MARIA DA FÉ por João Carlos Callixto
24 Fev 1969 - "Vento do Norte"
O ano é 1969 e o fado estreia-se no Festival RTP da Canção. “Vento do Norte”, na voz de Maria da Fé, foi um dos sopros de mudança no certame, nesse ano que viu a já consagrada Simone de Oliveira arrebatar a vitória pela segunda vez, com o clássico “Desfolhada”. A carreira da cantora tinha começado em inícios de 60s, a partir do seu Porto natal, onde rapidamente o nome de baptismo Maria da Conceição teve que ser abandonado, por já existir uma cantora com esse nome (a voz que primeiro entre nós divulgou o clássico “Mãe Preta”). Passou então a ser Maria da Fé, nome também de uma canção de sucesso dos anos 50, da autoria de Artur Ribeiro (letra) e de Nóbrega e Sousa (música).
O primeiro passo discográfico chega em 1962, num EP editado pelo selo Orfeu e partilhado com o fadista Fernando Manuel, também estreante. Na capa, surgiam os dois cantores, mas na realidade cada um ocupava um dos lados do disco. A Maria da Fé couberam-lhe as composições “Sou Tua” e “Encontrei-me”, que mostravam desde logo a sua garra muito própria. No ano seguinte, sai o primeiro disco verdadeiramente seu, que abria com um “Fado Diferente”, com música do pianista Eugénio Pepe e letra de Manuel Pardal, e com acompanhamento do Conjunto de Guitarras de Raul Nery. Após um novo registo, já em 1965, onde Maria da Fé grava o inédito “Deus Queira” (da dupla Eduardo Damas e Manuel Paião e que o cantor Rui de Mascarenhas inclui num disco seu do ano seguinte), as disputas do meio editorial da época fazem-se sentir. Assim, ainda em 1965 encontramos a fadista a gravar para a editora Rádio Triunfo, também do Porto, e em 1966 a surgir como voz convidada num dois discos do transgressor projecto “Popfado”, uma edição da Philips. Idealizado por José Duarte e Raul Calado, dois dos grandes divulgadores do jazz entre nós, este foi um cruzamento feliz entre linguagens musicais que se queriam modernas. A voz de Maria da Fé e a guitarra portuguesa de Fontes Rocha trouxeram o elemento fado e nomes como o do guitarrista madeirense Carlos Menezes (aqui no banjo) ou o baterista Domingos Costa Pinto (irmão do também baterista e maestro Jorge Costa Pinto) trouxeram parte do restante dinamismo que o projecto pedia.
Já com Maria da Fé no catálogo do selo Estúdio, do empresário Emílio Mateus e onde conheceu uma das épocas de grande sucesso na sua carreira, a versatilidade da fadista terá sido uma das razões do convite do letrista Francisco Nicholson e do compositor Braga Santos para que interpretasse “Vento do Norte” no Festival RTP da Canção de 1969. Os coros eram de três elementos do Conjunto sem Nome (o próprio Braga Santos e ainda Rui Guerreiro e José Cabeleira). Com Simone como vencedora imbatível, Maria da Fé trouxe o quarto lugar do certame e um sucesso que em disco conheceu três edições diferentes. E numa altura em que “Cantarei Até Que a Voz Me Doa” ou a abertura da casa de fados Sr. Vinho, onde tem sido madrinha de muitas vozes novas do fado, estavam ainda a vários anos de chegar...
O primeiro passo discográfico chega em 1962, num EP editado pelo selo Orfeu e partilhado com o fadista Fernando Manuel, também estreante. Na capa, surgiam os dois cantores, mas na realidade cada um ocupava um dos lados do disco. A Maria da Fé couberam-lhe as composições “Sou Tua” e “Encontrei-me”, que mostravam desde logo a sua garra muito própria. No ano seguinte, sai o primeiro disco verdadeiramente seu, que abria com um “Fado Diferente”, com música do pianista Eugénio Pepe e letra de Manuel Pardal, e com acompanhamento do Conjunto de Guitarras de Raul Nery. Após um novo registo, já em 1965, onde Maria da Fé grava o inédito “Deus Queira” (da dupla Eduardo Damas e Manuel Paião e que o cantor Rui de Mascarenhas inclui num disco seu do ano seguinte), as disputas do meio editorial da época fazem-se sentir. Assim, ainda em 1965 encontramos a fadista a gravar para a editora Rádio Triunfo, também do Porto, e em 1966 a surgir como voz convidada num dois discos do transgressor projecto “Popfado”, uma edição da Philips. Idealizado por José Duarte e Raul Calado, dois dos grandes divulgadores do jazz entre nós, este foi um cruzamento feliz entre linguagens musicais que se queriam modernas. A voz de Maria da Fé e a guitarra portuguesa de Fontes Rocha trouxeram o elemento fado e nomes como o do guitarrista madeirense Carlos Menezes (aqui no banjo) ou o baterista Domingos Costa Pinto (irmão do também baterista e maestro Jorge Costa Pinto) trouxeram parte do restante dinamismo que o projecto pedia.
Já com Maria da Fé no catálogo do selo Estúdio, do empresário Emílio Mateus e onde conheceu uma das épocas de grande sucesso na sua carreira, a versatilidade da fadista terá sido uma das razões do convite do letrista Francisco Nicholson e do compositor Braga Santos para que interpretasse “Vento do Norte” no Festival RTP da Canção de 1969. Os coros eram de três elementos do Conjunto sem Nome (o próprio Braga Santos e ainda Rui Guerreiro e José Cabeleira). Com Simone como vencedora imbatível, Maria da Fé trouxe o quarto lugar do certame e um sucesso que em disco conheceu três edições diferentes. E numa altura em que “Cantarei Até Que a Voz Me Doa” ou a abertura da casa de fados Sr. Vinho, onde tem sido madrinha de muitas vozes novas do fado, estavam ainda a vários anos de chegar...