FERNANDO MAURÍCIO por João Carlos Callixto

7 Set 1975 - "Despertar"

Um dos nomes maiores do fado, Fernando Maurício é tambem a grande referência de uma das vozes mais distintas de hoje, a de Ricardo Ribeiro. Com “Despertar”, momento captado pela RTP em 1975 e aqui trazido ao “Gramofone”, percebe-se parte das razões para tão grande e justa reverência.

Nascido na Mouraria, em plena Rua do Capelão, Fernando Maurício começa a cantar o fado ainda em criança. Discograficamente, estreia-se aos 26 anos, pela Rádio Triunfo, num EP onde é acompanhado por Jorge Fontes e por Paquito e que traz temas como “Saudades de Mim” ou “O Meu Fado”, este de Júlio Vieitas.

Muda logo de seguida para outra editora do Porto, a Ofir, passando nessa década de 60 ainda por mais três selos diferentes. A ideia feita de que Fernando Maurício terá deixado uma obra reduzida é, na realidade, pouco consistente: gravou cerca de 30 discos de originais, em todos os suportes da indústria ao longo de cerca de 40 anos.

Este “rei do fado”, a quem anos mais tarde o realizador Diogo Varela Silva dedicou um documentário biográfico, tem no tema “Igreja de Santo Estêvão” (cantado no fado Vitória, de Joaquim Campos, e com texto de Gabriel de Oliveira) um dos seus fados mais aclamados. Grava-o em 1976, um ano depois deste momento captado pela RTP para o programa “Pifelim”, de António Montez, Francisco Nicholson e Henrique Viana. Aqui, o fado é “Despertar”, com texto de Jorge Rosa e música de Alberto Janes, e que acaba por ficar inédito em disco até ao início da década de 90.