CÂNDIDA BRANCA-FLOR por João Carlos Callixto
8 Set 1986 - "Ó Meu Fradinho Capucho!"
Depois de já ter passado pelo “Gramofone” ao lado de José Medeiros, num pouco conhecido dueto de finais dos anos 70 com este músico açoriano, Cândida Branca-Flor volta agora aqui a solo – mas, na realidade, vem de novo muito bem acompanhada. O ano é 1986 e o programa onde a malograda cantora surge é o “Estúdio C”. Para cantar consigo são chamados sucessivamente António Sala, Carlos Paião e José Cid, sendo este último o autor da música e ainda o produtor da canção aquando da sua edição original em single, em 1984. A banda que acompanha Cândida no programa era também constituída pelos músicos que então acompanhavam Cid.
Cândida Branca-Flor tinha começado a sua carreira pública em 1976, como elemento da Banda do Casaco. Com este grupo seminal da nossa música popular grava o álbum “Coisas do Arco da Velha”, indo buscar o apelido artístico a uma das canções que aí canta: “Romance de Branca-Flor”. No mesmo ano de 1976, estreia-se a solo com um single com versões de sucessos do teatro e do cinema português: “Canção da Roupa Branca” e “A Agulha e o Dedal”. Cândida Branca-Flor é também uma das vozes a passar pelo programa “Fungagá da Bicharada”, onde interpreta vários originais de António Avelar de Pinho e Nuno Rodrigues (a dupla de autores por trás da Banda do Casaco).
Em 1977, “Canção da Roupa Branca” seria também o título do primeiro álbum a solo de Cândida. Seguem-se logo de seguida dois singles, “Esses Dias ao Teu Lado” e “Um, Dois, Três (Agora ou Nunca)”, em que os respectivos lados A tinham a assinatura de Tozé Brito. Nos arranjos, o primeiro destes discos contou com Mike Sergeant e o segundo com Armindo Neves. “Dias de Verão”, em 1978, marca o primeiro momento em que a cantora grava uma versão de uma canção estrangeira, ficando o lado B para um outro original da dupla Tozé Brito e Mike Sergeant, “Já É Tarde”. O ano seguinte veria a edição de outro single nos mesmos moldes, desta vez com uma versão feita por Tozé Brito para o clássico “Que Sera Sera” (popularizado por Doris Day em 1956 no filme “O Homem Que Sabia Demais”, de Alfred Hitchcock) e com o original “Tele-novela” (uma inédita incursão na escrita por parte da cantora, ao lado mais uma vez de Tozé Brito).
A nova década de 1980 começa com uma mudança discográfica: abandonada a PolyGram, Cândida Branca-Flor assina primeiro com a Vadeca (onde regista dois singles ainda em 1980) e logo depois com a editora Nova. É para esta última que em 1982 grava “Trocas-Baldrocas”, a canção da autoria de Carlos Paião com que se classifica em 2.º lugar no Festival RTP desse ano – ganho pelo “Bem Bom”, das Doce. No final de 1982, passa pela editora Rádio Triunfo, de novo com duas canções de Paião (“Gira-Discos” e “A Nossa Serenata”), sendo precisamente ao lado de Paião que a voltamos a encontrar no Festival da Canção de 1983. “Vinho do Porto (Vinho de Portugal)”, com que a dupla se classifica em 4.º lugar (o vencedor seria Armando Gama com “Esta Balada Que Te Dou”), é um retrato geográfico-musical do nosso país e ainda hoje encanta as novas gerações que dela se abeiram.
Instalada em Portugal em 1983, a editora CBS alicia alguns valores da nossa canção para assinarem contrato discográfico e Cândida Branca-Flor é um desses nomes. Na editora regista ainda nesse ano o single “Cristo-Rei” (com “Domingos de Sol” no lado B, ambas as canções com autoria do seu autor-fetiche Carlos Paião) e, já em 1984, “Ó Meu Fradinho Capucho!”, a canção celebrada neste “Gramofone”. Tal como no lado B, “Quando Eu Era Miúda”, a música era então de José Cid, cabendo a letra da primeira à poetisa ribatejana Maria Manuel Cid e a da segunda a António José (dono, desde o final da década de 1950, de uma das obras mais vastas entre nós neste campo). De novo na PolyGram, Cândida Branca-Flor grava em 1985 e em 1987 dois álbuns que seriam sucessos de vendas: “Cantigas da Minha Escola” e “Cantigas da Nossa Terra”, ambos produzidos por Carlos Paião, e que pretendiam celebrar dois legados que acabam muitas vezes por se cruzar.
Apesar de se manter no activo sempre ao longo da década de 1990, a morte prematura de Paião em 1988 acabou por privar Cândida de um rumo mais consistente para a sua carreira. Os discos que foi gravando alcançavam ainda uma franja importante de público, mas a popularidade foi diminuindo à medida que o século XX terminava. Em 2001, seria a própria cantora a pôr fim à sua vida, numa história trágica que acabou por inspirar a peça de teatro de André Murraças “Cândida – Uma História Portuguesa”, levada à cena no Teatro Aberto em 2011.
Cândida Branca-Flor tinha começado a sua carreira pública em 1976, como elemento da Banda do Casaco. Com este grupo seminal da nossa música popular grava o álbum “Coisas do Arco da Velha”, indo buscar o apelido artístico a uma das canções que aí canta: “Romance de Branca-Flor”. No mesmo ano de 1976, estreia-se a solo com um single com versões de sucessos do teatro e do cinema português: “Canção da Roupa Branca” e “A Agulha e o Dedal”. Cândida Branca-Flor é também uma das vozes a passar pelo programa “Fungagá da Bicharada”, onde interpreta vários originais de António Avelar de Pinho e Nuno Rodrigues (a dupla de autores por trás da Banda do Casaco).
Em 1977, “Canção da Roupa Branca” seria também o título do primeiro álbum a solo de Cândida. Seguem-se logo de seguida dois singles, “Esses Dias ao Teu Lado” e “Um, Dois, Três (Agora ou Nunca)”, em que os respectivos lados A tinham a assinatura de Tozé Brito. Nos arranjos, o primeiro destes discos contou com Mike Sergeant e o segundo com Armindo Neves. “Dias de Verão”, em 1978, marca o primeiro momento em que a cantora grava uma versão de uma canção estrangeira, ficando o lado B para um outro original da dupla Tozé Brito e Mike Sergeant, “Já É Tarde”. O ano seguinte veria a edição de outro single nos mesmos moldes, desta vez com uma versão feita por Tozé Brito para o clássico “Que Sera Sera” (popularizado por Doris Day em 1956 no filme “O Homem Que Sabia Demais”, de Alfred Hitchcock) e com o original “Tele-novela” (uma inédita incursão na escrita por parte da cantora, ao lado mais uma vez de Tozé Brito).
A nova década de 1980 começa com uma mudança discográfica: abandonada a PolyGram, Cândida Branca-Flor assina primeiro com a Vadeca (onde regista dois singles ainda em 1980) e logo depois com a editora Nova. É para esta última que em 1982 grava “Trocas-Baldrocas”, a canção da autoria de Carlos Paião com que se classifica em 2.º lugar no Festival RTP desse ano – ganho pelo “Bem Bom”, das Doce. No final de 1982, passa pela editora Rádio Triunfo, de novo com duas canções de Paião (“Gira-Discos” e “A Nossa Serenata”), sendo precisamente ao lado de Paião que a voltamos a encontrar no Festival da Canção de 1983. “Vinho do Porto (Vinho de Portugal)”, com que a dupla se classifica em 4.º lugar (o vencedor seria Armando Gama com “Esta Balada Que Te Dou”), é um retrato geográfico-musical do nosso país e ainda hoje encanta as novas gerações que dela se abeiram.
Instalada em Portugal em 1983, a editora CBS alicia alguns valores da nossa canção para assinarem contrato discográfico e Cândida Branca-Flor é um desses nomes. Na editora regista ainda nesse ano o single “Cristo-Rei” (com “Domingos de Sol” no lado B, ambas as canções com autoria do seu autor-fetiche Carlos Paião) e, já em 1984, “Ó Meu Fradinho Capucho!”, a canção celebrada neste “Gramofone”. Tal como no lado B, “Quando Eu Era Miúda”, a música era então de José Cid, cabendo a letra da primeira à poetisa ribatejana Maria Manuel Cid e a da segunda a António José (dono, desde o final da década de 1950, de uma das obras mais vastas entre nós neste campo). De novo na PolyGram, Cândida Branca-Flor grava em 1985 e em 1987 dois álbuns que seriam sucessos de vendas: “Cantigas da Minha Escola” e “Cantigas da Nossa Terra”, ambos produzidos por Carlos Paião, e que pretendiam celebrar dois legados que acabam muitas vezes por se cruzar.
Apesar de se manter no activo sempre ao longo da década de 1990, a morte prematura de Paião em 1988 acabou por privar Cândida de um rumo mais consistente para a sua carreira. Os discos que foi gravando alcançavam ainda uma franja importante de público, mas a popularidade foi diminuindo à medida que o século XX terminava. Em 2001, seria a própria cantora a pôr fim à sua vida, numa história trágica que acabou por inspirar a peça de teatro de André Murraças “Cândida – Uma História Portuguesa”, levada à cena no Teatro Aberto em 2011.