MARIA CLARA, por João Carlos Callixto
18 Dez 1977 - "Cantares do Minho"
O nome de hoje no “Gramofone” é o de uma das vozes mais populares nos anos 40, 50 e 60 mas que continuou a sua carreira pelos anos 70 e 80, como aliás podemos verificar nas imagens de hoje. As imagens são oriundas do popular e histórico programa "Natal dos Hospitais", um evento que começou na década de 1940 e que a partir do final da década seguinte começou a ser transmitido pela RTP. Tentando levar um pouco de solidariedade a quem se encontra hospitalizado nesta quadra, ao programa sempre se aliaram cantores e músicos mais ou menos relevantes nas suas épocas. Com Maria Clara, o ano de 1977 corresponde a um regresso no pós-25 de Abril, tendo então sido publicada em LP pela firma Rádio Triunfo, do Porto, uma colectânea de interpretações suas dos anos 50 e 60. As imagens que aqui vemos foram então captadas no Hospital de São Marcos, em Braga, e, para além da interacção da cantora com os doentes, temos ainda ao piano o também maestro José Quelhas, que acompanhou muitos músicos portuenses.
Na realidade, apesar de associada ao Porto, Maria Clara nasceu em Lisboa, treze anos exactos depois da data histórica da implantação da República. Esta referência não é em vão, uma vez que a cantora se viria a casar com o professor universitário Júlio Machado Vaz, neto do antigo Presidente da República Bernardino Machado. Deste casamento nasceria o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz, que em 2016 gravou o disco “Poesia Homónima por Júlio Resende & Júlio Machado Vaz - Poemas de Eugénio de Andrade & Gonçalo M. Tavares”, precisamente ao lado do pianista Júlio Resende. Curiosamente, a editora deste trabalho tinha sido também a mesma da maioria das gravações de Maria Clara: a histórica casa Valentim de Carvalho. Foi aí que a cantora se estreou em 1944, na sequência do sucesso na opereta “A Costureirinha da Sé”, com um disco de 78 rotações onde se incluíam “Canção da Costureirinha” e “Um Adeus Que Me Esqueceu”, ambas com letras de Arnaldo Leite e Campos Monteiro e músicas de Fernando de Carvalho, que também dirigia a gravação.
Gravando cerca de 30 discos até meados da década de 1950, um número acima do normal para a época, Maria Clara popularizou marchas, fados, canções folclóricas e românticas, chegando aliás a sagrar-se Rainha da Rádio já nos anos 60. O maestro João Nobre foi um dos músicos com quem mais gravou, e é aliás ao seu lado que a encontramos num primeiro momento em álbum, em 1955, ainda em formato de 10”. “Fonte das Sete Bicas”, “Marcha do Vapor” ou “Ó Zé Aperta o Laço” são algumas das canções aí incluídas, para além daquela que se tornaria o seu ex-libris: “Figueira da Foz”, que viria a ter várias edições ao longo dos anos e que tem autoria do poeta António Sousa Freitas e do compositor Nóbrega e Sousa.
Depois de um único disco publicado em 1958 no selo italiano Fonit, distribuído em Portugal pela Casa Figueiredo, do Porto, Maria Clara assina contrato com outra firma da cidade, a Rádio Triunfo. Verdadeiramente implantada em todo o território nacional, aqui se sucedem agora EPs atrás de EPs, alusivos a Festivais da Canção ou a temáticas de cariz histórico ou geográfico. Um destes trabalhos, “Viana, Linda Princesa”, marcaria aliás em 1963 uma tentativa pioneira de lançar os discos em estereofonia, sendo que a tecnologia só viria a vingar por cá já na viragem dos anos 60 para 70.
Um disco de marchas em 1965, com direcção de Tavares Belo e composições de Eugénio Pepe ou Helena Moreira Viana, seria o último trabalho de Maria Clara durante vários anos. O regresso às gravações de originais deu-se assim em 1978, com um álbum homónimo produzido pelo agente António Fortuna e onde encontramos várias canções da dupla Eduardo Damas e Manuel Paião. Já nos anos 80, depois de uma breve passagem pelo selo Orfeu, de Arnaldo Trindade, o último disco de Maria Clara seria um single gravado pela a multinacional CBS ao lado de outra voz maior da nossa canção, Artur Garcia, com “A Vida Contigo” e “Uma Casa Não É um Lar”.
Na realidade, apesar de associada ao Porto, Maria Clara nasceu em Lisboa, treze anos exactos depois da data histórica da implantação da República. Esta referência não é em vão, uma vez que a cantora se viria a casar com o professor universitário Júlio Machado Vaz, neto do antigo Presidente da República Bernardino Machado. Deste casamento nasceria o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz, que em 2016 gravou o disco “Poesia Homónima por Júlio Resende & Júlio Machado Vaz - Poemas de Eugénio de Andrade & Gonçalo M. Tavares”, precisamente ao lado do pianista Júlio Resende. Curiosamente, a editora deste trabalho tinha sido também a mesma da maioria das gravações de Maria Clara: a histórica casa Valentim de Carvalho. Foi aí que a cantora se estreou em 1944, na sequência do sucesso na opereta “A Costureirinha da Sé”, com um disco de 78 rotações onde se incluíam “Canção da Costureirinha” e “Um Adeus Que Me Esqueceu”, ambas com letras de Arnaldo Leite e Campos Monteiro e músicas de Fernando de Carvalho, que também dirigia a gravação.
Gravando cerca de 30 discos até meados da década de 1950, um número acima do normal para a época, Maria Clara popularizou marchas, fados, canções folclóricas e românticas, chegando aliás a sagrar-se Rainha da Rádio já nos anos 60. O maestro João Nobre foi um dos músicos com quem mais gravou, e é aliás ao seu lado que a encontramos num primeiro momento em álbum, em 1955, ainda em formato de 10”. “Fonte das Sete Bicas”, “Marcha do Vapor” ou “Ó Zé Aperta o Laço” são algumas das canções aí incluídas, para além daquela que se tornaria o seu ex-libris: “Figueira da Foz”, que viria a ter várias edições ao longo dos anos e que tem autoria do poeta António Sousa Freitas e do compositor Nóbrega e Sousa.
Depois de um único disco publicado em 1958 no selo italiano Fonit, distribuído em Portugal pela Casa Figueiredo, do Porto, Maria Clara assina contrato com outra firma da cidade, a Rádio Triunfo. Verdadeiramente implantada em todo o território nacional, aqui se sucedem agora EPs atrás de EPs, alusivos a Festivais da Canção ou a temáticas de cariz histórico ou geográfico. Um destes trabalhos, “Viana, Linda Princesa”, marcaria aliás em 1963 uma tentativa pioneira de lançar os discos em estereofonia, sendo que a tecnologia só viria a vingar por cá já na viragem dos anos 60 para 70.
Um disco de marchas em 1965, com direcção de Tavares Belo e composições de Eugénio Pepe ou Helena Moreira Viana, seria o último trabalho de Maria Clara durante vários anos. O regresso às gravações de originais deu-se assim em 1978, com um álbum homónimo produzido pelo agente António Fortuna e onde encontramos várias canções da dupla Eduardo Damas e Manuel Paião. Já nos anos 80, depois de uma breve passagem pelo selo Orfeu, de Arnaldo Trindade, o último disco de Maria Clara seria um single gravado pela a multinacional CBS ao lado de outra voz maior da nossa canção, Artur Garcia, com “A Vida Contigo” e “Uma Casa Não É um Lar”.