DAVID BOWIE por João Carlos Callixto
1990 - Estádio de Alvalade, "Heroes"
O desaparecimento físico de David Bowie, no dia 10 de Janeiro de 2016, apanhou todo o mundo de surpresa. Uma das maiores estrelas da constelação pop, soube construir como muito poucos uma carreira de mais de 50 anos sempre liderando e inspirando modas. Se não fosse por mais nenhuma razão, já essa seria mais do que suficiente para justificar este primeiro “Gramofone” a focar a música feita fora de Portugal.
Mas, neste caso, até estamos a falar de música feita dentro de portas. Baralhados? É fácil. O camaleão da pop apresentou-se por duas vezes ao vivo no nosso país e o momento que aqui trazemos hoje é da primeira dessas visitas.
Estávamos a 14 de Setembro de 1990, e o Estádio de Alvalade reuniu cerca de 20.000 pessoas para testemunharem ao vivo esta data da digressão Sound + Vision, que antes passara por Madrid. Na primeira parte, estavam previstos os portugueses Sétima Legião, que acabaram por cancelar a actuação, cabendo essa honra a um grupo de dançarinos de origem timorense, de nome Timor Dancers.
O concerto de Bowie abriu com o clássico de 1969 "Space Oddity", o primeiro sucesso da sua carreira, editado dias antes da chegada do Homem à Lua. Outras canções da noite foram “Life on Mars”, “Ziggy Stardust”, “Changes”, “Fame” ou “Jean Genie”. Na recta final, chegou este “Heroes” que aqui trazemos hoje. A canção faz parte de um trio de álbuns escritos em Berlim no final da década de 70, e que ainda hoje permanece como um dos períodos mais fecundos na carreira de Bowie.
Pouco tempo antes, entre 1974 e 1976, tinham surgido duas versões portuguesas de temas de David Bowie. O grupo infantil A Comandita foi o primeiro, com uma versão de “The Laughing Gnome”, rebaptizada de “O Anão Brincalhão”. O autor da versão portuguesa foi José Guimarães, letrista de sucessos de então como “ A Moda da Amora Negra” ou “De Rosa ao Peito”, que Mariza trouxe ao presente.
Em 1976, um grupo da zona centro do país, o conjunto Movimento, publicava no selo Orfeu, de Arnaldo Trindade – de resto, a mesma editora da Comandita – um EP com quatro versões de canções estrangeiras. Uma delas é “Lamento dos Que Ficam”, título português para “Rock’n’Roll Suicide”, um tema de Bowie da fase Ziggy Stardust.
Vinte anos depois, a 23 de Junho de 1996, David Bowie daria o segundo e último concerto em Portugal, no Festival Super Bock Super Rock, em Alcântara. Nessa noite em que as portas tiveram que ser abertas mesmo a quem não tinha bilhete, fui um dos presentes. Com credencial de jornalista, pedida pela revista “Subcave”, da Faculdade de Letras, tentei ainda saber da possibilidade de trocar umas palavras com o Thin White Duke, ao que me foi dito que teria apenas que esperar pela queda da estrutura do palco... E lá se foi a minha oportunidade de conhecer Bowie! Na Alemanha, o muro de Berlim caíra menos de sete anos antes. “We can beat them, for ever and ever”.
Mas, neste caso, até estamos a falar de música feita dentro de portas. Baralhados? É fácil. O camaleão da pop apresentou-se por duas vezes ao vivo no nosso país e o momento que aqui trazemos hoje é da primeira dessas visitas.
Estávamos a 14 de Setembro de 1990, e o Estádio de Alvalade reuniu cerca de 20.000 pessoas para testemunharem ao vivo esta data da digressão Sound + Vision, que antes passara por Madrid. Na primeira parte, estavam previstos os portugueses Sétima Legião, que acabaram por cancelar a actuação, cabendo essa honra a um grupo de dançarinos de origem timorense, de nome Timor Dancers.
O concerto de Bowie abriu com o clássico de 1969 "Space Oddity", o primeiro sucesso da sua carreira, editado dias antes da chegada do Homem à Lua. Outras canções da noite foram “Life on Mars”, “Ziggy Stardust”, “Changes”, “Fame” ou “Jean Genie”. Na recta final, chegou este “Heroes” que aqui trazemos hoje. A canção faz parte de um trio de álbuns escritos em Berlim no final da década de 70, e que ainda hoje permanece como um dos períodos mais fecundos na carreira de Bowie.
Pouco tempo antes, entre 1974 e 1976, tinham surgido duas versões portuguesas de temas de David Bowie. O grupo infantil A Comandita foi o primeiro, com uma versão de “The Laughing Gnome”, rebaptizada de “O Anão Brincalhão”. O autor da versão portuguesa foi José Guimarães, letrista de sucessos de então como “ A Moda da Amora Negra” ou “De Rosa ao Peito”, que Mariza trouxe ao presente.
Em 1976, um grupo da zona centro do país, o conjunto Movimento, publicava no selo Orfeu, de Arnaldo Trindade – de resto, a mesma editora da Comandita – um EP com quatro versões de canções estrangeiras. Uma delas é “Lamento dos Que Ficam”, título português para “Rock’n’Roll Suicide”, um tema de Bowie da fase Ziggy Stardust.
Vinte anos depois, a 23 de Junho de 1996, David Bowie daria o segundo e último concerto em Portugal, no Festival Super Bock Super Rock, em Alcântara. Nessa noite em que as portas tiveram que ser abertas mesmo a quem não tinha bilhete, fui um dos presentes. Com credencial de jornalista, pedida pela revista “Subcave”, da Faculdade de Letras, tentei ainda saber da possibilidade de trocar umas palavras com o Thin White Duke, ao que me foi dito que teria apenas que esperar pela queda da estrutura do palco... E lá se foi a minha oportunidade de conhecer Bowie! Na Alemanha, o muro de Berlim caíra menos de sete anos antes. “We can beat them, for ever and ever”.