CONJ. TONI HERNANDEZ por João Carlos Callixto
27 Out 1961 - "You Do Something to Me"
Na viragem dos anos 50 para 60, o Conjunto de Toni Hernandez, do Porto, foi um dos grupos que se destacou. Ao nível da edição discográfica, foram aliás dos conjuntos que mais gravaram, apesar de a sua versão de “You Do Something to Me”, incluída num medley de temas de Cole Porter, ter ficado inédita nesse formato. Bem-vindos ao ano de 1961 aqui no “Gramofone” de hoje e a um programa especial dedicado ao compositor americano Cole Porter, que cumpria então 70 anos de vida – morreria três anos mais tarde.
Ao lado de músicos estrangeiros, participavam neste programa a pianista Beatriz de Sousa Santos (que chegou ainda a gravar um EP para a Alvorada) e a orquestra do trompetista José Magalhães (que, com o seu conjunto, deixou também um disco registado, para além de em 1958 ter sido convidado a tocar no Festival de Jazz de Newport, nos EUA). “You Do Something to Me”, com que o Conjunto Toni Hernandez inicia este medley, fez originalmente parte do musical "Fifty Million Frenchmen", de 1929. Este programa da RTP foi gravado nos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, e surge a meio da actuação o realizador Nuno Fradique, precisamente a contextualizar a intervenção.
O Conjunto de Toni Hernandez era da cidade do Porto e tinha surgido em 1958. Gravou seis discos, entre 1960 e 1961, todos eles também para o selo Alvorada, da Rádio Triunfo, e conheceu várias formações. Os membros mais estáveis foram os irmãos Almeida Garrett (João, na guitarra, e António, no vibrafone e voz - era ele o Toni titular do conjunto), que artisticamente usavam o apelido Hernandez, também de família; e também António Ramalho de Almeida, na voz e contrabaixo, e Luís Barbosa, no acordeão. Numa fase inicial, o piano estava a cargo de Pascoal e a bateria de Armando Pinto, a que rapidamente sucederiam os primos Carlos e Rui Aires. Para o lugar de Carlos Aires viria depois a entrar Joaquim Simões da Hora, que nos anos 70 a 90 se notabilizaria como instrumentista e produtor na área da Música Antiga. Pela guitarra, passou ainda Rogério de Azevedo, que pertencera a outro conjunto pioneiro do Porto, o de Pedro Osório.
Musicalmente, o Conjunto de Toni Hernandez incluiu nos seus discos reportório de diversas prove-niências e algum dele oriundo do nascente movimento rock – como “A Fool Such As I”, “Early One Morning” e “Baby Rock”, temas popularizados respectivamente por Elvis Presley, Little Richard e pelo italiano Renato Carosone. Apesar de nunca terem gravado material original, as versões que apresentavam tinham um cunho próprio, o que explicará também a invulgarmente longa discografia do conjunto – sempre registada nos referidos Estúdios da RTP do Monte da Virgem, pelo técnico Licínio de Oliveira. O fim do grupo chegou em 1963, com a mobilização dos seus elementos para a Guerra de África, permanecendo o seu legado como um pedaço da História da nossa Música – e, muito particularmente, da da cidade do Porto – ainda por redescobrir.
Ao lado de músicos estrangeiros, participavam neste programa a pianista Beatriz de Sousa Santos (que chegou ainda a gravar um EP para a Alvorada) e a orquestra do trompetista José Magalhães (que, com o seu conjunto, deixou também um disco registado, para além de em 1958 ter sido convidado a tocar no Festival de Jazz de Newport, nos EUA). “You Do Something to Me”, com que o Conjunto Toni Hernandez inicia este medley, fez originalmente parte do musical "Fifty Million Frenchmen", de 1929. Este programa da RTP foi gravado nos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, e surge a meio da actuação o realizador Nuno Fradique, precisamente a contextualizar a intervenção.
O Conjunto de Toni Hernandez era da cidade do Porto e tinha surgido em 1958. Gravou seis discos, entre 1960 e 1961, todos eles também para o selo Alvorada, da Rádio Triunfo, e conheceu várias formações. Os membros mais estáveis foram os irmãos Almeida Garrett (João, na guitarra, e António, no vibrafone e voz - era ele o Toni titular do conjunto), que artisticamente usavam o apelido Hernandez, também de família; e também António Ramalho de Almeida, na voz e contrabaixo, e Luís Barbosa, no acordeão. Numa fase inicial, o piano estava a cargo de Pascoal e a bateria de Armando Pinto, a que rapidamente sucederiam os primos Carlos e Rui Aires. Para o lugar de Carlos Aires viria depois a entrar Joaquim Simões da Hora, que nos anos 70 a 90 se notabilizaria como instrumentista e produtor na área da Música Antiga. Pela guitarra, passou ainda Rogério de Azevedo, que pertencera a outro conjunto pioneiro do Porto, o de Pedro Osório.
Musicalmente, o Conjunto de Toni Hernandez incluiu nos seus discos reportório de diversas prove-niências e algum dele oriundo do nascente movimento rock – como “A Fool Such As I”, “Early One Morning” e “Baby Rock”, temas popularizados respectivamente por Elvis Presley, Little Richard e pelo italiano Renato Carosone. Apesar de nunca terem gravado material original, as versões que apresentavam tinham um cunho próprio, o que explicará também a invulgarmente longa discografia do conjunto – sempre registada nos referidos Estúdios da RTP do Monte da Virgem, pelo técnico Licínio de Oliveira. O fim do grupo chegou em 1963, com a mobilização dos seus elementos para a Guerra de África, permanecendo o seu legado como um pedaço da História da nossa Música – e, muito particularmente, da da cidade do Porto – ainda por redescobrir.