FILARMÓNICA FRAUDE por João Carlos Callixto
9 Jun 1970 - "Na Ilha Virgem"
Pode parecer incrível, mas foi preciso esperar pelos últimos meses de 1969 para que a discografia do pop rock em terras lusitanas chegasse ao formato álbum. Sim, tinha havido umas colectâneas do Conjunto Académico João Paulo uns anos antes, mas só com os Pop Five Music Incorporated e a Filarmónica Fraude é que de facto se chega ao álbum de estúdio. E, no caso destes últimos, hoje em foco aqui no “Gramofone”, o mérito é também o de apresentarem um álbum de originais – e conceptual, centrado numa visão crítica da História de Portugal, com óbvias ligações ao momento que então se vivia, em plena Guerra de África.
A Filarmónica Fraude tinha surgido pouco antes, em 1968, e logo nesse Verão chama a atenção do jornalista e escritor Fernando Assis Pacheco, que lhes dedica um enorme artigo no Diário de Lisboa. Após uma disputa editorial entre a Valentim de Carvalho e a Philips, esta última leva a melhor e é lá que o grupo publica toda a sua obra.
António Avelar de Pinho, mais tarde um dos cérebros da Banda do Casaco, e António Luís Linhares de Sousa, hoje maestro e ensaísta, dividiam a composição: as letras ácidas cabiam ao primeiro e a música inspirada nas tradições mas subvertendo-as quase sempre eram o campo do segundo. Por outro lado, e depois dos passos pioneiros do Quarteto 1111, assistíamos também aqui ao melhor dos casamentos entre estas referências e as ousadias do pop rock de então, por vezes próximas do que se convencionou chamar de folk rock.
Canções como “Animais de Estimação” ou o arranjo para “O Menino” ficaram nos ouvidos de todos e são ainda hoje recordadas, merecendo destaque as versões da Ala dos Namorados da primeira e da Quinta do Bill da segunda. Ao lado de temas como “Flor de Laranjeira” ou “O Milhões”, faziam parte dos dois EPs do grupo, a que logo se seguiria o clássico álbum “Epopeia”, onde encontramos a nossa música de hoje.
Com capa de uma então muito jovem artista Lídia Martinez, e que desencadeou polémica pela assinatura “Lídia 69”, o LP contou com produção de João Martins e de Luiz Villas-Boas, aliada aos arranjos de Jorge Machado. A banda era então formada por João José Brito, António Antunes da Silva, José João Parracho e Júlio Patrocínio, para além dos dois compositores e ainda de convidados como Carlos Barata, Zé da Cadela ou Luís Moutinho. A criatividade era tanta que parecia prestes a explodir e o ano de 1970, apesar dos anúncios de novos trabalhos, trouxe infelizmente o fim do grupo.
Mas antes desse momento, a RTP produziu um videoclip para a Filarmónica Fraude, que foi transmitido no programa “Discorama” e que hoje nos traz aqui: paragem então “Na Ilha Virgem”, com letra de António Avelar de Pinho e música de Luís Linhares.
A Filarmónica Fraude tinha surgido pouco antes, em 1968, e logo nesse Verão chama a atenção do jornalista e escritor Fernando Assis Pacheco, que lhes dedica um enorme artigo no Diário de Lisboa. Após uma disputa editorial entre a Valentim de Carvalho e a Philips, esta última leva a melhor e é lá que o grupo publica toda a sua obra.
António Avelar de Pinho, mais tarde um dos cérebros da Banda do Casaco, e António Luís Linhares de Sousa, hoje maestro e ensaísta, dividiam a composição: as letras ácidas cabiam ao primeiro e a música inspirada nas tradições mas subvertendo-as quase sempre eram o campo do segundo. Por outro lado, e depois dos passos pioneiros do Quarteto 1111, assistíamos também aqui ao melhor dos casamentos entre estas referências e as ousadias do pop rock de então, por vezes próximas do que se convencionou chamar de folk rock.
Canções como “Animais de Estimação” ou o arranjo para “O Menino” ficaram nos ouvidos de todos e são ainda hoje recordadas, merecendo destaque as versões da Ala dos Namorados da primeira e da Quinta do Bill da segunda. Ao lado de temas como “Flor de Laranjeira” ou “O Milhões”, faziam parte dos dois EPs do grupo, a que logo se seguiria o clássico álbum “Epopeia”, onde encontramos a nossa música de hoje.
Com capa de uma então muito jovem artista Lídia Martinez, e que desencadeou polémica pela assinatura “Lídia 69”, o LP contou com produção de João Martins e de Luiz Villas-Boas, aliada aos arranjos de Jorge Machado. A banda era então formada por João José Brito, António Antunes da Silva, José João Parracho e Júlio Patrocínio, para além dos dois compositores e ainda de convidados como Carlos Barata, Zé da Cadela ou Luís Moutinho. A criatividade era tanta que parecia prestes a explodir e o ano de 1970, apesar dos anúncios de novos trabalhos, trouxe infelizmente o fim do grupo.
Mas antes desse momento, a RTP produziu um videoclip para a Filarmónica Fraude, que foi transmitido no programa “Discorama” e que hoje nos traz aqui: paragem então “Na Ilha Virgem”, com letra de António Avelar de Pinho e música de Luís Linhares.