JOSÉ JORGE LETRIA por João Carlos Callixto
22 Ago 1974 - "A Vitória É Difícil"
O chamado movimento dos baladeiros conhece em Portugal um impulso decisivo na recta final da década de 60. Nessa altura, um dos nomes que se começa a destacar é o cantor hoje aqui no “Gramofone”: José Jorge Letria.
Depois de ter passado por grupos de rock na recta final da década de 60 – o mais conhecido dos quais terá sido os Chinchilas – Letria apresenta-se no programa “Zip-Zip”, em 1969, com as canções “Romance de Maria Formiga” e “O Objecto”, esta a partir de um poema de José Carlos Ary dos Santos. Mas seria no início do ano seguinte que se estreia nos discos, com o EP “História do José-sem-Esperança”, produzido por José Cid e António Moniz Pereira e com a participação dos restantes elementos do Quarteto 1111.
“Pare, Escute e Olhe”, com “Arte Poética” no lado B, é editado em single no Verão de 1971, e ambas as canções se tornam ex-libris da carreira musical de José Jorge Letria. O segundo, com texto de Hélia Correia, foi aliás a estreia musical por parte da autora, que haveria depois de ser cantada pelo GAC-Vozes na Luta, por Francisco Naia ou por Afonso Dias.
Outra estreia, desta vez em álbum, chega no ano seguinte: “Até ao Pescoço”, produzido por Manuel Jorge Veloso e com direcção musical de José Mário Branco, é o primeiro LP de José Jorge Letria. Foi gravado em França, nos míticos estúdios do Castelo de Hérouville, nos arredores de Paris, e o resultado final acusa essa aposta editorial da parte da Sassetti.
No Natal de 1973, chega aos escaparates “De Viva Voz”, o primeiro álbum ao vivo gravado por um músico português em Portugal. Aí se encontravam temas como “Quem Te Avisa Teu Amigo É”, “Romance Feudal” (que seria gravado também no mesmo ano por Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo) ou “A Canção Rebenta”. E poucos meses depois, a canção rebentou mesmo.
Com o single “Folhetango” recém-editado, chega o 25 de Abril de 1974. Aquilo que se dizia de forma mais ou menos velada, passa assim a ser dito com todas as letras. Nem sempre a música terá ganho com isso, mas esta era uma altura de palavras de ordem. Assim, não será de admirar encontrarmos José Jorge Letria numa festa-comício realizada em Agosto de 1974, no Estádio 1º de Maio, em Lisboa, que pretendia chamar os emigrantes à causa da revolução.
Tonicha, Carlos Paredes ou Pedro Lobo Antunes são alguns dos outros nomes que passaram pelo palco, mas o momento que aqui trazemos é precisamente para relembrar “A Vitória É Difícil” - mas é nossa, como cantava Letria no refrão. Ao seu lado, Luísa Basto, nos coros, e Fernando Alvim, habitual acompanhador de Paredes, na guitarra. A canção seria então publicada em single pela Orfeu, de Arnaldo Trindade, editora pela qual José Jorge Letria passa a editar, e contou também com o cantor Samuel e com direcção musical de José Calvário.
A segunda metade da década de 70 foi particularmente prolífica – um álbum por ano entre 1976 e 1979, além de vários singles com canções originais. E Letria aliava ainda à vertente musical, desde o início da década, a sua actividade como jornalista e autor de poesia, de ensaios ou ficção. Nos anos 80, depois da publicação do álbum “Fruta da Época”, seria a música a ficar para trás. Em 2006, reaparece com um raro momento em disco gravado com Vitorino e Manuel Freire em que cantava às crianças a Revolução de Abril. Quatro anos depois, José Jorge Letria assume a Presidência da Sociedade Portuguesa de Autores, cargo em que se mantém actualmente.
Depois de ter passado por grupos de rock na recta final da década de 60 – o mais conhecido dos quais terá sido os Chinchilas – Letria apresenta-se no programa “Zip-Zip”, em 1969, com as canções “Romance de Maria Formiga” e “O Objecto”, esta a partir de um poema de José Carlos Ary dos Santos. Mas seria no início do ano seguinte que se estreia nos discos, com o EP “História do José-sem-Esperança”, produzido por José Cid e António Moniz Pereira e com a participação dos restantes elementos do Quarteto 1111.
“Pare, Escute e Olhe”, com “Arte Poética” no lado B, é editado em single no Verão de 1971, e ambas as canções se tornam ex-libris da carreira musical de José Jorge Letria. O segundo, com texto de Hélia Correia, foi aliás a estreia musical por parte da autora, que haveria depois de ser cantada pelo GAC-Vozes na Luta, por Francisco Naia ou por Afonso Dias.
Outra estreia, desta vez em álbum, chega no ano seguinte: “Até ao Pescoço”, produzido por Manuel Jorge Veloso e com direcção musical de José Mário Branco, é o primeiro LP de José Jorge Letria. Foi gravado em França, nos míticos estúdios do Castelo de Hérouville, nos arredores de Paris, e o resultado final acusa essa aposta editorial da parte da Sassetti.
No Natal de 1973, chega aos escaparates “De Viva Voz”, o primeiro álbum ao vivo gravado por um músico português em Portugal. Aí se encontravam temas como “Quem Te Avisa Teu Amigo É”, “Romance Feudal” (que seria gravado também no mesmo ano por Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo) ou “A Canção Rebenta”. E poucos meses depois, a canção rebentou mesmo.
Com o single “Folhetango” recém-editado, chega o 25 de Abril de 1974. Aquilo que se dizia de forma mais ou menos velada, passa assim a ser dito com todas as letras. Nem sempre a música terá ganho com isso, mas esta era uma altura de palavras de ordem. Assim, não será de admirar encontrarmos José Jorge Letria numa festa-comício realizada em Agosto de 1974, no Estádio 1º de Maio, em Lisboa, que pretendia chamar os emigrantes à causa da revolução.
Tonicha, Carlos Paredes ou Pedro Lobo Antunes são alguns dos outros nomes que passaram pelo palco, mas o momento que aqui trazemos é precisamente para relembrar “A Vitória É Difícil” - mas é nossa, como cantava Letria no refrão. Ao seu lado, Luísa Basto, nos coros, e Fernando Alvim, habitual acompanhador de Paredes, na guitarra. A canção seria então publicada em single pela Orfeu, de Arnaldo Trindade, editora pela qual José Jorge Letria passa a editar, e contou também com o cantor Samuel e com direcção musical de José Calvário.
A segunda metade da década de 70 foi particularmente prolífica – um álbum por ano entre 1976 e 1979, além de vários singles com canções originais. E Letria aliava ainda à vertente musical, desde o início da década, a sua actividade como jornalista e autor de poesia, de ensaios ou ficção. Nos anos 80, depois da publicação do álbum “Fruta da Época”, seria a música a ficar para trás. Em 2006, reaparece com um raro momento em disco gravado com Vitorino e Manuel Freire em que cantava às crianças a Revolução de Abril. Quatro anos depois, José Jorge Letria assume a Presidência da Sociedade Portuguesa de Autores, cargo em que se mantém actualmente.