MARANATA por João Carlos Callixto
22 Nov 1980 - "Bárbara"
Formados ainda antes do 25 de Abril, os Maranata foram um grupo vocal que tinha em António Sala o seu nome mais recordado. Neste “Gramofone”, com imagens de 1980, vêmo-los com um raro momento que não é da autoria de Sala: “Bárbara”, de José Cid, que nesse ano vencera o Festival RTP da Canção.
O grupo formou-se em 1972 e privilegiava inicialmente o reportório folk e gospel. Contando na primeira fase com nove elementos – Myriam Baião, Elisabeth Sala, Isabel Beato, Andrea Steele, Luís Carlos Beato, Miguel Baião, António Sala, Geraldo Martins e Allen Steele – estrearam-se nos discos em 1973, com o “He's Everything to Me”. Os arranjos ficaram então a cargo de Sílvio Pleno, oscilando o reportório entre as línguas inglesa e portuguesa. Um ano depois, o segundo registo dos Maranata incluía uma versão de “Himno” (aqui rebaptizada de “Caminos”), um original dos espanhóis Mocedades. O músico francês Daniel Louis, mais tarde membro dos espanhóis Barrabás, foi desta vez o responsável pelos arranjos e pela direcção.
Passando da editora Musicorde (pertencente ao estúdio de gravação homónimo, em Lisboa) para o selo Alfabeta, os Maranata publicam ainda em 1974 o seu terceiro e último registo em formato EP. Agora, era Fernando Correia Martins a dirigir musicalmente o trabalho, e seria desde então ao lado deste guitarrista, violinista e maestro que os Maranata passariam maioritariamente a trabalhar. “As Mãos”, em 1975, foi o primeiro registo do grupo em formato single e trazia nova adaptação do poema homónimo de Manuel Alegre que Adriano Correia de Oliveira tinha já cantado seis anos antes.
Através da Valentim de Carvalho, é publicado em 1977 o primeiro dos dois álbuns dos Maranata. “Vem e Canta” trazia um conjunto de versões de espirituais negros e ainda originais de António Sala (que foi sempre o principal compositor do grupo) e de Miguel Baião, com letras de Sala, de Vasco de Lima Couto e de José Sottomayor. Duas das canções desse disco, “P’ra Lá do Mar” e “Faz do Amor a Tua Paz”, tinham aliás sido publicadas no ano anterior num single e contaram com arranjos de Jorge Palma. Reduzidos agora a septeto, os novos elementos eram São, Enoque e Salette.
Depois de “Velha Estrada”, um dos grandes sucessos do grupo, chegaria então em 1979 o disco com “Bárbara”. José Cid, o autor da música, gravá-la-ia no ano seguinte mas cantada em inglês - aqui a letra é de António Sala. As imagens são do programa "Eu Show Nico", apresentado por Nicolau Breyner, e que era então um dos seriados televisivos mais populares. Até ao fim do percurso do grupo, em 1983, chegaram ainda canções como “Caminhos” (a partir de uma peça de Mozart), a versão de “Hallelujah” (o tema vencedor do Festival da Eurovisão em 1979) ou “Vai Seguro” (uma encomenda da companhia se seguros Fidelidade). “As Cores da Música”, em 1980, seria o segundo e último álbum do grupo, e trazia como tema de destaque “Blue Jeans”, da autoria de Ruben – que, tal como Enoque, Elisabeth Sala, António Sala ou Geraldo Martins, teria também o seu percurso individual a solo.