FRANCISCO JOSÉ por João Carlos Callixto
13 Mai 1963 - "Bom dia"
Hoje em dia parece inimaginável pensar que um artista português possa ser um nome maior no cenário musical do Brasil, tal é a diversidade da oferta e a dimensão do mercado do país irmão. Mas, ao longo de toda a década de 1960 e ainda inícios da seguinte, o cantor romântico Francisco José (1924-1988) alcançou essa posição e tornou-se numa voz de sucesso em disco, na rádio e na televisão brasileiras. O seu percurso de grande popularidade junto do público começara no entanto deste lado do Atlântico, ainda no final da década de 1940. Entra então no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional, uma autêntica “escola de vedetas”, e com os alvores dos anos 50 começa também o seu percurso discográfico.
Pelas mãos do empresário Manuel Simões, fundador dos históricos selos discográficos Ibéria e Estoril e responsável pela prensagem dos primeiros discos de vinil em Portugal (em 1954), são então publicados trabalhos atrás de trabalhos ao longo de toda a primeira metade da década de 50. “Ana Paula”, “Quatro Palavras”, “Como É Bom Gostar de Alguém” ou “Estrela da Minha Vida” são algumas das canções dessa época e que desde logo se tornam sucessos, marcando todo a carreira de Francisco José. Mas “Olhos Castanhos”, publicado em 1951 também em disco de 78 rotações, seria sempre o seu ex-libris e é ainda hoje a sua canção que o grande público mais recorda. A letra e música são de Alves Coelho Filho, um maestro e compositor que teve também o seu percurso bastante ligado à carreira de Francisco José. É aliás com uma formação instrumental por si dirigida que o cantor aqui surge nestas imagens do programa “Convite para Ouvir”, captado pela RTP em 1963.
Estabelecido então no Brasil já há uns anos, o sucesso aí tinha chegado logo no início da década com uma nova gravação de “Olhos Castanhos”. E foi êxito em toda a linha, tal como aconteceria com o LP de que a canção fazia parte, “A Figura de Francisco José - Sucessos de Portugal”, que contou com a direcção musical do maestro Carlos Monteiro de Souza – outro nome com quem o nosso cantor iria colaborar amiúde nos anos seguintes. Para mostrar a sua polivalência, a editora Philips (para quem grava então em exclusividade) publica um EP com “Um Programa Diferente”, constituído pelo clássico mexicano “Noche de Ronda”, outras duas canções em castelhano e ainda o samba “Menina Moça”. Sucedem-se então a um ritmo frenético os álbuns “Francisco José e as Músicas Que Ninguém Esquece”, “Sucessos de Portugal Nº 2” e “Sucessos de Portugal Nº 3”, ora juntando canções portuguesas e brasileiras ora focando apenas o reportório nacional. O quinto álbum, “O Coração Que Canta” (1962), teve a particularidade de ser editado com um single acoplado onde se encontram as versões mono e estereofónica de “Olhos Castanhos” – uma inteligente manobra de marketing editorial, que assim tentava impor o novo formato de disco de 7” em detrimento do disco de 78 rotações, que o Brasil abandonava tardiamente.
“Francisco José e os Sucessos de Ouro da Música Romântica Brasileira”, editado em 1963, sela definitivamente a consagração de Francisco José – para além de ser o sexto álbum em pouco mais de três anos, era pela primeira vez inteiramente composto por canções de autores brasileiros. Tom Jobim, Dolores Duran ou Vinicius de Moraes destacavam-se, com “A Noite do Meu Bem”, “Eu Não Existo Sem Você” ou “Eu Sei Que Vou Te Amar”, entre outras. “Bom Dia”, a canção que hoje aqui trazemos, faz parte do alinhamento do álbum seguinte, “A Volta do Fabuloso Francisco José”, e tem letra de Nuno Fradique (que era também o realizador do programa da RTP de onde vêm estas imagens) e música de Alves Coelho Filho. Também em 1964, o cantor foi o protagonista de um episódio histórico: ao actuar em directo na RTP, aborda o assunto da enorme diferença de cachets entre os artistas nacionais e os estrangeiros que vinham cantar à nossa televisão. Esta tomada de posição, entendida como política pelo regime, dá azo ao fim dos programas em directo, com o Festival da Canção e o Natal dos Hospitais como as excepções de monta até 1974. Francisco José continuaria a sua carreira no Brasil, gravando em 1967 um soneto de Luís de Camões com música sua, até que no início da nova década volta a focar-se no mercado português. "Guitarra Toca Baixinho" (versão de “Chitarra Suona Piu Piano”, de Nicola Di Bari), chegou em single em 1973, e foi um novo grande êxito na sua voz, trazendo no lado B uma versão para “Pedra Filosofal” (de António Gedeão e Manuel Freire). Novos álbuns, inclusivamente um focado no fado, chegariam já depois de 1974, terminando o percurso musical de Francisco José em 1981 com o single “As Crianças Não Querem a Guerra”, de sua autoria.
Pelas mãos do empresário Manuel Simões, fundador dos históricos selos discográficos Ibéria e Estoril e responsável pela prensagem dos primeiros discos de vinil em Portugal (em 1954), são então publicados trabalhos atrás de trabalhos ao longo de toda a primeira metade da década de 50. “Ana Paula”, “Quatro Palavras”, “Como É Bom Gostar de Alguém” ou “Estrela da Minha Vida” são algumas das canções dessa época e que desde logo se tornam sucessos, marcando todo a carreira de Francisco José. Mas “Olhos Castanhos”, publicado em 1951 também em disco de 78 rotações, seria sempre o seu ex-libris e é ainda hoje a sua canção que o grande público mais recorda. A letra e música são de Alves Coelho Filho, um maestro e compositor que teve também o seu percurso bastante ligado à carreira de Francisco José. É aliás com uma formação instrumental por si dirigida que o cantor aqui surge nestas imagens do programa “Convite para Ouvir”, captado pela RTP em 1963.
Estabelecido então no Brasil já há uns anos, o sucesso aí tinha chegado logo no início da década com uma nova gravação de “Olhos Castanhos”. E foi êxito em toda a linha, tal como aconteceria com o LP de que a canção fazia parte, “A Figura de Francisco José - Sucessos de Portugal”, que contou com a direcção musical do maestro Carlos Monteiro de Souza – outro nome com quem o nosso cantor iria colaborar amiúde nos anos seguintes. Para mostrar a sua polivalência, a editora Philips (para quem grava então em exclusividade) publica um EP com “Um Programa Diferente”, constituído pelo clássico mexicano “Noche de Ronda”, outras duas canções em castelhano e ainda o samba “Menina Moça”. Sucedem-se então a um ritmo frenético os álbuns “Francisco José e as Músicas Que Ninguém Esquece”, “Sucessos de Portugal Nº 2” e “Sucessos de Portugal Nº 3”, ora juntando canções portuguesas e brasileiras ora focando apenas o reportório nacional. O quinto álbum, “O Coração Que Canta” (1962), teve a particularidade de ser editado com um single acoplado onde se encontram as versões mono e estereofónica de “Olhos Castanhos” – uma inteligente manobra de marketing editorial, que assim tentava impor o novo formato de disco de 7” em detrimento do disco de 78 rotações, que o Brasil abandonava tardiamente.
“Francisco José e os Sucessos de Ouro da Música Romântica Brasileira”, editado em 1963, sela definitivamente a consagração de Francisco José – para além de ser o sexto álbum em pouco mais de três anos, era pela primeira vez inteiramente composto por canções de autores brasileiros. Tom Jobim, Dolores Duran ou Vinicius de Moraes destacavam-se, com “A Noite do Meu Bem”, “Eu Não Existo Sem Você” ou “Eu Sei Que Vou Te Amar”, entre outras. “Bom Dia”, a canção que hoje aqui trazemos, faz parte do alinhamento do álbum seguinte, “A Volta do Fabuloso Francisco José”, e tem letra de Nuno Fradique (que era também o realizador do programa da RTP de onde vêm estas imagens) e música de Alves Coelho Filho. Também em 1964, o cantor foi o protagonista de um episódio histórico: ao actuar em directo na RTP, aborda o assunto da enorme diferença de cachets entre os artistas nacionais e os estrangeiros que vinham cantar à nossa televisão. Esta tomada de posição, entendida como política pelo regime, dá azo ao fim dos programas em directo, com o Festival da Canção e o Natal dos Hospitais como as excepções de monta até 1974. Francisco José continuaria a sua carreira no Brasil, gravando em 1967 um soneto de Luís de Camões com música sua, até que no início da nova década volta a focar-se no mercado português. "Guitarra Toca Baixinho" (versão de “Chitarra Suona Piu Piano”, de Nicola Di Bari), chegou em single em 1973, e foi um novo grande êxito na sua voz, trazendo no lado B uma versão para “Pedra Filosofal” (de António Gedeão e Manuel Freire). Novos álbuns, inclusivamente um focado no fado, chegariam já depois de 1974, terminando o percurso musical de Francisco José em 1981 com o single “As Crianças Não Querem a Guerra”, de sua autoria.