INTRÓITO por João Carlos Callixto
22 Mai 1970 - "Verdes Trigais"
O “Gramofone” desta semana, último antes da pausa para férias, traz um quarteto vocal que teve uma carreira de quase uma década entre o final dos anos 60 e os 70. Formado em 1969 por quatro membros do Orfeão Académico de Lisboa, estão aqui com a sua participação no Festival RTP da Canção do ano seguinte: “Verdes Trigais”. Os membros do grupo eram então Ana Maria Pires, Isabel Pires, Luís Pedro Faro e Nuno Gomes dos Santos, sendo da autoria deste último a grande maioria das canções que gravaram em disco.
Logo em 1969, participam por duas vezes no programa televisivo “Zip-Zip”. A 7 de Julho, cantaram reportório gospel americano, e a 10 de Novembro regressaram com canções tradicionais portuguesas harmonizadas por Fernando Lopes-Graça. Em disco, no entanto, é com o americano “Steady” que se estreiam, num álbum colectivo que no final desse ano de 1969 apresenta ao público a nova editora discográfica baptizada com o nome do programa da RTP.
No Festival da Canção de 1970, o Intróito surge então com estes “Verdes Trigais”, que ficam em 3.º lugar – nesse ano, o vencedor seria Sérgio Borges, com “Onde Vais Rio Que Eu Canto”, logo seguido de Hugo Maia de Loureiro com a “Canção de Madrugar”. A canção defendida pelo Intróito tinha letra do poeta Fernando Vieira e música de Fernando Potier, uma dupla que participara já nos Festivais de 1968 e 1969, cabendo o arranjo a Thilo Krasmann. No ano seguinte, o grupo participa de novo e desta vez com um original - “Palavras Abertas”, com letra de José Carlos Ary dos Santos (que seria também o letrista da canção vencedora desse ano de 1971, “Menina do Alto da Serra”) e música do próprio Nuno Gomes dos Santos. Em disco, o lado B trazia uma outra canção do músico cuja letra mostrava bem em que lado da barricada se situava o grupo: “há-de nascer uma rosa / dos espinhos do meu povo”.
Antes de 1974, o Intróito publicaria ainda dois discos. Em 1971, sai o último trabalho do grupo na Zip-Zip, o EP “Andorra”, com canções do australiano Ron Grainer (autor do tema da série "Doctor Who" e que então residia em Portugal). No ano seguinte, o grupo está já na Guilda da Música, também gerida pela Sassetti, e aí publica em 1972 o single “Meninos da Rua”, com arranjos de Pedro Osório. Pelas mesmas alturas, o Intróito desloca-se a Espanha e aí participa em ensaios ao lado dos espanhóis Nuestro Pequeño Mundo, que também andavam pelas ondas da música folk.
Os dois primeiros discos do grupo após o 25 de Abril trazem uma pequena alteração na formação – Filipe Gomes dos Santos entra para o lugar de Luís Pedro Faro, que segue carreira como director coral – e mudança de editora. O Intróito assina agora com a Valentim de Carvalho e aí saem dois singles entre 1974 e 1975, com “Recado”, “Manuel”, “Cantiga do Trabalho, do Pão, do Dinheiro e do Patrão” e “Antes Quebrar Que Torcer” – sempre com direcção musical de Jorge Palma, que na mesma altura publicava o seu álbum de estreia, “Com uma Viagem na Palma da Mão”. Depois de algumas participações em festivais de música internacionais, o fim do percurso para o Intróito dá-se em 1977, ano também do seu último disco: "Marcha do Povo Unido". Com a escrita de canções para outras vozes a decorrer em simultâneo, Nuno Gomes dos Santos continua a apostar nessa área (Paco Bandeira, Helena Isabel, Paulo de Carvalho, Samuel ou Simone gravam canções suas) e edita em 1989 o seu único disco em nome próprio, de novo um single, com “Primavera” e “Quem Me Dera”.
Logo em 1969, participam por duas vezes no programa televisivo “Zip-Zip”. A 7 de Julho, cantaram reportório gospel americano, e a 10 de Novembro regressaram com canções tradicionais portuguesas harmonizadas por Fernando Lopes-Graça. Em disco, no entanto, é com o americano “Steady” que se estreiam, num álbum colectivo que no final desse ano de 1969 apresenta ao público a nova editora discográfica baptizada com o nome do programa da RTP.
No Festival da Canção de 1970, o Intróito surge então com estes “Verdes Trigais”, que ficam em 3.º lugar – nesse ano, o vencedor seria Sérgio Borges, com “Onde Vais Rio Que Eu Canto”, logo seguido de Hugo Maia de Loureiro com a “Canção de Madrugar”. A canção defendida pelo Intróito tinha letra do poeta Fernando Vieira e música de Fernando Potier, uma dupla que participara já nos Festivais de 1968 e 1969, cabendo o arranjo a Thilo Krasmann. No ano seguinte, o grupo participa de novo e desta vez com um original - “Palavras Abertas”, com letra de José Carlos Ary dos Santos (que seria também o letrista da canção vencedora desse ano de 1971, “Menina do Alto da Serra”) e música do próprio Nuno Gomes dos Santos. Em disco, o lado B trazia uma outra canção do músico cuja letra mostrava bem em que lado da barricada se situava o grupo: “há-de nascer uma rosa / dos espinhos do meu povo”.
Antes de 1974, o Intróito publicaria ainda dois discos. Em 1971, sai o último trabalho do grupo na Zip-Zip, o EP “Andorra”, com canções do australiano Ron Grainer (autor do tema da série "Doctor Who" e que então residia em Portugal). No ano seguinte, o grupo está já na Guilda da Música, também gerida pela Sassetti, e aí publica em 1972 o single “Meninos da Rua”, com arranjos de Pedro Osório. Pelas mesmas alturas, o Intróito desloca-se a Espanha e aí participa em ensaios ao lado dos espanhóis Nuestro Pequeño Mundo, que também andavam pelas ondas da música folk.
Os dois primeiros discos do grupo após o 25 de Abril trazem uma pequena alteração na formação – Filipe Gomes dos Santos entra para o lugar de Luís Pedro Faro, que segue carreira como director coral – e mudança de editora. O Intróito assina agora com a Valentim de Carvalho e aí saem dois singles entre 1974 e 1975, com “Recado”, “Manuel”, “Cantiga do Trabalho, do Pão, do Dinheiro e do Patrão” e “Antes Quebrar Que Torcer” – sempre com direcção musical de Jorge Palma, que na mesma altura publicava o seu álbum de estreia, “Com uma Viagem na Palma da Mão”. Depois de algumas participações em festivais de música internacionais, o fim do percurso para o Intróito dá-se em 1977, ano também do seu último disco: "Marcha do Povo Unido". Com a escrita de canções para outras vozes a decorrer em simultâneo, Nuno Gomes dos Santos continua a apostar nessa área (Paco Bandeira, Helena Isabel, Paulo de Carvalho, Samuel ou Simone gravam canções suas) e edita em 1989 o seu único disco em nome próprio, de novo um single, com “Primavera” e “Quem Me Dera”.