CONJUNTO ANTÓNIO MAFRA por João Carlos Callixto
13 Fev 1965 - "Sete e Pico"
Hoje, o “Gramofone” viaja cinquenta e dois anos no tempo e aterra em meados da conturbada década de 60. O Conjunto António Mafra, um dos mais populares conjuntos típicos portugueses de sempre, tinha também um certo elemento surrealizante na sua música, muito por culpa dos textos, da autoria do próprio António Mafra, desaparecido já em 1977. Ele bem nos dizia que eram “Sete e Pico”. Ou oito e coisa. Ou nove e tal.
O universo dos conjuntos típicos teve o seu período áureo entre os finais dos anos 50 e o início dos anos 70. Curiosamente, três das mais emblemáticas e duradouras formações deste âmbito musical viram os seus maiores sucessos editados em disco pelo selo Orfeu, de Arnaldo Trindade: o Conjunto António Mafra, o Conjunto Maria Albertina e o Conjunto Pai e Filhos. No caso do nosso conjunto de hoje, a carreira começa em meados da década de 50, ainda com António Mafra e o guitarrista Jorge Fontes, que depois seguiria o seu próprio percurso como um dos mais requisitados no âmbito do fado.
Em 1958, os elementos do conjunto formado por António Mafra participam na peça “Morgado de Fafe Amoroso”, uma encenação de António Pedro com o Teatro Experimental do Porto baseada em textos de Camilo Castelo Branco. Fernando Aroso, fotógrafo que trabalhava com o grupo teatral, seria o autor da quase totalidades das capas de discos do Conjunto de António Mafra.
E quem eram os seus elementos? António Mafra, o irmão José Mafra, Liberto Marques, Manuel Barros, Mário João e Venâncio Castro, a quem se junta Nunes Pinto. Depois da estreia em disco, pela Alvorada, para onde gravam o sucesso “Arrebita, Arrebita, Arrebita”, mudam-se ainda nesse ano de 1960 para a Orfeu. O sucesso foi de facto meteórico, com grupos como os Los Deltas, de Espanha, ou cantores, como António Claro, a gravarem o seu reportório.
Baseando-se nas tradições populares, tanto ao nível dos arranjos musicais como dos textos das canções, picarescos e sempre jocosos mas nunca grosseiros, o grupo criou de certa forma uma escola, deixando marcas em várias gerações. “A Centopeia”, “Sopas de Vinho”, “Ora Vejam Lá”, “Abre a Pipa Beatriz” ou “O Carteiro” são alguns dos imensos sucessos que foram deixando. Na segunda metade da década de 60, chegaram mesmo a criar o seu selo editorial, Mafras, onde davam também voz a outros talentos congéneres.
A morte de António Mafra em 1977 obrigou a uma pausa na carreira do grupo, que se reúne nos anos 80 e não volta a parar até 2012. Pelo caminho, tinham ficado alguns dos elementos, como Mário João, em 2006. Dez anos depois, a morte levaria também Manuel Barros, o carismático vocalista do Conjunto, e que surge em destaque neste Gramofone de hoje. Ainda assistiu, no entanto, à versão que Sebastião Antunes e a Quadrilha fizeram do tema, no álbum “Proibido Adivinhar”, de 2015. E já em 2007, o grupo Vozes da Rádio tinha dedicado um disco inteiro ao reportório do grupo, tocando aliás com os próprios elementos. Onze anos antes, os Sitiados reinterpretaram “Menina Yé Yé”, um original de 1968 de António Mafra. E Sérgio Godinho, em 1986, tinha gravado a sua versão de “O Carteiro”. Mas hoje, é mesmo o próprio grupo a brilhar.
Ora vejam (e oiçam) lá!
O universo dos conjuntos típicos teve o seu período áureo entre os finais dos anos 50 e o início dos anos 70. Curiosamente, três das mais emblemáticas e duradouras formações deste âmbito musical viram os seus maiores sucessos editados em disco pelo selo Orfeu, de Arnaldo Trindade: o Conjunto António Mafra, o Conjunto Maria Albertina e o Conjunto Pai e Filhos. No caso do nosso conjunto de hoje, a carreira começa em meados da década de 50, ainda com António Mafra e o guitarrista Jorge Fontes, que depois seguiria o seu próprio percurso como um dos mais requisitados no âmbito do fado.
Em 1958, os elementos do conjunto formado por António Mafra participam na peça “Morgado de Fafe Amoroso”, uma encenação de António Pedro com o Teatro Experimental do Porto baseada em textos de Camilo Castelo Branco. Fernando Aroso, fotógrafo que trabalhava com o grupo teatral, seria o autor da quase totalidades das capas de discos do Conjunto de António Mafra.
E quem eram os seus elementos? António Mafra, o irmão José Mafra, Liberto Marques, Manuel Barros, Mário João e Venâncio Castro, a quem se junta Nunes Pinto. Depois da estreia em disco, pela Alvorada, para onde gravam o sucesso “Arrebita, Arrebita, Arrebita”, mudam-se ainda nesse ano de 1960 para a Orfeu. O sucesso foi de facto meteórico, com grupos como os Los Deltas, de Espanha, ou cantores, como António Claro, a gravarem o seu reportório.
Baseando-se nas tradições populares, tanto ao nível dos arranjos musicais como dos textos das canções, picarescos e sempre jocosos mas nunca grosseiros, o grupo criou de certa forma uma escola, deixando marcas em várias gerações. “A Centopeia”, “Sopas de Vinho”, “Ora Vejam Lá”, “Abre a Pipa Beatriz” ou “O Carteiro” são alguns dos imensos sucessos que foram deixando. Na segunda metade da década de 60, chegaram mesmo a criar o seu selo editorial, Mafras, onde davam também voz a outros talentos congéneres.
A morte de António Mafra em 1977 obrigou a uma pausa na carreira do grupo, que se reúne nos anos 80 e não volta a parar até 2012. Pelo caminho, tinham ficado alguns dos elementos, como Mário João, em 2006. Dez anos depois, a morte levaria também Manuel Barros, o carismático vocalista do Conjunto, e que surge em destaque neste Gramofone de hoje. Ainda assistiu, no entanto, à versão que Sebastião Antunes e a Quadrilha fizeram do tema, no álbum “Proibido Adivinhar”, de 2015. E já em 2007, o grupo Vozes da Rádio tinha dedicado um disco inteiro ao reportório do grupo, tocando aliás com os próprios elementos. Onze anos antes, os Sitiados reinterpretaram “Menina Yé Yé”, um original de 1968 de António Mafra. E Sérgio Godinho, em 1986, tinha gravado a sua versão de “O Carteiro”. Mas hoje, é mesmo o próprio grupo a brilhar.
Ora vejam (e oiçam) lá!