparates das discotecas, com o título “Fados Antigos”, talvez não se imaginasse o enorme sucesso que viria a alcançar. No entanto, o próprio título não correspondia exactamente à verdade, já que desde logo o êxito em que se viria a transformar “Bairro Alto” era uma composição nova, com letra de Carlos Neves e música do próprio Nuno de Aguiar. No entanto, por combinação entre ambos, surgiria como autor da melodia o nome do guitarrista Francisco Carvalhinho, ficando assente que só após a morte deste o fadista poderia revelar a sua verdadeira autoria. Assim, ao longo das décadas que se seguiram, sempre Carvalhinho surgiu com o crédito na canção, como na tão conhecida versão de Carlos do Carmo.
Nunca assinando em exclusividade com nenhuma editora discográfica, ao fim de quatro discos publicados na Estúdio (até 1970, e onde foi também acompanhado por nomes como Carlos Gonçalves ou Martinho d’Assunção, para além do próprio Carvalhinho), Nuno de Aguiar grava então para o selo nortenho Roda. Primeiro ao lado da sua companheira Adriana Franco, com direito a duas desgarradas, e depois apenas em nome próprio, continua aqui a sua veia autoral já iniciada nos discos anteriores. Logo depois, em 1972, surge na editora espanhola Marfer com um curioso single onde encontramos uma versão em jeito de fado de “Le Métèque”, o sucesso de 1969 de Georges Moustaki – aqui transformado em “Onde o Sol Faz Melhor Vinho”, com letra de António Pires Moliceiro.
Radicado depois em Moçambique, Nuno de Aguiar não se faz rogado e aí grava em 1973 para o selo Afro-Som um EP com “A Minha Rua”, onde é acompanhado, entre outros, por Carlos Macedo. Mas passando por Angola logo a Valentim de Carvalho lhe oferece a possibilidade de gravar várias composições. Surgem assim entre 1973 e 1974 EPs e singles nos selos Decca e N’Gola, que não viriam a ser publicados na então metrópole. Por cá, surgia na mesma altura o primeiro álbum do fadista com canções originais, publicado no selo FF, da Riso e Ritmo, e onde um dos guitarristas é António Chainho.
“Lembras-te Mãe”, o fado aqui trazido a este “Gramofone”, tem autoria de Jorge Atayde e foi gravado em 1982 por Pedro Lisboa. O próprio Nuno de Aguiar gravá-lo-ia duas vezes, primeiro para o selo Metro-Som e já em 1988 num single publicado pela Discossete. Nestas imagens de 1979, vêmo-lo a cantar no Forte Dom Rodrigo, em Birre, sendo captado para o programa "Fado Vadio" - apresentado precisamente por Rodrigo.
Quando o primeiro disco surgiu nos escaparates das discotecas, com o título “Fados Antigos”, talvez não se imaginasse o enorme sucesso que viria a alcançar. No entanto, o próprio título não correspondia exactamente à verdade, já que desde logo o êxito em que se viria a transformar “Bairro Alto” era uma composição nova, com letra de Carlos Neves e música do próprio Nuno de Aguiar. No entanto, por combinação entre ambos, surgiria como autor da melodia o nome do guitarrista Francisco Carvalhinho, ficando assente que só após a morte deste o fadista poderia revelar a sua verdadeira autoria. Assim, ao longo das décadas que se seguiram, sempre Carvalhinho surgiu com o crédito na canção, como na tão conhecida versão de Carlos do Carmo.
Nunca assinando em exclusividade com nenhuma editora discográfica, ao fim de quatro discos publicados na Estúdio (até 1970, e onde foi também acompanhado por nomes como Carlos Gonçalves ou Martinho d’Assunção, para além do próprio Carvalhinho), Nuno de Aguiar grava então para o selo nortenho Roda. Primeiro ao lado da sua companheira Adriana Franco, com direito a duas desgarradas, e depois apenas em nome próprio, continua aqui a sua veia autoral já iniciada nos discos anteriores. Logo depois, em 1972, surge na editora espanhola Marfer com um curioso single onde encontramos uma versão em jeito de fado de “Le Métèque”, o sucesso de 1969 de Georges Moustaki – aqui transformado em “Onde o Sol Faz Melhor Vinho”, com letra de António Pires Moliceiro.
Radicado depois em Moçambique, Nuno de Aguiar não se faz rogado e aí grava em 1973 para o selo Afro-Som um EP com “A Minha Rua”, onde é acompanhado, entre outros, por Carlos Macedo. Mas passando por Angola logo a Valentim de Carvalho lhe oferece a possibilidade de gravar várias composições. Surgem assim entre 1973 e 1974 EPs e singles nos selos Decca e N’Gola, que não viriam a ser publicados na então metrópole. Por cá, surgia na mesma altura o primeiro álbum do fadista com canções originais, publicado no selo FF, da Riso e Ritmo, e onde um dos guitarristas é António Chainho.
“Lembras-te Mãe”, o fado aqui trazido a este “Gramofone”, tem autoria de Jorge Atayde e foi gravado em 1982 por Pedro Lisboa. O próprio Nuno de Aguiar gravá-lo-ia duas vezes, primeiro para o selo Metro-Som e já em 1988 num single publicado pela Discossete. Nestas imagens de 1979, vêmo-lo a cantar no Forte Dom Rodrigo, em Birre, sendo captado para o programa "Fado Vadio" - apresentado precisamente por Rodrigo.