MARCO PAULO por João Carlos Callixto
25 Fev 1967 - "Sou tão feliz"
Se é verdade que Marco Paulo é uma das vozes mais populares da Música Portuguesa, também é verdade que a primeira década e meia do seu percurso permanece numa sombra quase geral que contrasta com os holofotes que sobre ele passaram a incidir de forma constante muito especialmente a partir de 1980 e da canção “Eu Tenho Dois Amores”. Neste “Gramofone”, viajamos aliás quase ao início desse percurso, com este momento em que a carreira pública de Marco Paulo ainda nem contabilizava um ano de vida.
Nascido em Mourão, no Alentejo, em 1945, foi através das aulas com a antiga cantora Corina Freire (prima de António Calvário) e do ouvido atento da também cantora Cidália Meireles (do trio Irmãs Meireles) que se começou a ouvir falar do nome deste jovem cantor. Em Julho de 1966, ainda sem discos editados, classifica-se em terceiro lugar no Festival da Canção Portuguesa da Figueira da Foz, com “Vida, Alma e Coração" (letra de Hernâni Correia, música de Mariana Filomena). Pouco depois, chegaria então o disco de estreia, um EP com "Não Sei" e “Estive Enamorado” (versões respectivamente de "Vorrei", do francês Alain Barrière, e de “Estuve Enamorado”, do espanhol Raphael) e ainda com dois originais de Álvaro Duarte Simões (“Vê” e “O Mal às Vezes É um Bem”). A dirigir a orquestra, estava Joaquim Luiz Gomes, que seria aliás nome bem presente nesta primeira fase do percurso de Marco Paulo.
Meses depois, no início de 1967, é publicado o segundo EP: “Marco Paulo Canta Êxitos do Festival do Rio”, inteiramente composto por versões. António José, um dos mais populares letristas e adaptadores de canções estrangeiras, marcara já presença no primeiro disco do cantor e surge aqui de novo, numa colaboração que se adensaria com o passar do tempo e que está ligada à fase mais popular de Marco Paulo, na década de 1980. “Sou Tão Feliz”, a canção deste “Gramofone”, tem letra de António Sousa Freitas (já então autor de vasta obra em livro) e música de Nóbrega e Sousa (que em 1965 vencera como compositor o Festival RTP da Canção, com “Sol de Inverno”), e era o tema principal do terceiro disco do cantor. Embora em estúdio fosse Joaquim Luiz Gomes a dirigir a orquestra, no Festival era Tavares Belo quem segurava a batuta.
Neste ano em que pela quarta vez se realizava o evento, a RTP estreou um modelo que viria pontualmente a adoptar e que hoje em dia tem sido o mais comum: a existência de semifinais. “Sou Tão Feliz” fica assim em segundo lugar na primeira eliminatória, mas na final acaba por ter menos sorte e classifica-se na sexta e última posição. O vencedor, como sabemos, foi Eduardo Nascimento e “O Vento Mudou”. Com outros ventos e outros tempos, em 1982, Marco Paulo concorreria de novo ao Festival, com “É o Fim do Mundo”, de Fernando Guerra e João Henrique – dessa vez, a vitória sorriu às Doce com “Bem Bom”. Para trás tinha ficado uma persistente caminhada com muitos passos aparentemente inglórios mas que na realidade foram consolidando a popularidade de Marco Paulo. Entre um dueto com Simone de Oliveira, a gravação de um disco acompanhado por quase todo o Quarteto 1111, as versões portuguesas de “Oh Lady Mary”, “Love Story” (do filme homónimo) ou “Speak Softy Love” (do filme “O Padrinho”) ou a edição de dois álbuns em 1970, tudo mostrava que não há nunca uma “canção proibida” quando há por trás um talento como o seu.
Nascido em Mourão, no Alentejo, em 1945, foi através das aulas com a antiga cantora Corina Freire (prima de António Calvário) e do ouvido atento da também cantora Cidália Meireles (do trio Irmãs Meireles) que se começou a ouvir falar do nome deste jovem cantor. Em Julho de 1966, ainda sem discos editados, classifica-se em terceiro lugar no Festival da Canção Portuguesa da Figueira da Foz, com “Vida, Alma e Coração" (letra de Hernâni Correia, música de Mariana Filomena). Pouco depois, chegaria então o disco de estreia, um EP com "Não Sei" e “Estive Enamorado” (versões respectivamente de "Vorrei", do francês Alain Barrière, e de “Estuve Enamorado”, do espanhol Raphael) e ainda com dois originais de Álvaro Duarte Simões (“Vê” e “O Mal às Vezes É um Bem”). A dirigir a orquestra, estava Joaquim Luiz Gomes, que seria aliás nome bem presente nesta primeira fase do percurso de Marco Paulo.
Meses depois, no início de 1967, é publicado o segundo EP: “Marco Paulo Canta Êxitos do Festival do Rio”, inteiramente composto por versões. António José, um dos mais populares letristas e adaptadores de canções estrangeiras, marcara já presença no primeiro disco do cantor e surge aqui de novo, numa colaboração que se adensaria com o passar do tempo e que está ligada à fase mais popular de Marco Paulo, na década de 1980. “Sou Tão Feliz”, a canção deste “Gramofone”, tem letra de António Sousa Freitas (já então autor de vasta obra em livro) e música de Nóbrega e Sousa (que em 1965 vencera como compositor o Festival RTP da Canção, com “Sol de Inverno”), e era o tema principal do terceiro disco do cantor. Embora em estúdio fosse Joaquim Luiz Gomes a dirigir a orquestra, no Festival era Tavares Belo quem segurava a batuta.
Neste ano em que pela quarta vez se realizava o evento, a RTP estreou um modelo que viria pontualmente a adoptar e que hoje em dia tem sido o mais comum: a existência de semifinais. “Sou Tão Feliz” fica assim em segundo lugar na primeira eliminatória, mas na final acaba por ter menos sorte e classifica-se na sexta e última posição. O vencedor, como sabemos, foi Eduardo Nascimento e “O Vento Mudou”. Com outros ventos e outros tempos, em 1982, Marco Paulo concorreria de novo ao Festival, com “É o Fim do Mundo”, de Fernando Guerra e João Henrique – dessa vez, a vitória sorriu às Doce com “Bem Bom”. Para trás tinha ficado uma persistente caminhada com muitos passos aparentemente inglórios mas que na realidade foram consolidando a popularidade de Marco Paulo. Entre um dueto com Simone de Oliveira, a gravação de um disco acompanhado por quase todo o Quarteto 1111, as versões portuguesas de “Oh Lady Mary”, “Love Story” (do filme homónimo) ou “Speak Softy Love” (do filme “O Padrinho”) ou a edição de dois álbuns em 1970, tudo mostrava que não há nunca uma “canção proibida” quando há por trás um talento como o seu.