CAMANÉ por João Carlos Callixto
13 Jun 1987 - "É só por causa dela"
Quando pensamos na carreira musical de Camané normalmente recuamos vinte e cinco anos no tempo e chegamos ao seu primeiro CD, “Uma Noite de Fados”, gravado ao vivo, com produção de José Mário Branco, e que marca a estreia na sua editora de sempre – a EMI-Valentim de Carvalho, actualmente Warner Music Portugal. Mas o percurso deste que é unanimemente reconhecido como a mais marcante voz masculina das novas gerações do fado começou bem mais lá atrás, quando Camané era ainda uma criança e dava os seus primeiros passos sérios no fado.
O fadista conta várias vezes como uma permanência forçada em casa, por causa de uma doença, o levou a conhecer mais exaustivamente a discoteca pessoal dos pais. Sendo a maioria do material discos de fado, a paixão que primeiro estranhou rapidamente se entranhou e o pequeno Carlos Manuel passou a cantar aquilo que ouvia nesses registos. Com 12 anos apenas, em 1979, vence a Grande Noite do Fado, na mesma altura em que são publicados os seus primeiros discos.
O primeiro disco, um EP, tem por título “Vou-me Apresentar” e trazia dois guitarristas que haveriam de acompanhar Camané em quase todos os registos desta primeira fase da sua carreira: o versátil António Chainho e o infelizmente já saudoso José Maria Nóbrega. Em edição de autor, com o cunho do fotógrafo Apollo, este disco junta fados de Joaquim Campos, de Raul Ferrão e de José António Sabrosa, em letras que assentavam ao jovem intérprete.
O ano de 1979 veria a edição de um EP pela Metro-Som e de dois singles pela Aquila, um selo da editora portuense Rádio Triunfo, neste caso com “Cantiga do Meu Tamanho” e “Eu Sou a Sombra Pequena” (este com letra de Vasco de Lima Couto) nos respectivos lados A. A António Chainho e José Maria Nóbrega juntavam-se Manuel Domingos e Pedro Nóbrega para completar o quarteto que então dificilmente poderia adivinhar a certeza futura do fado que então se começava a desenhar ao seu lado. Um dos nomes maiores do género, Ada de Castro, recorda também por vezes uma digressão internacional em que ambos participaram e na qual o público, seduzido por um intérprete tão jovem e com tanta garra, aplaudia atirando moedas e notas para o palco enquanto este cantava.
O fadista conta várias vezes como uma permanência forçada em casa, por causa de uma doença, o levou a conhecer mais exaustivamente a discoteca pessoal dos pais. Sendo a maioria do material discos de fado, a paixão que primeiro estranhou rapidamente se entranhou e o pequeno Carlos Manuel passou a cantar aquilo que ouvia nesses registos. Com 12 anos apenas, em 1979, vence a Grande Noite do Fado, na mesma altura em que são publicados os seus primeiros discos.
O primeiro disco, um EP, tem por título “Vou-me Apresentar” e trazia dois guitarristas que haveriam de acompanhar Camané em quase todos os registos desta primeira fase da sua carreira: o versátil António Chainho e o infelizmente já saudoso José Maria Nóbrega. Em edição de autor, com o cunho do fotógrafo Apollo, este disco junta fados de Joaquim Campos, de Raul Ferrão e de José António Sabrosa, em letras que assentavam ao jovem intérprete.
O ano de 1979 veria a edição de um EP pela Metro-Som e de dois singles pela Aquila, um selo da editora portuense Rádio Triunfo, neste caso com “Cantiga do Meu Tamanho” e “Eu Sou a Sombra Pequena” (este com letra de Vasco de Lima Couto) nos respectivos lados A. A António Chainho e José Maria Nóbrega juntavam-se Manuel Domingos e Pedro Nóbrega para completar o quarteto que então dificilmente poderia adivinhar a certeza futura do fado que então se começava a desenhar ao seu lado. Um dos nomes maiores do género, Ada de Castro, recorda também por vezes uma digressão internacional em que ambos participaram e na qual o público, seduzido por um intérprete tão jovem e com tanta garra, aplaudia atirando moedas e notas para o palco enquanto este cantava.
Em 1982, chegaria ao mercado o primeiro álbum de Camané - "A Alma Jovem do Fado" – e mais uma vez com produção de António Chainho. Aqui, juntavam-se fados escritos pelo guitarrista mas também por Carlos Macedo, Fernando Rebocho Lima (ambos igualmente fadistas) ou até por Pedro Osório. Seria preciso esperar mais seis anos pela edição do último disco de Camané nesta fase ainda pouco conhecida da sua carreira: “Ai Que Saudade”, um single que trazia no lado B “Teu Lindo Nome”, com letra de Rosa Lobato de Faria e música de Thilo Krasmann. Ao lado do malogrado guitarrista Alcino Frazão, que também o acompanha nesse disco, seria esta dupla de autores a responsável pela canção que ouvimos neste “Gramofone”: “É Só por Causa dela”. As imagens são do programa da RTP "Já Está", com apresentação do jornalista Joaquim Letria, e além de Frazão vemos o também já desaparecido Francisco Pérez Andión (conhecido no meio fadista como Paquito) a acompanhar Camané. O fado que aqui canta nunca chegaria a disco na sua voz, sendo Marco Rodrigues a registá-lo já em 2015, no álbum “Fados do Fado”. Esse seria o ano de “Infinito Presente”, o último de originais de Camané ao lado de José Mário Branco, numa colaboração de vinte anos exactos e que deu sem dúvida muitos novos fados ao fado.