CARLOS BASTOS, DUO OURO NEGRO E MALUDA por João Carlos Callixto

2 Jan 1984 - "Fado do 31"

Em 1984, um ano antes da morte de Milo MacMahon e da consequente dissolução do Duo Ouro Negro, grupo que o músico mantinha com Raul Indipwo desde finais da década de 50, ambos surgem num programa especial da RTP, “A Vez e a Voz”. Neste “Gramofone” vamos então revisitar uma das músicas nele interpretadas, o “Fado do 31”, ao lado do cantor Carlos Bastos e da pintora Maluda.

Com letra de Pereira Coelho e música de Alves Coelho Pai, esta canção tem na realidade mais de um século de história: foi a “lendária” fadista Maria Victória que a cantou no palco do Teatro Avenida, corria o ano de 1913. Depois disso, muitas têm sido as vozes a dar-lhe nova alma.

Carlos Bastos, com uma carreira entre a balada, o rock e o fado, começou a cantar na década de 60. Já no início da seguinte, grava “Hey Jude”, dos Beatles, em jeito de fado, com acompanhamento do conjunto de guitarras de António Chainho. Nos anos 90, revisita essa versão e outras - como “Satisfaction”, dos Rolling Stones – no disco “All That Fado”, com produção de Luís Pedro Fonseca.

O Duo Ouro Negro tinha nesta altura cerca de 25 anos de percurso, com um sucesso grande dentro e fora de Portugal. “Aos Nossos Amigos”, o seu último álbum de estúdio, seria aliás publicado em 1984 e a morte de Milo no ano seguinte, com apenas 46 anos, traria a continuação do percurso a solo de Raul Indipwo, que viria a falecer em 2006.

Neste programa da RTP gravado ao vivo no Cinema Europa temos ainda uma presença mais surpreendente para muitos: a da pintora Maluda. Originária de Goa e conhecida do grande público pelos seus quadros representando janelas, chegou a cantar folclore da sua Índia natal.