DUO OURO NEGRO por João Carlos Callixto
27 Março 1967 - Programa “TV Clube”, música “Katéria”
No “Gramofone” de hoje, trazemos uma música gravada pelo Duo Ouro Negro para uma emissão do programa da RTP “TV Clube” inteiramente dedicada ao grupo. Em destaque na canção “Katéria”, está o instrumento tradicional angolano kissange.
Nos anos 60 e 70, o Duo Ouro Negro era, ao lado de Amália Rodrigues, o grande cartaz musical de Portugal. O grupo tinha-se formado em finais dos anos 50, em Angola, por Raul Indipwo (Raul Peres Cruz) e por Milo MacMahon.
Numa altura em que a música de Angola tinha chegado ao conhecimento da então metrópole através da edição do único EP da cantora Garda, em 1959, o Duo Ouro Negro assina contrato com a mesma casa editora: a Valentim de Carvalho.
Logo em 1960 são publicados os primeiros três discos do grupo. Canções do folclore angolano, como “Muxima” ou “Kurikutela”, fazem parte desse lote inicial, e nelas o Duo Ouro Negro é acompanhado pelo músico brasileiro Sivuca - então de passagem por Portugal, onde gravou vários discos.
No terceiro disco, o reportório do Duo Ouro Negro é já outro, como uma versão da canção “Nostalgia”, que Maria de Lourdes Resende gravara alguns anos antes, ou a original “Serenata do Adeus”, ambas da autoria da dupla Jerónimo Bragança e Joaquim Luiz Gomes. Seria aliás este último compositor e maestro a dirigir essa gravação.
Entre 1961 e 1962, o Duo Ouro Negro transforma-se em trio com a inclusão de José Alves Monteiro, e nesse período são publicados mais cinco discos. Surge novamente o folclore angolano, mas a sua música deixa-se contaminar ainda mais pelos sons de todo o mundo.
No EP “Garota”, encontramos assim dois originais do grupo e há ainda versões para o tema turco “Uska Dara”, gravado pela americana Eartha Kitt em 1953, e para “Mãe Preta”, o original brasileiro que David Mourão-Ferreira tinha transformado em “Barco Negro”, para a voz de Amália Rodrigues, e de que o regime de então não gostara pela sua mensagem anti-racista.
Com um reportório vastíssimo, que incluiu versões de canções dos Beatles, de Charles Aznavour ou de Chico Buarque, o Duo Ouro Negro alcança inúmeros êxitos, como “Iliza”, “Maria Rita” ou “Amanhã”, este já nos anos 70.
Concorrem ao Festival RTP da Canção em 1967, em 1969 e em 1974, ficando em 2º lugar nas duas primeiras vezes, quando Eduardo Nascimento e Simone de Oliveira vencem o certame. Cruzando reportórios, gravam com formações como o Conjunto Mistério (com futuros membros do Quarteto 1111), o Thilo’s Combo (de Thilo Krasmann) ou o Objectivo.
A canção “Katéria” integra um EP de inícios de 1968 em que mais uma vez o grupo faz prova do seu eclectismo. Ao lado desse tema de Raul Indipwo inspirado no folclore angolano, surge uma nova versão de “Garota” e ainda “Carolina”, de Chico Buarque, e uma deliciosa leitura do standard nacional “Timpanas”, de Júlio Dantas e Frederico de Freitas.
Nos anos 60 e 70, o Duo Ouro Negro era, ao lado de Amália Rodrigues, o grande cartaz musical de Portugal. O grupo tinha-se formado em finais dos anos 50, em Angola, por Raul Indipwo (Raul Peres Cruz) e por Milo MacMahon.
Numa altura em que a música de Angola tinha chegado ao conhecimento da então metrópole através da edição do único EP da cantora Garda, em 1959, o Duo Ouro Negro assina contrato com a mesma casa editora: a Valentim de Carvalho.
Logo em 1960 são publicados os primeiros três discos do grupo. Canções do folclore angolano, como “Muxima” ou “Kurikutela”, fazem parte desse lote inicial, e nelas o Duo Ouro Negro é acompanhado pelo músico brasileiro Sivuca - então de passagem por Portugal, onde gravou vários discos.
No terceiro disco, o reportório do Duo Ouro Negro é já outro, como uma versão da canção “Nostalgia”, que Maria de Lourdes Resende gravara alguns anos antes, ou a original “Serenata do Adeus”, ambas da autoria da dupla Jerónimo Bragança e Joaquim Luiz Gomes. Seria aliás este último compositor e maestro a dirigir essa gravação.
Entre 1961 e 1962, o Duo Ouro Negro transforma-se em trio com a inclusão de José Alves Monteiro, e nesse período são publicados mais cinco discos. Surge novamente o folclore angolano, mas a sua música deixa-se contaminar ainda mais pelos sons de todo o mundo.
No EP “Garota”, encontramos assim dois originais do grupo e há ainda versões para o tema turco “Uska Dara”, gravado pela americana Eartha Kitt em 1953, e para “Mãe Preta”, o original brasileiro que David Mourão-Ferreira tinha transformado em “Barco Negro”, para a voz de Amália Rodrigues, e de que o regime de então não gostara pela sua mensagem anti-racista.
Com um reportório vastíssimo, que incluiu versões de canções dos Beatles, de Charles Aznavour ou de Chico Buarque, o Duo Ouro Negro alcança inúmeros êxitos, como “Iliza”, “Maria Rita” ou “Amanhã”, este já nos anos 70.
Concorrem ao Festival RTP da Canção em 1967, em 1969 e em 1974, ficando em 2º lugar nas duas primeiras vezes, quando Eduardo Nascimento e Simone de Oliveira vencem o certame. Cruzando reportórios, gravam com formações como o Conjunto Mistério (com futuros membros do Quarteto 1111), o Thilo’s Combo (de Thilo Krasmann) ou o Objectivo.
A canção “Katéria” integra um EP de inícios de 1968 em que mais uma vez o grupo faz prova do seu eclectismo. Ao lado desse tema de Raul Indipwo inspirado no folclore angolano, surge uma nova versão de “Garota” e ainda “Carolina”, de Chico Buarque, e uma deliciosa leitura do standard nacional “Timpanas”, de Júlio Dantas e Frederico de Freitas.