DA VINCI por João Carlos Callixto
23 Jan 1983 - "Hiroxima (Meu Amor)"
Quando os sintetizadores se começaram a vulgarizar, na década de 1970, a música popular e a erudita foram sofrendo as necessárias transformações também por essa via. As explorações sonoras que o instrumento proporcionava adequavam-se a vários géneros, sendo que um acompanhamento que antes era assegurado por um conjunto inteiro passou muitas vezes a ser praticamente substituído por estes novos instrumentos de teclas que traziam sons que para alguns eram quase “de outro mundo”.
O “Gramofone” viaja assim hoje à primeira metade da década de 1980, quando a música pop parecia por vezes vir precisamente de outros mundos e usava e abusava dos sintetizadores - chegando aliás a cunhar-se a expressão “synth-pop” para esse “sub-género”. O grupo em foco aqui é os Da Vinci, fundados em 1982 pelo casal Pedro Luís e pela cantora Iei-Or. Se esta última era um nome novo no cenário musical português, o primeiro tinha já um longo historial atrás de si. Tinha integrado grupos como a Música Atlântida ou O Circo da Vida, que não chegam a gravar, mas logo a partir de 1978 integra os Tantra, em cujos dois últimos discos participa. Na viragem para a nova década de 80, participa na reunião dos Sheiks e em discos de Frodo e de José Mário Branco. Estamos agora em 1982 e, ao lado do baterista João Heitor, os recém-fundados Da Vinci assinam contrato discográfico com a PolyGram e publicam o disco de estreia: um single com “Fantasmas” e “Lisboa Ano 10 000”.
Com produção de Pedro Luís e de João Heitor, o segundo disco do grupo foi precisamente o single que trazia este “Hiroxima (Meu Amor)”, com “1001 Noites” no lado B. Servindo como cartão de apresentação do álbum “Caminhando”, a estreia nesse formato seria editada pouco antes do Verão de 1983, trazendo a canção letra de António Avelar de Pinho. O produtor e antigo membro da Banda do Casaco assinaria aliás outros dos três textos desse primeiro álbum dos Da Vinci, que contava também com uma composição co-assinada pelo cantor soul Jon Lucien – que, depois de um percurso de sucesso na década de 70, passou então temporadas em Portugal e no Brasil, chegando anos mais tarde a colaborar com Eugénia Melo e Castro. Como instrumentista convidado, marcava ainda presença no álbum o baixo de Filipe Larsen.
O percurso dos Da Vinci desenrolou-se depois em formato single, com “Xau Xau de Xangai”, “Anjo Azul”, “Vídeo” e “Prince of Xanadu” a surgirem em anos seguidos entre 1983 e 1986, passando então pelo grupo o teclista Fernando António (ex-Beatnicks). O segundo álbum, “A Jóia no Lótus”, é publicado em 1988 e marca a passagem dos Da Vinci da PolyGram para a Discossete. Será nessa editora fundada pela antiga cantora Helena Cardinali que o grupo edita no ano seguinte o single e o álbum “Conquistador”. Esta seria precisamente a canção (escrita ao lado de Ricardo Landum, ex-TNT e então membro dos Da Vinci) com que vencem o Festival RTP da Canção de 1989, apresentando-se na Eurovisão na Suíça, onde se classificam em 16.º lugar.
Depois de novos álbuns na década de 90, com regressos pontuais à PolyGram e à Discossete (agora chamada CD7), os dois elementos basilares dos Da Vinci foram-se dedicando a outras artes: Pedro Luís à composição musical de veia erudita, com peças para piano, para ensemble ou para orquestra, e Iei Or à escrita de livros, com “O Conto da Orbe” a ser publicado em 2017 com o pseudónimo M. Jesus Victor.
O “Gramofone” viaja assim hoje à primeira metade da década de 1980, quando a música pop parecia por vezes vir precisamente de outros mundos e usava e abusava dos sintetizadores - chegando aliás a cunhar-se a expressão “synth-pop” para esse “sub-género”. O grupo em foco aqui é os Da Vinci, fundados em 1982 pelo casal Pedro Luís e pela cantora Iei-Or. Se esta última era um nome novo no cenário musical português, o primeiro tinha já um longo historial atrás de si. Tinha integrado grupos como a Música Atlântida ou O Circo da Vida, que não chegam a gravar, mas logo a partir de 1978 integra os Tantra, em cujos dois últimos discos participa. Na viragem para a nova década de 80, participa na reunião dos Sheiks e em discos de Frodo e de José Mário Branco. Estamos agora em 1982 e, ao lado do baterista João Heitor, os recém-fundados Da Vinci assinam contrato discográfico com a PolyGram e publicam o disco de estreia: um single com “Fantasmas” e “Lisboa Ano 10 000”.
Com produção de Pedro Luís e de João Heitor, o segundo disco do grupo foi precisamente o single que trazia este “Hiroxima (Meu Amor)”, com “1001 Noites” no lado B. Servindo como cartão de apresentação do álbum “Caminhando”, a estreia nesse formato seria editada pouco antes do Verão de 1983, trazendo a canção letra de António Avelar de Pinho. O produtor e antigo membro da Banda do Casaco assinaria aliás outros dos três textos desse primeiro álbum dos Da Vinci, que contava também com uma composição co-assinada pelo cantor soul Jon Lucien – que, depois de um percurso de sucesso na década de 70, passou então temporadas em Portugal e no Brasil, chegando anos mais tarde a colaborar com Eugénia Melo e Castro. Como instrumentista convidado, marcava ainda presença no álbum o baixo de Filipe Larsen.
O percurso dos Da Vinci desenrolou-se depois em formato single, com “Xau Xau de Xangai”, “Anjo Azul”, “Vídeo” e “Prince of Xanadu” a surgirem em anos seguidos entre 1983 e 1986, passando então pelo grupo o teclista Fernando António (ex-Beatnicks). O segundo álbum, “A Jóia no Lótus”, é publicado em 1988 e marca a passagem dos Da Vinci da PolyGram para a Discossete. Será nessa editora fundada pela antiga cantora Helena Cardinali que o grupo edita no ano seguinte o single e o álbum “Conquistador”. Esta seria precisamente a canção (escrita ao lado de Ricardo Landum, ex-TNT e então membro dos Da Vinci) com que vencem o Festival RTP da Canção de 1989, apresentando-se na Eurovisão na Suíça, onde se classificam em 16.º lugar.
Depois de novos álbuns na década de 90, com regressos pontuais à PolyGram e à Discossete (agora chamada CD7), os dois elementos basilares dos Da Vinci foram-se dedicando a outras artes: Pedro Luís à composição musical de veia erudita, com peças para piano, para ensemble ou para orquestra, e Iei Or à escrita de livros, com “O Conto da Orbe” a ser publicado em 2017 com o pseudónimo M. Jesus Victor.