MILÚ, por João Carlos Callixto
1972 - "A Minha Casinha"
Conhecida do grande público pela sua carreira como actriz, numa época de ouro do cinema português, a beleza e talento de Milú agraciaram filmes como “O Costa do Castelo” (1943), “O Leão da Estrela” (1947) ou “O Grande Elias” (1950). Mas a artista teve também um percurso como cantora, que, se inicialmente estava associado aos filmes em que participava, acabou por conhecer também episódios hoje menos presentes na memória colectiva e que não têm qualquer relação com o universo cinematográfico.
O primeiro passo em disco de Milú foi precisamente num fonograma de 78 rotações com as canções mais populares do filme “O Costa do Castelo”. Num lado, a “Cantiga da Rua” e no outro “A Minha Casinha”, a canção que aqui revisitamos neste “Gramofone” num vídeo feito pela RTP três décadas depois. Com letra de Silva Tavares e música de António Melo (conhecido também por acompanhar ao piano as apresentações feitas pelo realizador António Lopes Ribeiro no programa televisivo "Museu do Cinema"), esta canção seria popularizada junto de uma nova geração pelos Xutos & Pontapés, em 1987, que a incluem no seu “7º Single” e, logo em 1988, no álbum “Xutos ao Vivo”. A popularidade da sua versão (que só apresenta os versos iniciais) é tão grande que, já em 2018, os americanos Metallica homenagearam num concerto em Lisboa a memória do recém-falecido Zé Pedro interpretando “A Minha Casinha”.
Mas voltando umas décadas atrás, os passos seguintes da carreira discográfica de Milú encontramo-los logo no início dos anos 50, pela mão do empresário Manuel Simões. No seu selo Ibéria, são assim publicados de seguida três discos de 78 rotações, um deles com canções da popular dupla Eduardo Damas e Manuel Paião e outro com canções espanholas - sendo que Milú teve também um percurso de destaque no cinema espanhol de então. Em Portugal, participa em 1952 no filme “Os Três da Vida Airada”, com argumento de Manuel da Fonseca e realização de Perdigão Queiroga, e regista em disco duas canções do filme: “Vê Lá Bem” e “Ai! Ai! Ai! Meu Amor”, desta vez para a Valentim de Carvalho, e também da dupla Damas-Paião. Cinco anos depois, surge no mercado o primeiro disco de vinil com a presença de Milú: trata-se da banda sonora da revista “Não Faças Ondas”, onde está ao lado de Raul Solnado, de João Villaret e de Costinha e onde interpreta pela primeira vez o hoje clássico “Lisboa à Noite” (de Fernando Santos e Carlos Dias, e que então tinha ainda o título “Boa Noite Lisboa”).
Já em 1960, Milú assina com a etiqueta portuense Alvorada, da Rádio Triunfo, e aí publica o primeiro disco de vinil em nome próprio. Trata-se de um EP com direcção do maestro Fernando de Carvalho e de novo composto integralmente por originais de Eduardo Damas e Manuel Paião: “Não Chores Mais”, “Você Já Viu Lisboa?”, “Sozinha” e “Eu, Tu e a Lua”. No mesmo ano, participa no disco com as canções da revista “A Vida É Bela” com “Lisboa Tem Tudo” e “Marcha Final”, ambas de Fernando Santos e Nelson de Barros (letra) e Frederico Valério (música). O Brasil seria então o próximo passo e aí viveria ao longo da década de 1960. Desse lado do Atlântico, regista em 1962 o álbum “Portugal de Hoje”, com fados e outras canções, e em 1967 o single “Sabadabada / Se Te Olvida”, onde a primeira é a versão da canção do filme “Um Homem e uma Mulher”, de Claude Lelouch.
Mesmo no final dos anos 60, são publicados dois EPs já em Portugal: “Obrigada Lisboa”, pela Valentim de Carvalho, traz novo conjunto de canções da dupla Damas e Paião, desta vez com direcção do maestro Jorge Machado; e pela Alvorada, sai a banda sonora do filme "O Diabo Era Outro", em que Milú e António Calvário contracenam e fazem um dueto no tema principal. Os últimos discos da actriz e cantora chegariam no período imediatamente anterior e posterior ao 25 de Abril, sendo o último registo conhecido um álbum editado para as comunidades emigrantes nos E.U.A., com direcção de Shegundo Galarza e que simbolicamente abria com a canção “Obrigada por Tudo”.
Depois, só voltámos a ver Milú no filme “Kilas, o Mau da Fita” (1981), de José Fonseca e Costa, em cuja banda sonora já não participa.
O primeiro passo em disco de Milú foi precisamente num fonograma de 78 rotações com as canções mais populares do filme “O Costa do Castelo”. Num lado, a “Cantiga da Rua” e no outro “A Minha Casinha”, a canção que aqui revisitamos neste “Gramofone” num vídeo feito pela RTP três décadas depois. Com letra de Silva Tavares e música de António Melo (conhecido também por acompanhar ao piano as apresentações feitas pelo realizador António Lopes Ribeiro no programa televisivo "Museu do Cinema"), esta canção seria popularizada junto de uma nova geração pelos Xutos & Pontapés, em 1987, que a incluem no seu “7º Single” e, logo em 1988, no álbum “Xutos ao Vivo”. A popularidade da sua versão (que só apresenta os versos iniciais) é tão grande que, já em 2018, os americanos Metallica homenagearam num concerto em Lisboa a memória do recém-falecido Zé Pedro interpretando “A Minha Casinha”.
Mas voltando umas décadas atrás, os passos seguintes da carreira discográfica de Milú encontramo-los logo no início dos anos 50, pela mão do empresário Manuel Simões. No seu selo Ibéria, são assim publicados de seguida três discos de 78 rotações, um deles com canções da popular dupla Eduardo Damas e Manuel Paião e outro com canções espanholas - sendo que Milú teve também um percurso de destaque no cinema espanhol de então. Em Portugal, participa em 1952 no filme “Os Três da Vida Airada”, com argumento de Manuel da Fonseca e realização de Perdigão Queiroga, e regista em disco duas canções do filme: “Vê Lá Bem” e “Ai! Ai! Ai! Meu Amor”, desta vez para a Valentim de Carvalho, e também da dupla Damas-Paião. Cinco anos depois, surge no mercado o primeiro disco de vinil com a presença de Milú: trata-se da banda sonora da revista “Não Faças Ondas”, onde está ao lado de Raul Solnado, de João Villaret e de Costinha e onde interpreta pela primeira vez o hoje clássico “Lisboa à Noite” (de Fernando Santos e Carlos Dias, e que então tinha ainda o título “Boa Noite Lisboa”).
Já em 1960, Milú assina com a etiqueta portuense Alvorada, da Rádio Triunfo, e aí publica o primeiro disco de vinil em nome próprio. Trata-se de um EP com direcção do maestro Fernando de Carvalho e de novo composto integralmente por originais de Eduardo Damas e Manuel Paião: “Não Chores Mais”, “Você Já Viu Lisboa?”, “Sozinha” e “Eu, Tu e a Lua”. No mesmo ano, participa no disco com as canções da revista “A Vida É Bela” com “Lisboa Tem Tudo” e “Marcha Final”, ambas de Fernando Santos e Nelson de Barros (letra) e Frederico Valério (música). O Brasil seria então o próximo passo e aí viveria ao longo da década de 1960. Desse lado do Atlântico, regista em 1962 o álbum “Portugal de Hoje”, com fados e outras canções, e em 1967 o single “Sabadabada / Se Te Olvida”, onde a primeira é a versão da canção do filme “Um Homem e uma Mulher”, de Claude Lelouch.
Mesmo no final dos anos 60, são publicados dois EPs já em Portugal: “Obrigada Lisboa”, pela Valentim de Carvalho, traz novo conjunto de canções da dupla Damas e Paião, desta vez com direcção do maestro Jorge Machado; e pela Alvorada, sai a banda sonora do filme "O Diabo Era Outro", em que Milú e António Calvário contracenam e fazem um dueto no tema principal. Os últimos discos da actriz e cantora chegariam no período imediatamente anterior e posterior ao 25 de Abril, sendo o último registo conhecido um álbum editado para as comunidades emigrantes nos E.U.A., com direcção de Shegundo Galarza e que simbolicamente abria com a canção “Obrigada por Tudo”.
Depois, só voltámos a ver Milú no filme “Kilas, o Mau da Fita” (1981), de José Fonseca e Costa, em cuja banda sonora já não participa.