JOSÉ CID E TOZÉ BRITO por João Carlos Callixto

10 Jun 1989 - "Os Mitos"

“Os Mitos” é o título da canção de hoje no “Gramofone” mas poderia ser também o epíteto para os dois músicos em destaque: José Cid e Tozé Brito, aqui reunidos em palco e captados pela RTP em 1989. Companheiros de estrada há quase 50 anos, a carreira de ambos cruzou-se no Quarteto 1111, a partir de finais de 1969.

O grupo de José Cid, dos irmãos António e Jorge Moniz Pereira e do baterista Michel, tinha sido formado há quase três anos, tendo Jorge entretanto dado lugar a outro baixista, Mário Rui Terra. No Porto, Tozé Brito era membro fundador dos Pop Five Music Incorporated, porventura o grupo de rock da Invicta então mais admirado e que grava em 1968 a primeira música escrita por Tozé.

Seria com a chamada de Mário Rui Terra para a tropa que Tozé Brito é convidado a entrar no Quarteto 1111, começando desde logo a compor ao lado de José Cid. “Todo o Mundo e Ninguém”, a canção que fazem em 1970 para as palavras de Gil Vicente, viria em 2017 a servir de base para a faixa “Marcy Me”, do álbum “4:44” de Jay-Z, num cruzamento de épocas e de géneros bem curioso.

O ano de 1971 vê o início da carreira a solo de José Cid, com um álbum homónimo em que grava todos os instrumentos e em que musica textos de Jorge Amado ou de D. Dinis, para além de incluir uma versão de “Volkswagen Blue”, de Gilberto Gil. Tozé Brito estreia-se um ano depois, com o EP "Liberdade" e o single "Se Quiseres Ouvir Cantar", música que levaria então ao Festival RTP da Canção. Entre ambos, são inúmeras as participações no evento, que venceram por mais do que uma vez, como intérpretes e como compositores.

Este momento de hoje faz parte de um programa especial com José Cid gravado em Évora pela RTP. A música, da autoria de ambos, faz parte de um outro álbum homónimo de José Cid, editado em 1989, e revisita de alguma forma o sucesso inicial de 1967 do Quarteto 1111 sobre o monarca desaparecido em Alcácer Quibir. A acompanhar José Cid neste programa, estão músicos como Alexandre Frazão, Emanuel Ramalho ou João Paulo Pereira – este último, recentemente falecido e que permaneceu durante anos na banda de José Cid. Eis “Os Mitos”, com Tozé Brito!