MLER IFE DADA, por João Carlos Callixto
1 Jan 1987 - "Ele e Ela... e Eu"
Em 1984, já o “boom” do rock em Portugal estava em tempos de menores apostas. No entanto, foi esse o ano em que uma sala mítica da música ao vivo em Portugal - o Rock Rendez-Vous, em Lisboa - decidiu começar a realizar o seu Concurso de Música Moderna. O nosso grupo de hoje aqui no “Gramofone” concorreu e arrecadou o primeiro prémio, o que lhes deu direito à edição do disco de estreia no ano seguinte. Através do selo Dansa do Som, recém-criado, surge assim no mercado o máxi-single “Zimpó”, produzido por Nuno Canavarro e com Nuno Rebelo, outro antigo elemento dos Street Kids, à frente das hostes. Com Kim, na guitarra, e Pedro d’Orey, na voz, as três composições desse registo mostravam já a veia experimental do grupo e eram assinadas pelo então trio, que contou ainda com a colaboração de Emanuel Ramalho nas percussões e bateria.
Conseguindo fazer a ponte com o mainstream de uma forma pouco trilhada entre nós, o grupo apresenta em 1986 o seu segundo disco e traz também uma nova cara atrás do microfone: Anabela Duarte. Com o título “L’Amour” e edição da independente Ama Romanta, o single junta “L'Amour Va Bien, Merci” (uma co-autoria de Nuno Rebelo e Anabela Duarte com outro ex-Street Kids, Luís Ventura) no lado A e esta curiosa versão de “Ele e Ela” (aqui renomeada de “Ele e Ela e Eu”) no lado B. Vencedora do Festival RTP da Canção de 1966, na interpretação de Madalena Iglésias, é assim chamada para a modernidade eléctrica de uma forma pouco comum então no que toca a estes universos da canção ligeira pré-1974. O final “esquizofrénico” criado pelos Mler Ife Dada mostra bem o cunho pessoal da sua leitura, aqui ao vivo no programa da RTP “A Quinta do Dois", apresentado por Carlos Cruz.
O novo ano de 1987 abre com a notícia do contrato discográfico do grupo com a multinacional PolyGram, que lhes publica em Abril o álbum de estreia. “Coisas Que Fascinam” faz jus ao título e traz composições tão diversificadas como “Pandra-Bomba”, “Sinto em Mim”, “Siô Djuzé” ou “À Sombra desta Pirâmide”. Mas seria “Zuvi Zeva Novi”, com edição em single, a ocupar as ondas do éter e a tornar o grupo conhecido de um público generalista, mantendo-se até hoje como o ex-libris da banda. Para além dos irmãos Zezé e Nini Garcia, que já se tinham juntado em 1986, o grupo tinha agora o saxofonista José Pedro Lorena e contou ainda com a colaboração de Rui Reininho.
“Coração Anti-Bomba / Outro Dia”, um single, seria a única edição de 1988, com Bruno Pedroso na bateria e um regressado Kim na guitarra. No ano seguinte, é publicado “Espírito Invisível”, o segundo e último álbum, de que “Dance Music” é porventura a canção mais recordada. Mas seria também o fim da permanência de Anabela Duarte no grupo, sucedendo-se-lhe Sofia Amendoeira, com quem gravariam um máxi-single em 1990 com quatro das canções do novo álbum. No entanto, o “espírito” já não era definitivamente o mesmo e o projecto termina, com Nuno Rebelo e Anabela Duarte a seguirem carreiras em nome próprio - na realidade, começadas ambas ainda antes do final dos Mler Ife Dada, com os álbuns “Sagração do Mês de Maio - Primeira Sinfonia Falsificada” e “Lishbunah” (1988), respectivamente. Bruno Pedroso, por seu lado, acompanharia nessa altura Dulce Pontes e, mais recentemente, Salvador Sobral.
Conseguindo fazer a ponte com o mainstream de uma forma pouco trilhada entre nós, o grupo apresenta em 1986 o seu segundo disco e traz também uma nova cara atrás do microfone: Anabela Duarte. Com o título “L’Amour” e edição da independente Ama Romanta, o single junta “L'Amour Va Bien, Merci” (uma co-autoria de Nuno Rebelo e Anabela Duarte com outro ex-Street Kids, Luís Ventura) no lado A e esta curiosa versão de “Ele e Ela” (aqui renomeada de “Ele e Ela e Eu”) no lado B. Vencedora do Festival RTP da Canção de 1966, na interpretação de Madalena Iglésias, é assim chamada para a modernidade eléctrica de uma forma pouco comum então no que toca a estes universos da canção ligeira pré-1974. O final “esquizofrénico” criado pelos Mler Ife Dada mostra bem o cunho pessoal da sua leitura, aqui ao vivo no programa da RTP “A Quinta do Dois", apresentado por Carlos Cruz.
O novo ano de 1987 abre com a notícia do contrato discográfico do grupo com a multinacional PolyGram, que lhes publica em Abril o álbum de estreia. “Coisas Que Fascinam” faz jus ao título e traz composições tão diversificadas como “Pandra-Bomba”, “Sinto em Mim”, “Siô Djuzé” ou “À Sombra desta Pirâmide”. Mas seria “Zuvi Zeva Novi”, com edição em single, a ocupar as ondas do éter e a tornar o grupo conhecido de um público generalista, mantendo-se até hoje como o ex-libris da banda. Para além dos irmãos Zezé e Nini Garcia, que já se tinham juntado em 1986, o grupo tinha agora o saxofonista José Pedro Lorena e contou ainda com a colaboração de Rui Reininho.
“Coração Anti-Bomba / Outro Dia”, um single, seria a única edição de 1988, com Bruno Pedroso na bateria e um regressado Kim na guitarra. No ano seguinte, é publicado “Espírito Invisível”, o segundo e último álbum, de que “Dance Music” é porventura a canção mais recordada. Mas seria também o fim da permanência de Anabela Duarte no grupo, sucedendo-se-lhe Sofia Amendoeira, com quem gravariam um máxi-single em 1990 com quatro das canções do novo álbum. No entanto, o “espírito” já não era definitivamente o mesmo e o projecto termina, com Nuno Rebelo e Anabela Duarte a seguirem carreiras em nome próprio - na realidade, começadas ambas ainda antes do final dos Mler Ife Dada, com os álbuns “Sagração do Mês de Maio - Primeira Sinfonia Falsificada” e “Lishbunah” (1988), respectivamente. Bruno Pedroso, por seu lado, acompanharia nessa altura Dulce Pontes e, mais recentemente, Salvador Sobral.