No final do ano de 1969 chegava ao fim, de forma abrupta, a vida de uma cantora que era então bem popular. Mirene Cardinalli, que começou por se destacar em Angola, tinha gravado dias antes uma emissão do programa da RTP “Riso & Ritmo”, onde apresentou uma “Canção Restaurante” que ficaria inédita em disco e que hoje é recordada aqui no “Gramofone”.

Mirene tinha começado a carreira em Angola, onde foi rainha da rádio e onde em 1966 venceu o Festival da Canção de Luanda, com "Julgamento", que viria a integrar nesse mesmo ano o seu primeiro disco. A música do saxofonista Joaquim Casal Ribeiro e a letra do radialista Brasão Gil, que assinaria também outros textos nesse EP de estreia. Em termos editoriais, a Rádio Triunfo foi a casa de Mirene Cardinalli nesta primeira fase, passando depois pelos selos Estúdio e Riso & Ritmo, num total de sete discos.

Em 1968, a cantora participa no Festival RTP da Canção com "Vento Não Vou Contigo", da dupla Rui Malhoa e Pedro Jordão, num ano em que este último compositor tentara a sorte com seis dos dez temas a concurso. Em época de renovação da canção ligeira, a sorte acabaria no entanto por sorrir a Carlos Mendes, com “Verão” (de José Alberto Diogo e Pedro Osório), ficando Mirene em 8.º lugar ex-aequo com Simone de Oliveira e a canção “Dentro de Outro Mundo”.

No programa "Riso & Ritmo" que aqui recordamos, Francisco Nicholson era um dos autores do conceito, com Armando Cortez e a cumplicidade musical de Eugénio Pepe. É de Nicholson também a letra desta “Canção Restaurante”, cabendo a partitura a Joaquim Luiz Gomes. No entanto, nunca chegaria a ser incluída em disco, já que a carreira de Mirene acaba tragicamente num acidente de estrada nesse mês de Dezembro de 1969…